ESGOpinião

A prática do ESG e sustentabilidade nos conselhos consultivos

6 mins de leitura

A evolução do ESG de uma possível moda para uma prática empresarial essencial reflete a crescente consciência sobre a importância de uma governança responsável e sustentável.

Nos últimos anos, o termo ESG (Environmental, Social, and Governance) foi amplamente discutido, com alguns críticos sugerindo que poderia ser uma moda passageira. No entanto, dados recentes do mercado indicam que ESG está longe de ser uma tendência temporária e tem se consolidado como um componente vital nas estratégias corporativas.

Apenas para relembrar e colocar todo mundo na mesma página, o conceito de ESG envolve três critérios principais:

  • Environmental (Ambiental): Refere-se às práticas empresariais que afetam o meio ambiente. Inclui a gestão de resíduos, a eficiência energética, as emissões de carbono e o uso sustentável dos recursos naturais. A Unilever, por exemplo, tem implementado práticas de agricultura sustentável, reduzindo o uso de água e promovendo a biodiversidade em suas cadeias de suprimentos agrícolas​​.

  • Social (Social): Envolve a relação da empresa com seus funcionários, fornecedores, clientes e a comunidade onde opera. Abrange questões como direitos trabalhistas, diversidade e inclusão, e impacto social das atividades empresariais. Um exemplo clássico é a Starbucks que promove programas de diversidade e inclusão, além de oferecer benefícios educacionais e apoio à saúde mental para seus funcionários​.

  • Governance (Governança): Diz respeito à forma como a empresa é gerida, incluindo a transparência, a ética nos negócios, a estrutura do conselho e a proteção dos direitos dos acionistas. A Johnson & Johnson tem uma forte estrutura de governança corporativa, com políticas rigorosas de transparência e responsabilidade, além de um código de conduta que guia o comportamento ético de todos os funcionários​​.

A integração de práticas ESG nas operações das empresas tem mostrado um crescimento contínuo. Por exemplo, a regulamentação ESG tem se tornado mais padronizada, e a demanda por divulgações consistentes e comparáveis está aumentando. Em 2023, a criação de padrões internacionais de sustentabilidade pelo International Sustainability Standards Board (ISSB) e a proposta de regras de divulgação climática pela SEC nos EUA são marcos que indicam a seriedade com que o tema está sendo tratado globalmente​​. Ou seja, quem acredita que este tema é apenas uma onda passageira, está muito enganado.

Capitalismo Consciente e ESG, qual a relação entre eles?

Se você ainda não sabe o que é o Capitalismo Consciente, sugiro correr atrás do tempo. O Capitalismo Consciente promove um modelo de negócios que vai além do lucro, focando em um propósito maior que beneficia todas as partes interessadas. O foco do Capitalismo Consciente é informar, conscientizar e educar a sociedade sobre práticas empresariais responsáveis e éticas. Pode ser considerado um passo anterior às práticas de ESG, sendo o que muitos chamam de ODS 0 que tem o foco na geração de pessoas e empresas conscientes, preparando o terreno para a adoção efetiva dos critérios ESG.

Os quatro princípios do Capitalismo Consciente são:

  1. Propósito Maior: Empresas conscientes têm um propósito que transcende o lucro, buscando gerar valor para todas as partes interessadas. A Patagonia, por exemplo, é conhecida por seu propósito de proteger o meio ambiente, doando 1% de suas vendas para causas ambientais e promovendo a sustentabilidade em todas as suas operações​.

  2. Integração de Stakeholders: Reconhece a interdependência de todos os stakeholders, desde acionistas até clientes, empregados, fornecedores e a comunidade, promovendo benefícios mútuos. Um bom exemplo é a Ben & Jerry’s que integra os interesses de seus empregados, comunidades e fornecedores em suas decisões empresariais, promovendo práticas comerciais justas e equitativas​.

  3. Liderança Consciente: Líderes conscientes são guiados por valores éticos e um compromisso com o propósito maior da empresa, inspirando confiança e engajamento. O clássico exemplo do CEO da Whole Foods, John Mackey, que é um defensor do Capitalismo Consciente, promovendo uma liderança que valoriza a transparência, a ética e o bem-estar de todos os stakeholders​)​.

  4. Cultura Consciente: Promove um ambiente corporativo transparente, ético e respeitoso, essencial para a implementação e sustentabilidade das práticas de ESG e do Capitalismo Consciente. A Zappos é conhecida por sua cultura corporativa que prioriza a felicidade e o bem-estar de seus funcionários, promovendo um ambiente de trabalho positivo e inclusivo.

Mas qual a relação do Capitalismo Consciente, ESG e as práticas dos conselhos consultivos? Muitas.

Papel dos Conselheiros Consultivos nas Práticas ESG e Capitalismo Consciente

Os conselheiros consultivos desempenham um papel crucial na integração das práticas de ESG e do Capitalismo Consciente. Eles trazem expertise externa e objetividade, ajudando a empresa a navegar pelos desafios e oportunidades relacionados à sustentabilidade e governança.

Papel dos Conselheiros Consultivos

Conselheiros consultivos auxiliam na formulação de estratégias que alinhem o propósito da empresa com práticas sustentáveis e éticas. Eles garantem que a empresa adote uma abordagem equilibrada, considerando o impacto em todas as partes interessadas.

Em uma empresa de tecnologia, por exemplo, um conselheiro pode ajudar a desenvolver políticas de uso responsável de dados, garantindo que a privacidade dos clientes seja respeitada e que as práticas da empresa estejam alinhadas com as regulamentações de proteção de dados​​.

Promoção do Capitalismo Consciente

Conselheiros consultivos podem promover a adoção dos princípios do Capitalismo Consciente, incentivando a empresa a operar com um propósito maior e a considerar o bem-estar de todas as partes interessadas. Eles oferecem orientação sobre como integrar esses princípios na cultura e na estratégia corporativa. Em uma empresa de moda, por exemplo, um conselheiro pode ajudar a implementar práticas de comércio justo, garantindo que todos os trabalhadores na cadeia de suprimentos recebam um salário digno e que os materiais utilizados sejam sustentáveis.

Transparência e Prestação de Contas

Um dos principais papéis dos conselheiros consultivos é garantir a transparência e a prestação de contas. Eles asseguram que a empresa comunique claramente suas práticas de ESG e seus impactos, fortalecendo a confiança dos investidores e das partes interessadas.

Em uma empresa de alimentos, um conselheiro pode implementar um sistema de relatórios que rastreie e divulgue as fontes dos ingredientes, certificando-se de que são sustentáveis e éticos, e relatando isso de maneira transparente aos consumidores e investidores)​.

Desenvolvimento de Liderança

Conselheiros consultivos também desempenham um papel vital no desenvolvimento de líderes conscientes dentro da empresa. Eles fornecem mentoria e orientação para assegurar que os líderes estejam preparados para promover e sustentar os valores de ESG e do Capitalismo Consciente.

Em uma startup de energia renovável, um conselheiro pode oferecer treinamentos regulares e sessões de mentoria para garantir que os líderes estejam atualizados com as melhores práticas de sustentabilidade e liderança ética​​.

Conclusão

A evolução do ESG de uma possível moda para uma prática empresarial essencial reflete a crescente consciência sobre a importância de uma governança responsável e sustentável. As empresas que adotam esses princípios não apenas contribuem para um futuro melhor, mas também se posicionam para um sucesso duradouro​.

Para líderes e conselheiros interessados em se filiar ao movimento do Capitalismo Consciente, o processo é simples:

  1. Acesse o site do Movimento Capitalismo Consciente Brasil.
  2. Explore os recursos disponíveis e leia sobre os princípios do movimento.
  3. Participe de eventos e webinars oferecidos pelo movimento para aprender mais.
  4. Inscreva-se como membro ou parceiro para acessar materiais exclusivos e conectar-se com outros líderes conscientes.

Seguir esses passos ajudará a integrar os princípios do Capitalismo Consciente e as práticas de ESG, promovendo uma cultura corporativa mais ética e sustentável.

Mel Oliveira é Publicitária, especialista em Marketing e Negócios Internacionais. Passou por universidades dos EUA, Inglaterra e Espanha e desenvolveu projetos de expansão de negócios para mercado brasileiro e latino hispano. Atualmente está como Gerente de Inovação na ACE Cortex, desenvolvendo projetos de inovação corporativa para empresas como Natura, Santander, Cimed, Unilever dentre outras. Foi Diretora Nordeste do Founder Institute, aceleradora de startups early stage com sede no Vale do Silício e sub-coordenadora da Câmara de Inovação e Tecnologia da Fecomércio. Além disso, é investidora anjo e mentora e desenvolve startups nas áreas de Acesso a Capital, Go-to-Market, Ideação e Validação de novos negócios. Também é Conselheira Corporativa e faz parte do Conselho Executivo da filial Nordeste do Capitalismo Consciente Brasil.