Impacta Nordeste

A Aliança e a regionalização da economia de impacto no Brasil: um olhar para o futuro global

Ao alavancar essa nova economia como uma força propulsora, o Brasil não apenas mobiliza capital e expertise para o impacto em todo o seu território, mas também se posiciona de forma proeminente no cenário internacional.

Conteúdo em parceria com o Megafone de Impacto

A Aliança, com mais de uma década de atuação, consolidou-se como uma organização fundamental no ecossistema de impacto, impulsionando a Economia de Impacto e mobilizando capital para essa agenda. Reconhecendo a vasta gama de oportunidades e ecossistemas presentes em todo o Brasil, a Aliança compreende a necessidade crucial de expandir a Economia de Impacto para além do eixo Rio-São Paulo. O país, com sua riqueza natural e social, oferece um caminho fértil para narrativas de oportunidade e desenvolvimento que vão muito além dos centros urbanos tradicionais.

Nesse contexto, a regionalização e o fortalecimento dos ecossistemas locais e regionais tornam-se imperativos. A Aliança assume a responsabilidade de atuar como plataforma, vitrine e holofote, levando e construindo o campo do impacto em todas as suas dimensões regionais. O Brasil, um país de dimensões continentais, tem o potencial de liderar soluções inovadoras para os desafios globais, integrando regeneração ambiental, inclusão social e novas economias sustentáveis. Para isso, é fundamental reforçar a posição estratégica do país e mobilizar investimentos que fortaleçam esse ecossistema em todo o território nacional.

O Brasil se destaca como um protagonista global na integração entre desenvolvimento social e regeneração ambiental. Sua matriz energética, que já possui 47,4% de fontes renováveis — muito acima da média mundial de 14,1% — reafirma seu potencial na transição energética justa e inclusiva. A matriz elétrica brasileira já é composta por 88,2% de fontes limpas, reforçando a liderança nacional no G20 em fontes de baixo carbono.

A transição ecológica tem potencial para gerar até US$ 430 bilhões no PIB até 2030, além de promover desenvolvimento regional, inclusão de comunidades tradicionais e geração de empregos verdes. A restauração de terras públicas, por exemplo, além de recuperar ecossistemas degradados, pode atrair bilhões em investimentos e criar oportunidades econômicas e sociais para milhões de brasileiros. Políticas públicas estruturantes, como a Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto), que busca multiplicar por dez os investimentos de impacto no país, promovendo uma articulação interfederativa que envolve estados e municípios, impulsionam a Economia de Impacto. Além disso, iniciativas como o Eco Invest Brasil, os Títulos Soberanos Sustentáveis, o Plano de Transformação Ecológica (ETP) e a Plataforma BIP, coordenada pelo BNDES, demonstram como o setor público tem atuado para atrair mais capital e impulsionar o impacto positivo.

Oportunidades Regionais para a Economia de Impacto

Região Norte: A vasta biodiversidade da Amazônia e os demais biomas presentes na Região Norte posicionam-na como um polo estratégico para o desenvolvimento da bioeconomia e soluções baseadas na natureza. A Bioeconomia pode gerar US$ 284 bilhões em receita anual, impulsionando desde a produção de biocombustíveis até o desenvolvimento de fármacos e produtos sustentáveis a partir da biodiversidade. Além disso, a restauração de terras públicas na região pode atrair bilhões em investimentos, recuperando ecossistemas degradados e criando oportunidades econômicas e sociais para as comunidades locais.

Região Nordeste: A Região Nordeste, com sua rica cultura e grande diversidade de biomas, apresenta um vasto potencial para o desenvolvimento de energias renováveis, especialmente a solar e eólica. A implementação de projetos de energias limpas e a valorização de cadeias produtivas locais, como o turismo sustentável e a agricultura familiar, podem impulsionar o desenvolvimento regional e a inclusão social, gerando empregos verdes e promovendo um crescimento econômico mais justo e inovador.

Região Centro-Oeste: O Centro-Oeste, berço do agronegócio brasileiro, tem um papel crucial na agenda de impacto através da agricultura regenerativa e práticas sustentáveis no setor agropecuário. Caso utilize plenamente suas áreas degradadas disponíveis, o Brasil poderia suprir 100% da demanda energética do setor de transporte com biocombustíveis, reduzindo emissões em mais de 55% e desbloqueando até US$ 200 bilhões em investimentos, consolidando sua posição como líder na transição para uma economia verde.

Região Sudeste: Reconhecida por sua infraestrutura e grande concentração de capital, a Região Sudeste é um motor para a inovação e os investimentos de impacto. O Brasil oferece um ecossistema dinâmico e interseccional, permitindo o desenvolvimento de soluções inovadoras em diferentes estágios de maturação. Segundo o BCG’s Brazil Climate Report 2024, o país pode atrair entre US$ 2,6 a 3 trilhões em investimentos até 2050, impulsionando setores como Agricultura Regenerativa, Soluções Baseadas na Natureza, Hidrogênio Verde, Biocombustíveis e Indústrias Verdes. Estudo recente demonstrou que o Brasil tem mais de R$ 1,5 trilhão em ativos financeiros para Finanças Sustentáveis, com a presença de mais de 35 organizações e instituições financeiras, que vão de Bancos públicos e de desenvolvimento, a bancos privados, gestoras e Family Offices, alocando esses recursos através de uma ampla variedade de instrumentos financeiros.

Região Sul: A Região Sul do Brasil é um dos destaques quando o assunto é sustentabilidade e também inovação. O estado do Paraná, por exemplo, é líder em reciclagem de latas de alumínio no país, com mais de 4,5 mil toneladas de embalagens recicladas, sendo a região a que mais separa resíduos para reciclagem, segundo a Associação Brasileira de Embalagem e Aço (Abeaço). De acordo com a ABSOLAR, a região também é uma das protagonistas no setor de energia solar, fonte renovável com baixo impacto ambiental, ocupando o Rio Grande do Sul o terceiro lugar no ranking nacional com capacidade de Geração Distribuída de 2.095,3 MW, seguido do Paraná, com 1.880,8 MW e Florianópolis em primeiro lugar no ranking municipal, com 573,1 MW de potência instalada. A Região Sul é ainda reconhecida nacionalmente como um polo de sustentabilidade e inovação, com políticas públicas, investimento privado e soluções tecnológicas alinhadas à agenda da economia verde.

Brasil como Catalisador Global

Em conclusão, a vasta gama de oportunidades que o Brasil oferece para a Economia de Impacto exige uma abordagem em âmbito nacional, e a Aliança se posiciona para ser uma prateleira de soluções e poder dar holofote para essas inúmeras possibilidades. A expertise e o reconhecimento da Aliança, somadas à sua participação em plataformas globais como o GSG Impact, amplificam a capacidade de atrair investimentos e parceiros internacionais.

Para que o Brasil se consolide como referência global de impacto, algumas mensagens-chave devem ser reforçadas, como o protagonismo do país na integração entre desenvolvimento social e regeneração ambiental. A transição ecológica tem potencial para gerar até US$ 430 bilhões no PIB até 2030, além de impulsionar o desenvolvimento regional, a inclusão de comunidades tradicionais e a geração de empregos verdes. A restauração de terras públicas, por exemplo, pode atrair bilhões em investimentos e criar oportunidades econômicas e sociais para milhões de brasileiros.

A liderança em inovação e investimentos de impacto é evidente, com o Brasil oferecendo um ecossistema dinâmico e interseccional para o desenvolvimento de soluções inovadoras. Segundo o BCG’s Brazil Climate Report 2024, o país pode atrair entre US$ 2,6 a 3 trilhões em investimentos até 2050, impulsionando setores como Agricultura Regenerativa, Soluções Baseadas na Natureza, Hidrogênio Verde, Biocombustíveis e Indústrias Verdes.

Ao alavancar essa nova economia como uma força propulsora, o Brasil não apenas mobiliza capital e expertise para o impacto em todo o seu território, mas também se posiciona de forma proeminente no cenário internacional, mostrando ao mundo as riquezas e as oportunidades de um país que se dedica a um crescimento econômico mais justo, inovador e com impacto positivo. A regionalização da Economia de Impacto, portanto, não é apenas uma estratégia necessária, mas um componente vital para consolidar o Brasil como um líder global na Economia de Impacto.


Ricardo Ramos, diretor-executivo da Aliança pelo Impacto. Foi cofundador e diretor da Gove, startup de impacto que aumenta a eficiência fiscal nas administrações públicas no Brasil. É engenheiro de produção pela UFSCar, possui MBA internacional pelo INSEAD (Cingapura e França) e mestrado em Liderança e Gestão Pública pelo CLP, com módulo internacional na Blavatnik School of Government (Universidade de Oxford/Inglaterra).

Vitoria Junqueira, head de mobilização e relações institucionais da Aliança pelo Impacto. Entusiasta do empreendedorismo e da possibilidade de capacitar as pessoas através do trabalho e da igualdade de oportunidades, acredita no potencial econômico das mulheres, na igualdade de gênero e raça no mercado de trabalho, e na construção de um setor público mais responsável e com melhores tecnologias para gestão. Formada em Administração de Empresas pela FEA-USP, com foco em marketing, gerenciamento de projetos e novos modelos de negócios. Especialista em Gestão de Políticas Públicas pelo Insper. 

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