Impacta Nordeste

Dandakayá: loja colaborativa valoriza a produção, cultura e estética negras

O espaço é uma loja colaborativa que reúne moda afro confeccionadas por artesãs e artesãos negros e um salão de estética negra. Essa matéria faz parte da série especial Da ponte pra cá – Conexão Periférica SP/Nordeste, que vai mostrar o potencial de inovação e resiliência de empreendedoras e empreendedores da periferia no Nordeste.

A loja afrocolaborativa Dandakayá Espaço Afro, que funciona no Shopping Center Lapa, em Salvador/BA, reúne peças da moda afro confeccionadas por artesãs e artesãos negros e um salão de estética negra. O espaço tem o nome inspirado nas divindades banto: Dandalunda e Kayala, que fazem parte do Candomblé, religião das três sócias da empresa.

A história da Dandakayá começa com as artesãs Mônica Conceição dos Santos e Jéssica Barreto, que é especialista em maquiagem para pele negra e trancista, produzindo algumas peças a partir do Projeto Axé com Arte da Koinonia que aconteceu no terreiro de candomblé em que foram iniciadas, o Terreiro Maiala. “Quando a produção cresceu um pouco, começamos a viabilizar formas de escoar as peças. Nos inscrevíamos em feiras e eventos diversos para expor e vender nossas mercadorias. Com o passar do tempo, fomos agregando mercadorias de outras pessoas, para oferecer opções ao cliente. E em 2018, ousadamente, abrimos um quiosque no Shopping Center Lapa, no centro de Salvador. Não tínhamos dinheiro, mas nossos amigos e família nos emprestaram a maior parte. A ideia era abrir um espaço para escoar mercadorias de artesãs e artesãos negros”, lembra Mônica dos Santos.

Em janeiro de 2020, as sócias decidiram ampliar e saíram do quiosque para uma loja maior, mais uma vez um movimento ousado, porque foi um investimento sem financiamento de uma instituição bancária e que contou, novamente, com o apoio de  familiares e amigos. Nesse período também a empresa ganhou mais uma sócia, a Jamile Barreto, que é irmã de Jéssica e também irmã de santo.

Uma empreendimento social

De acordo com Mônica, empreender foi motivado pela necessidade de ter renda, mas também com objetivo de viabilizar uma forma de escoar mercadorias de pessoas negras, que não têm locais físicos para vender o que produzem, e de valorizar e reafirmar a identidade negra. “Somos um empreendimento social e identitário. Mulheres negras com um espaço de cuidados para todas as pessoas, mas principalmente para as negras. Nós, como consumidoras de moda e estética, sempre nos deparamos com locais em que não nos enxergávamos. Aqui somos um local de resistência que reafirma nossa cultura e estética, com um salão que cuida dos cabelos e da pele afros sem modificar suas estruturas”. 

A artesã também enxerga a Dandakayá como um local que possibilita a autonomia financeira. “A comunidade negra é historicamente menos autônoma financeiramente e nós somos um projeto que além da afirmação da identidade negra, contribui para autonomia financeira, principalmente de mulheres negras”.

Para Mônica, no momento os maiores desafios são conseguir recursos financeiros para investir no empreendimento e também, a pandemia da Covid-19. Para o o futuro, elas vislumbram tornarem o espaço, um centro de capacitação profissional em estética afro para mulheres em situação de vulnerabilidade, como também ampliar a loja para que mais empreendedores negros escoem suas mercadorias, além de gerar empregos para mais mulheres negras.

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