Impacta Nordeste

Economia criativa e inovação, uma parceria de sucesso

A inovação sempre foi um aliado da economia criativa para criação de produtos e serviços, para ganhar novos mercados e na formação de públicos.

Eu lembro que no final da década de 90 e início dos anos 2000 eu escutava minhas bandas preferidas nas programações de rádio ou raramente nos CDs que eram bastantes caros.

Porém, descobri a Napster, e consequentemente a possibilidade do download gratuito de quaisquer músicas na rede. Além da gratuidade, eu poderia ouvir só a canção que me interessava e conseguia ouvi-las em casa, sem ter que ir em alguma loja física para compra-las. Modelo de negócio que passados os anos seria implementado por empresas como o Spotify.

Um exemplo nítido de como a economia criativa e a inovação podem ser trabalhadas em conjunto para obtenção de melhores resultados tanto para empresas criativas como para artistas.

Neste post, você vai entender melhor o conceito e os tipos de inovação, a sua relação com a economia criativa e case da banda musical Mamonas Assassinas.

Conceito de inovação

A inovação pode estar associada com novas atividades profissionais ou com as tecnologias, mas inovar não significa necessariamente criar algo novo. Pode ser transformações de processos, implementação de serviços já existente, mesmo que não esteja no mercado que a empresa atua ou na exploração e aperfeiçoamento de uma ideia já existente.

Partindo desse ponto, os cinemas criaram Salas VIP com poltronas confortáveis, espaçosas e com diversas opções no cardápio, para cativar e fidelizar o espectador.

“A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito das mesmas”.

Joe Tid e Jonh Bessant

Invenção X Inovação

Os termos de inovação e invenção tem ideias parecidas, no que tange sobre transformar algo. A diferença essencial é que na inovação temos uma proposta de modificar algo já criado com a intenção de aperfeiçoamento. Já a invenção é criar algo novo, nunca antes planejado e executado.

Por exemplo, a inovação dos irmãos Lumière foi uma invenção comprada de León Bouly, que criou o conceito do cinematógrafo, que era um conjunto de câmera e projetor.

Os Lumière não só melhoram o cinematógrafo, como também o filme de sensibilização rápida e uma câmera que, ao mesmo tempo, era projetor. Trazendo uma inovação nunca vista na época.

“Não há inovação sem invenção”

Milton Santos

Para entender melhor sobre invenção e inovação, deixo a dica do filme Piratas da Informática de Martyn Burke que conta a história a ascensão da Apple e da Microsoft.

Tipos de inovação

Há três tipos de inovação: incremental, radical e disruptiva. Eles variam de acordo o nicho, o mercado e os produtos, e serviços.

Um exemplo é a 5ª geração dos videogames que encerra a era dos consoles de 32 e 64 bits, e inaugura o uso das mídias de CDs nos jogos.

Incremental

São aquelas que introduzem aperfeiçoamentos em relação há algo existente. Nisto inclui desenvolvimentos, seja no produto ou serviço, na produção, sem promover uma transformação abrupta.

Um exemplo nítido é o acréscimo de sensores de movimentos nos consoles de videogame. Trata-se de uma espécie de câmera que assimila nossos movimentos e possibilita a reprodução dos mesmos em jogos como Just Dance.

Radical

São aquelas que incluem novas formas de organização, processos ou produtos e serviços.

Eu era muito fã das locadoras de vídeo com as suas fitas cassetes. Bastava o filme sair dos cinemas que eu já tentava alugar. Com a chegada do DVD, o VHS entrou em desuso.

Disruptiva

Ela assimila mais o mercado e de certa maneira, é uma ação escalável, que abrange muitas pessoas ao mesmo tempo.

Um exemplo de inovação disruptiva é os serviços de streaming existentes no mercado cinematográfico e fonográfico como a Netflix e a Spotfy. Discorro mais sobre eles no artigo sobre economia criativa e inteligência artificial.

Economia criativa e inovação

A Economia Criativa é transformadora da criatividade e da arte em projetos inovadores que impactam o mercado e que mudam a economia e a sociedade.

Cada avanço tecnológico ou mudança significativa na economia criativa tem o dedo da inovação. Elas são parceiras antigas. A história do cinema, dos vídeos-games e da música eletrônica ilustram bem essa junção de sucesso.

Parte significativa das inovações mais atuais está voltada para o mercado criativo. Tudo se transformou para dar mais alternativas ao consumidor e angariar novos horizontes para empresas, artistas e produtores.

Qualquer artista ou empresa do setor pode inovar. Não é necessário ter altos investimentos. O que precisa é vontade e planejamento para ter inovação.

Um dos grandes segredos para inovar é entender o seu público-alvo, a sua dor, e como você artista ou indústria criativa pode resolver-la.

As obras cinematográficas da produtora Filmes de Plástico trouxeram o debate racial com um outro olhar. Ela atingiu setores da sociedade que anseiam novas representações de negros e negras. Tal feito foi conquistado com um estilo de filmagem totalmente atípico em que os personagens eram interpretados em sua maioria por não-atores, inclusive familiares do diretor André Novais. Uma inovação no cinema brasileiro.

Outro ponto para inovar é a busca por diferentes caminhos e mercados. Nesta perspectiva é preciso que os atores do setor da economia criativa busquem aumentar o consumo, com novas abordagens para novos mercados.

O portal Fitdance com sua metodologia de ensino criou movimentos de baixa e alta complexidade, além de deixar as coreografias mais homogêneas. Assim inovando na abordagem e ganhando novos mercados com o seu canal no Youtube.

Case do Mamonas Assassinas

Mesmo após 26 anos da morte dos integrantes do Mamonas Assassinas o grupo continua vivo na memória afetiva daqueles que ouviram suas músicas naquela época.

Isso ocorre principalmente porque eles inovaram tornando-se umas das principais bandas brasileiras dos anos 90.

O humor e a irreverência eram sua marca registrada, deste modo, eles se diferenciavam de outras bandas e fazia algo que ninguém no Brasil praticava.

Naquela ocasião era extremamente ruim o mercado para Mamonas Assassinas. O mercado fonográfico estava em crise devido a transição do vinil para CDs e ninguém queria investir em novas bandas principalmente no estilo único da banda.

No entanto, a especificidade e irreverência, a composição com palavrões e letras, a falta de pudor nas apresentações ao vivo, bem como misturas de gêneros musicais foram determinantes para o sucesso do grupo.

O que o Mamonas Assassinas fez nenhuma banda conseguiu fazer, nem algo parecido, até os dias atuais. Os Mamonas Assassinas continuam absolutamente únicos porque inovaram.

Considerações finais

Se você é uma grande empresa ou grande artista, tem poder financeiro ou bastante conhecimento das tecnologias atuais, ótimo! Mas é importante frisar que para inovar na economia criativa não necessariamente precisa ter estes elementos e sim um olhar aguçado de como melhorar o seu produto ou serviço. A partir de pesquisas, planejamentos, ações e análises.

A inovação é importante para qualquer setor da economia, mas para indústrias criativas e artistas é imprescindível. Então vamos inovar?

“Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar”

Mario Sergio Cortella

Jônatas Akillah Pereira, 29 anos, é formado em Publicidade e Propaganda na Universidade Salvador (UNIFACS) desde 2015 e graduando em Bacharelado Interdisciplinar em Artes com enfase em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Tem experiências profissionais como social media, marketing político e na área de cinema como editor e produtor. É um apaixonado pela tecnologia, escrita e cinema. Um eterno aprendiz sempre disposto a absorver o que o mundo e as pessoas em sua volta estão dispostos a ensinar. Busca direcionar o seu conhecimento para a luta antirracista.

Jonatas é um dos jovens selecionados no programa Impulsio.ne e faz parte da Rede de Jovens Lideranças de Impacto do Nordeste.

Sair da versão mobile