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Iniciativas buscam a integração dos refugiados na sociedade

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No último dia 20 de junho foi celebrado o Dia Mundial do Refugiado. A data é dedicada à conscientização sobre a situação dos refugiados em todo o mundo. O Brasil é o terceiro país que mais recebe refugiados na América do Sul. Conheça iniciativas e organizações que promovem ações para integra-los na sociedade.

Foto: Imigrantes cruzando a fronteira Brasil/Venezuela (Ricardo Moraes, Reuters)

Fugir de conflitos, guerras, crises econômicas ou sociais e perseguições na sua terra natal, deixando sua origem e na sua grande maioria ficando distante de família e amigos é a realidade de muitos refugiados. Em busca de melhores condições de vida em outro país, os refugiados convivem com a xenofobia e com a dificuldade de adaptação, seja por causa do idioma ou por questões culturais. 

Uma declaração do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), agência vinculada à ONU, informa que há pelo menos 82,4 milhões de pessoas ao redor do mundo que foram forçadas a deixar suas casas. Entre elas, estão cerca de 26,4 milhões de refugiados, e quase metade desse número tem menos de 18 anos.

A ACNUR define o termo refugiados como: “Pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados”.

O refugiado precisou fugir do seu país de origem por uma questão de sobrevivência. Foi forçado a deixar sua casa para poder viver.  O alto número de refugiados no mundo hoje mostra que ainda existe muita intolerância por parte de líderes mundiais que deveriam promover a paz e, infelizmente, ainda pregam o ódio e a perseguição entre o seu povo. 

A crise de refugiados que atinge o mundo é gerada por conflitos que se estendem ao longo dos anos, como é o caso da Síria, Afeganistão, África e alguns países do Oriente Médio. Na América do Sul, a crise migratória foi marcada pelo êxodo venezuelano, causado por uma grave crise econômica e política que provocou um grande deslocamento de cidadãos venezuelanos para os países sul-americanos. 

O Brasil também é destino para milhares de refugiados. Apesar do esforço para acolhe-los e integrá-los na sociedade, o aumento no fluxo migratório aumentou os casos de xenofobia no país. Também há uma legislação que contribui para que eles tenham acesso a serviços considerados universais como saúde, educação e programas sociais, mas nem todos são beneficiados na prática pela legislação.

Segundo informações divulgadas pelo Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), apenas em 2019, o Brasil reconheceu um total de 21.515 refugiados de diversas nacionalidades. Entre 2011 e 2019, a nacionalidade venezuelana é a que possui o maior número de pessoas refugiadas reconhecidas no Brasil, seguida dos sírios e congoleses.

A vida do refugiado no novo país não é fácil. Ele sofre para se habituar a nova cultura e principalmente com a dificuldade de reinserção no mercado de trabalho. As oportunidades de emprego são escassas e também existe a dificuldade da validação do diploma, fazendo com que eles aceitem serviços de baixa qualificação e fora da sua área profissional. 

Apesar das dificuldades que os refugiados enfrentam quando chegam ao Brasil, existem ONGs que promovem ações de integração desses refugiados na sociedade e tentam melhorar a realidade dessas pessoas que chegam ao país em busca de um futuro mais digno. 

AVSI Brasil – Associação Voluntários para o Serviço Internacional Brasil

Com atuação em 11 estados e Distrito Federal, a AVSI tem a missão de tornar as pessoas, em situações de vulnerabilidade ou emergência humanitária, protagonistas do próprio desenvolvimento, da sua família e da comunidade, por meio de projetos sociais em diferentes áreas.

A AVSI Brasil é uma organização local vinculada ao contexto internacional por meio da parceria com a Fundação AVSI, ONG de origem italiana que atua em mais de 30 países, presente no Brasil desde os anos 80.

Só em 2020, foram desenvolvidos 26 projetos, com a ajuda de 590 colaboradores, beneficiando diretamente 466.204 pessoas e com um investimento social de R$ 57,7 milhões. 

Dentre as áreas em que a ONG atua, estão: água e segurança alimentar; cidades inclusivas e resilientes; energia e ambiente; justiça e prevenção da violência; migrações; parcerias multissetoriais; ações socioeducativas; trabalho e crescimento econômico.

Abraço Cultural

A ONG Abraço Cultural tem por objetivo promover a troca de experiências, a geração de renda e a valorização dos refugiados. Através de aulas de idiomas – com metodologia e material didático próprios – buscam transmitir muito mais do que o aprendizado de uma nova língua: querem quebrar preconceitos e barreiras culturais, aproximando diferentes povos em um único lugar.

São oferecidos cursos de  árabe, espanhol, francês e inglês. Os refugiados são capacitados para dar aulas de idiomas e cultura. Muito mais que gerar renda, querem promover a troca de experiências, a valorização pessoal e a quebra de barreiras culturais.  A ideia é aprender através da cultura do professor. Querem que o aluno se aproxime de diversas culturas e aprenda uma língua de uma forma mais completa.

Associação em Solidariedade ao Imigrante no Rio Grande do Norte (ASIRN)

Do Rio Grande do Norte, a ASIRN busca garantir os direitos de uma vida digna de pessoas refugiadas e migrantes no RN. Funcionando formalmente desde 2018, a ASIRN conta com voluntários de diversas áreas como no setor jurídico, comunicação e na viabilização de projetos. 

A associação presta serviço às pessoas que entraram legalmente no Brasil e necessita de doações para continuar realizando o trabalho. Em suas redes sociais (@asirnimigrante) realizam campanha de doações de alimentos a serem distribuídos entre os refugiados.

Pastoral do Migrante de Fortaleza

O Serviço Pastoral dos Migrantes – SPM, é uma das ações da Igreja no mundo. É uma ação específica da Igreja a serviço das pessoas que migram e necessitam de acolhida. Tem como centralidade a pessoa do migrante e a defesa de seus direitos, independente de raça, credo, cultura, gênero.

É uma Pastoral Social, que integra a Comissão Episcopal pra o Serviço da Caridade, Justiça e Paz e o Pastoral da Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Sua missão é construir processos organizativos, defender os direitos humanos, econômicos, sociais, culturais, religiosos e ambientais, sendo presença inculturada e profética no enfrentamento da migração forçada. Este serviço  se realiza através da FIA – Formação, Incidência e Articulação.