Das seis iniciativas premiadas com R$ 100 mil cada, quatro são do Nordeste.
O Instituto Pacto Contra a Fome revelou, na última terça-feira (3), os vencedores da segunda edição do Prêmio Pacto Contra a Fome, que reconhece iniciativas que atuam no combate à fome e na redução/reversão do desperdício de alimentos no Brasil. Das seis iniciativas premiadas com R$ 100 mil cada, quatro são do Nordeste, sendo 3 do Ceará e 1 de Pernambuco. São elas: programa “Prato Cheio”, do Instituto da Primeira Infância (Iprede – CE); “Combate ao desperdício: da terra e para a terra”, do Instituto Dragão do Mar (CE); o programa alimentar “META MOH FOME”, do Instituto Metamorfose (CE); e “RAC&SAF: Água e Segurança Alimentar no Semiárido”, do Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá (PE).
As iniciativas do Ceará foram agraciadas na categoria Redução e/ou Reversão do Desperdício de Alimentos. Já a de Pernambuco foi contemplada na categoria Promoção da Segurança Alimentar O Ceará foi o terceiro estado do País com o maior número de projetos inscritos, o que reflete a sua posição de destaque no ecossistema de combate à insegurança alimentar.
A cerimônia de premiação foi realizada no Teatro Paulo Autran, que fica no Sesc Pinheiros, em São Paulo, e foi conduzida pela jornalista Aline Midlej, da GloboNews.
A premiação é realizada pelo Instituto Pacto Contra a Fome e conta com a cooperação de quatro agências da Organização das Nações Unidas (ONU): a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), o Programa Mundial de Alimentos (WFP) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
A segunda edição do prêmio contou também com o patrocínio master da Ambipar, Azzas 2154 e AMA Ambev, além de ter como patrocinador especial o Instituto Nelson Wilians e apoio da XP e da Wine. Além disso, o evento recebeu o apoio institucional do Sesc Mesa Brasil. A coordenação técnica foi da Ponte a Ponte.
Ao todo, o Prêmio Pacto Contra a Fome 2024 reconheceu seis iniciativas de destaque, divididas em duas categorias que refletem os pilares do combate à insegurança alimentar e ao desperdício de alimentos no Brasil. Além das iniciativas nordestinas premiadas, também foram reconhecidos, na categoria Promoção da Segurança Alimentar, os projetos:
- Frente Alimenta (Instituto Kairós Ética e Atuação Responsável – SP);
- Segurança Alimentar Paiter (Associação Gap Ey – RO).
Saiba mais sobre os projetos Nordestinos premiados
Combate ao desperdício: da terra e para a terra – Instituto Dragão do Mar (CE). O Instituto Dragão do Mar é uma organização social cearense com 26 anos de atuação na área cultural. O “Combate ao desperdício, da terra e para a terra” é uma iniciativa da instituição que visa o fortalecimento da cultura alimentar, gastronomia social e sustentabilidade por meio da educação sobre esses temas. O Instituto faz isso por meio de um curso para disseminar o papel do alimento como promotor de transformação social quando atrelado aos territórios tradicionais e à cultura alimentar.
Impacto:
- Quase 91 mil inscritos nas aulas;
- + 37 mil beneficiados em 1.166 ações como pesquisas em desenvolvimento de produtos e criação de horta agroecológica;
- 1,3 mil agentes multiplicadores capacitados junto ao Programa Ceará Sem Fome;
- 132 municípios do Ceará, 116 bairros da capital e 22 estados do país contemplados em ações presenciais ou formações remotas, que alcançaram mais de 10 mil pessoas.
Programa alimentar “META MOH FOME” – Instituto Metamorfose (CE). Desde 2021, a iniciativa METAMOHFOME resgata alimentos próprios para o consumo que seriam jogados fora em mercados parceiros, redistribuindo-os para famílias vulneráveis. A comunidade atendida vive da pesca artesanal, mas a falta de apoio e a vulnerabilidade social tornaram essa atividade insuficiente para garantir sua segurança alimentar. Os alimentos são distribuídos em kits, e as famílias beneficiadas participam de aulas de nutrição e gastronomia, aprendendo a conservar e preparar refeições nutritivas.
Impacto:
- + de mil pessoas impactadas só em 2023;
- + de 57 toneladas de frutas, verduras e legumes distribuídas;
- Refeições nutritivas distribuídas para + de 300 crianças e adolescentes.
Prato Cheio – Instituto da Primeira Infância – Iprede (CE). O projeto Prato Cheio realiza ações para reduzir o desperdício, desenvolvendo alternativas tecnológicas para o aproveitamento integral de alimentos excedentes de redes de supermercados e outros doadores. Por meio da utilização das cascas, talos, sementes, carcaças e tudo que pode ser aproveitado desses alimentos, a iniciativa produz e distribui sopa a comunidades de Fortaleza.
Impacto:
- + de 190 mil litros de sopa distribuídos em 2022;
- 23 comunidades alcançadas;
- + de 10 mil pessoas impactadas diretamente.
RAC&SAF: Água e Segurança Alimentar no Semiárido – Centro de Desenvolvimento Agroecológico Sabiá (PE). O Centro Sabiá foi premiado por sua iniciativa de reúso de águas cinzas, que consiste no tratamento e reaproveitamento de água proveniente do banho, pias, tanques e máquinas de lavar para usos não potáveis. Embora a qualidade dessas águas seja inferior à da água da chuva, após passarem por um processo de tratamento adequado e mantidas separadas da água potável, elas podem ser utilizadas para irrigação, limpeza doméstica e outras finalidades. O projeto se destacou por levar essa tecnologia inovadora à região semiárida, marcada por severa escassez hídrica.
Processo de seleção
O processo de seleção contou com um júri de especialistas de diversas áreas. Fizeram parte dele Flavia Martins (diretora de Marketing do Pacto Global), Carola Matarazzo (diretora Executiva do Movimento Bem Maior), Nádia Aline (pesquisadora na UFPA), Jorge Meza (representante da FAO no Brasil), Lilian Rahal (secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério de Desenvolvimento Social), Fernanda Romero (gerente de Políticas para Químicos e Poluição do PNUMA), Albaneide Peixinho (coordenadora do WFP), Mário Lúcio Guedes (vencedor do Prêmio 2023), Márcio Black (diretor de Advocacy e Conhecimento do Instituto Beja) e Alcione Pereira (CEO da Connecting Food). Além do prêmio de R$100 mil para cada projeto vencedor, as iniciativas reconhecidas receberam o troféu Pacto Contra a Fome, assinado pelo artista Vik Muniz.
“Esta premiação reforça nosso compromisso em dar visibilidade às iniciativas que contribuem para promover transformações positivas, colaborando para reduzir as desigualdades sociais e os impactos ambientais no Brasil”, destaca Geyze Diniz, cofundadora e presidente do Conselho do Instituto Pacto Contra a Fome.
O Prêmio Pacto Contra a Fome, que teve sua primeira edição em 2023, busca reconhecer e dar visibilidade às iniciativas voltadas ao combate à fome e ao desperdício de alimentos no Brasil, promovendo a segurança alimentar e a sustentabilidade socioambiental. Neste ano, 512 iniciativas se inscreveram na disputa, um aumento de 65% em relação ao total de inscritos de 2023. Todos os estados do Brasil tiveram iniciativas inscritas.