O Governo do Ceará lançou o Plano Estadual de Economia de Impacto (Ceará Edimpacto) que estrutura políticas e incentivos para ampliar o número de negócios de impacto no Estado. A iniciativa busca fortalecer o ecossistema empreendedor e criar condições para que o desenvolvimento econômico caminhe com a transformação social e ambiental.

*Foto de capa: Lançamento do Ceará Edimpacto com a presença de lideranças, empreendedores e gestores (Sara Café).
Com o propósito de posicionar o Ceará como referência nacional em negócios que aliam rentabilidade e responsabilidade socioambiental, o Governo do Estado lançou oficialmente, na última terça-feira (07/10), o Plano Estadual de Economia de Impacto, denominado Ceará Edimpacto.
A cerimônia de lançamento, promovida pela Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE) em parceria com o Comitê Estadual de Negócios de Impacto (CENI), reuniu representantes do poder público, do setor privado, da academia e da sociedade civil. O encontro marcou o início de uma agenda estruturante voltada a impulsionar empreendimentos que gerem valor econômico aliado à transformação social e à sustentabilidade ambiental.

Segundo o secretário da SDE, Domingos Filho, o plano simboliza um novo capítulo de consciência e planejamento coletivo para o desenvolvimento cearense. “O Ceará vai crescer, mas com propósito. Queremos fortalecer a cultura dos negócios que cuidam de gente, do meio ambiente e da economia de forma integrada. Esse plano é uma convocação para agir com responsabilidade e visão de futuro”, destacou o gestor.
O evento contou com a presença de representantes de instituições que compõem o ecossistema de impacto do Estado, entre elas SDE, Adece, Sefaz, Uece, UFC, Banco do Nordeste, Sebrae Ceará, Fiec, Fecomércio, Faec, além de organizações da sociedade civil e de articulação nacional, como o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e a Coalizão pelo Impacto Fortaleza.
Negócios com propósito, incentivos e metas socioambientais
O Ceará Edimpacto estrutura-se em seis eixos estratégicos e prevê 24 ações de curto e médio prazo voltadas ao fortalecimento do ecossistema de impacto no Estado. A iniciativa busca consolidar um modelo de governança colaborativa e estimular o desenvolvimento de negócios sustentáveis e inclusivos, abrangendo desde capacitação e acesso a crédito até incentivos fiscais atrelados a metas de impacto social e ambiental.
O Diretor de Fomento da Agência de Desenvolvimento do Ceará (Adece), Luís Eduardo Barros, destacou que o plano foi desenhado para ampliar o acesso a capital, fortalecer as organizações intermediárias e criar um marco institucional robusto, além de promover a articulação entre esferas de governo, incentivar pesquisas aplicadas e expandir o número de negócios de impacto em todo o território cearense.

As diretrizes do plano foram detalhadas por Michele Ribeiro, cofundadora do Impact Hub Fortaleza, que apresentou os seis eixos estruturantes do Ceará Edimpacto:
- Ampliação de capital para negócios de impacto: mobilizar bancos públicos, fundos de desenvolvimento e investidores privados para criar linhas de crédito específicas, fundos garantidores e instrumentos híbridos de financiamento, garantindo melhores condições para empreendedores que aliam lucro e propósito.
- Fortalecimento de organizações intermediárias e incubadoras: estruturar redes de suporte e capacitação técnica, com mentorias e ferramentas de gestão de impacto, ampliando a capacidade de aceleradoras, incubadoras e hubs de inovação em apoiar empreendedores em diferentes estágios de maturidade.
- Criação de um marco normativo favorável: desenvolver um ambiente legal e institucional que reconheça e estimule negócios de impacto, incluindo a revisão de legislações estaduais, a criação de selos e certificações públicas, a modernização de editais de fomento e a definição de critérios objetivos para concessão de incentivos fiscais.
- Articulação interfederativa entre Estado, municípios e União: estimular a integração de políticas públicas, por meio da criação de arranjos territoriais e consórcios regionais que conectem gestores, universidades e organizações sociais, garantindo que municípios de diferentes portes também se tornem polos de inovação inclusiva.
- Produção de estudos e pesquisas aplicadas: fomentar a articulação com instituições de ensino, pesquisa e tecnologia para gerar indicadores, metodologias e diagnósticos territoriais, fortalecendo a base de dados e a mensuração dos resultados de impacto socioambiental.
- Expansão do número de negócios de impacto no território cearense: criar um ambiente fértil para o surgimento de empreendimentos transformadores, oferecendo apoio técnico, visibilidade e conexões. Entre as ações previstas estão campanhas de conscientização, editais de fomento, eventos de conexão e programas de incubação, consolidando o Ceará como referência nacional em economia regenerativa, inclusiva e inovadora.
Empresas que comprovarem resultados consistentes em sustentabilidade, inclusão e governança poderão pleitear incentivos fiscais progressivos, apoio técnico especializado e acesso facilitado a linhas de financiamento em parceria com o Banco do Nordeste (BNB), o Sebrae Ceará e a Funcap. O plano também prevê certificação pública e reconhecimento oficial para os empreendimentos que alcançarem os indicadores de impacto definidos pelo CENI.
“Não se trata de o Estado investir diretamente, mas de criar um ambiente fértil para que quem gera impacto positivo tenha prioridade. É um incentivo à inovação e à corresponsabilidade”, completou o secretário Domingos Filho.
Governança colaborativa e adesão escalonada
A gestão do Ceará Edimpacto ficará a cargo do CENI, instância colegiada formada por 17 instituições públicas e privadas, entre elas a Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE), Secretaria da Fazenda (Sefaz), Junta Comercial do Ceará (Jucec), universidades estaduais e federais, Sebrae, Banco do Nordeste (BNB), o Instituto de Cidadania Empresarial (ICE) e a Associação Somos Um.

Compete ao comitê definir os critérios de adesão das empresas, estabelecer métricas de avaliação e implantar mecanismos de monitoramento contínuo dos resultados. A proposta é que o plano opere como um “laboratório vivo”, permitindo ajustes constantes a partir das experiências e aprendizados coletivos ao longo da execução.
As empresas interessadas poderão participar conforme o porte e o setor de atuação, tendo acesso a incentivos graduais de acordo com o cumprimento das metas socioambientais pactuadas. O Ceará Edimpacto está alinhado à Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto 2021–2030), o que garante sinergia entre as políticas públicas estaduais e federais voltadas à promoção de negócios sustentáveis e inclusivos.
Potenciais e desafios
O Ceará Edimpacto surge em um momento estratégico para a economia brasileira. Segundo o ICE, o setor de negócios de impacto já movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano no país, impulsionado pela crescente demanda por inovação social, ambiental e modelos de negócios mais éticos e inclusivos.
No contexto cearense, a expectativa é que o plano contribua para estimular novos empreendimentos, formalizar pequenos negócios e gerar empregos sustentáveis, fortalecendo o ecossistema local de impacto e inovação.
Especialistas apontam, contudo, que o sucesso da iniciativa dependerá de uma governança sólida e transparente, especialmente na concessão de incentivos, na mensuração de resultados e no engajamento dos municípios. Um dos principais desafios será garantir que micro e pequenos empreendedores tenham condições de comprovar seus impactos sociais e ambientais com a mesma consistência técnica exigida de empresas de médio e grande porte.
Para Fernanda Lopes, representante da sociedade civil no CENI, a confiança será o pilar central dessa construção coletiva. “O sucesso do Edimpacto depende da confiança. Se o Estado atuar com clareza, diálogo e acompanhamento rigoroso, esse plano pode inaugurar uma nova cultura de desenvolvimento com alma, propósito e compromisso real com o futuro do Ceará.”
Uma nova cultura de desenvolvimento
Mais do que uma política econômica, o Ceará Edimpacto se apresenta como um manifesto de futuro. O plano propõe uma mudança de paradigma e substituir a lógica centrada apenas no crescimento econômico por uma visão de prosperidade coletiva, em que o valor de um negócio é medido também por seu impacto na vida das pessoas, na regeneração ambiental e na construção de uma sociedade mais justa.

“Este é o momento de mostrar que é possível conciliar lucro com propósito, inovação com ética e economia com vida. O Ceará tem vocação para ser referência nessa nova economia”, afirmou o secretário Domingos Filho.
Com essa iniciativa, o Estado se posiciona na vanguarda das políticas públicas voltadas à economia regenerativa, inclusiva e sustentável, reafirmando o compromisso de unir competitividade e responsabilidade social. Mais do que impulsionar negócios, o Ceará Edimpacto representa uma escolha de caminho: provar, na prática, que o impacto pode ser o novo nome do desenvolvimento.