Conscientização sobre o conceito de sororidade, valorização das potencialidades do negócio e de si mesma, e fortalecimento da autoestima são pontos chave trabalhados pela mentoria para alavancar carreiras e empreendimentos femininos. Participaram da pesquisa empreendedoras de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte.
A pesquisa Efeito Furacão: capacitando mulheres empreendedoras para reduzir desigualdades, lançada no dia 13 de novembro pela Be.Labs, aceleradora de negócios e mentoria de empreendimentos femininos do Nordeste, e primeira no Brasil exclusivamente para mulheres, traz dados importantes sobre o impacto transformador causados por educação e formação adequadas na vida de empreendedoras, que precisam de apoio específico e empático às dificuldades por elas enfrentadas.
O perfil socioeconômico formado a partir das respostas das empreendedoras indica média de idade de 40 anos e meio. Do total, 48% são casadas e 77% têm filhos. Declaram-se chefes de família 60% e 62% informaram ser negras.
A renda conquistada com o negócio próprio por quase dois terços das mulheres (62%) fica entre um e três salários mínimos. Do total, um terço (32%) tem em seu currículo pelo menos uma pós-graduação completa.
A fundadora da Be.Labs, Marcela Fujiy, revela que este é o principal desafio das mulheres na hora de empreender. “O que temos de mais valor para oferecer às mulheres é formação especializada, com olhar empático para todas as agruras por elas vivenciadas. Seus repertórios de vida são muito diferenciados e, em geral, elas são vistas pelo mercado como empreendedoras de pouco potencial competitivo. Para as mulheres que recebemos no programa, visamos oportunizar aprendizados e práticas que possam transformar o negócio e a vida delas, reduzindo desigualdades e as aproximando de uma gestão mais saudável para seu trabalho”, afirma.
O relatório ouviu 350 participantes das 1.600 mulheres que passaram pelo Efeito Furação, programa de pré-aceleração de negócios oferecido pela Be.Labs. Um questionário online foi aplicado para as participantes de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia e Rio Grande do Norte, estados que receberam turmas do programa.
O programa de pré aceleração atende empreendedoras em três diferentes estágios da jornada empreendedora: para quem tem uma ideia de negócio mas não sabe como tirá-la do papel; para quem está iniciando a jornada e quer estruturar melhor sua gestão; e para quem já tem um negócio consolidado e deseja impulsioná-lo.
Perfil dos negócios geridos por elas
A pesquisa aponta que a maior parte das empreendedoras que passaram pela capacitação (44,3%) empreende no segmento de produção artesanal, confeitaria e alimentação. Entre as entrevistadas, 45% afirmam gerir os negócios sozinhas e 73,4% contratam preferentemente outras mulheres para as vagas surgidas. O conceito de sororidade é reforçado também durante a formação, expandindo o apoio a outras mulheres e a atuação em rede para minimizar desigualdades.
Principais impactos da formação
Após 20 horas/ aula e quatro sessões de mentoria individual, as mulheres puderam aplicar os conhecimentos adquiridos e os resultados são positivos, segundo revela a pesquisa. Antes da formação, apenas 15,5% das empreendedoras faziam a separação das finanças pessoais das do negócio. Após a capacitação esse percentual subiu para 50,9%. O relatório também aponta avanço das participantes do curso em relação à objetividade da rotina financeira e contábil. Antes do curso, 19,4% das mulheres disseram já poder gerir seu negócio de forma objetiva e transparente. Mas para 59,5% isso só foi possível após absorver novos conhecimentos, acompanhando o ciclo de formação.
Outro dado relevante trata da precificação dos serviços/produtos realizada pelas empreendedoras do Efeito Furacão. Quase 71% delas disseram ter aprendido a fazer o cálculo de custos fixos e variáveis para definir preços mais adequados, com maior compreensão da lucratividade do negócio.
Melhora da autoestima
Ponto importante numa formação adequada e alinhada aos propósitos das mulheres é o trabalho de autoconhecimento e de melhora de sua autoestima. Um total de 80,6% das respondentes da pesquisa relatam se sentir mais capazes de cuidar do próprio negócio após passar pela capacitação. E a maioria (82,7%) das mulheres disse acreditar que agora possuem as habilidades necessárias para gerir seus negócios da melhor forma possível.
Marcela Fujiy explica que os dados evidenciam a importância de promover o acesso à educação e a treinamento especializado para transformar a sociedade por meio do apoio a empreendimentos femininos. “As respostas que obtivemos com essa pesquisa nos serviram de combustível para continuar com o propósito de ampliar o acesso à formação. Essas mulheres estão mais confiantes em seu potencial empreendedor e mais preparadas para os desafios do mercado, que não são poucos. Com isso, fortalecemos não só mulheres, mas famílias inteiras e comunidades, e toda uma cadeia produtiva essencial para o futuro dos negócios e das pessoas. Toda a sociedade ganha, esse é nosso propósito” finaliza.
Sobre a pesquisa
Realizada entre os dias 30 de junho e 14 de julho, a pesquisa se desenvolveu em etapas como estruturação e planejamento, elaboração do questionário online, aplicação, validação dos dados e redação do relatório.
Participaram 350 mulheres empreendedoras nas áreas de comércio, serviços e produção que passaram pela mentoria do Efeito Furacão entre os anos de 2020 e 2023, em seis estados da região Nordeste. São eles: Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Alagoas e Rio Grande do Norte.
O relatório na íntegra pode ser acessado aqui.