Impacta Nordeste

Tendências para o ecossistema de negócios de impacto do Nordeste em 2022

Cooperação entre os atores do setor de impacto social, conexão com investidores, microcrédito para mulheres e o destaque para o protagonismo do Nordeste estão entre alguns dos temas apontados por especialistas.

O ecossistema de impacto social do Nordeste vem crescendo gradualmente e conquistou alguns marcos importantes. Cada vez mais empreendedores e empreendedoras apostam em modelos de negócios que buscam aliar o lucro e impacto social positivo. O tema vem ganhando espaço na academia e no setor público, inclusive com novas legislações direcionadas para o setor em diferentes estados da região.

Para mapear as tendências do ecossistema de impacto da região nesse ano que se inicia, o Impacta Nordeste conversou com empreendedores sociais e dinamizadores de diferentes estados do Nordeste. Para esses especialista, a expectativa é que os atores do ecossistema aprofundem a cooperação, promovam conexões entre investidores e empreendedores trazendo mais investimentos para os negócios de impacto do Nordeste e ampliem o protagonismo da região.

Confira as tendências apontadas por Bia Fiúza da Somos UM, Paulo Rogério do Vale do Dendê, Haroldo Rodrigues Jr da Intr3s, Monique Moraes da Su Causa Mi Causa e Marcello Santo do Impacta Nordeste.

Amadurecer as redes e a cooperação

Para a empreendedora social e filantropa cearense Bia Fiúza, fundadora do Instituto Beatriz e Lauro Fiuza (IBLF) e gerente executiva da Somos Um, o ano de 2022 será o momento de cooperação entre os que fazem o movimento de impacto social no Nordeste.

Bia Fiúza (foto: arquivo pessoal)

“Acredito que a tendência este ano é entendermos melhor quem nós somos, como ecossistema.”

Bia Fiúza

“Estou sentindo cada vez mais latente a necessidade de termos uma boa compreensão do mapa de impacto da nossa região, tanto dos negócios, como das universidades, pesquisadores, consultores, investidores, gestores financeiros, aceleradoras, e outros atores centrais como o desenvolvimento do setor. Acredito que podemos trabalhar para amadurecer as redes e crescer os negócios por meio de uma lógica de cooperação”, afirma Bia.

Destacar e consolidar o protagonismo do Nordeste

Paulo Rogério, cofundador da Vale do Dendê, uma holding social que fomenta o ecossistema de inovação e criatividade em Salvador (BA), acredita que esse será um ano para destacar e consolidar o protagonismo do Nordeste no setor de impacto social.

Paulo Rogerio (foto: divulgação)

“Uma tendência para esse ano é a consolidação do protagonismo do Nordeste dentro da cena de impacto social, de empreendedorismo periférico e de diversidade no Brasil.”

Paulo Rogério

“Acredito que esse será um modo das empresas, das startups e as grandes corporações, entenderem, cada vez mais, que há um potencial muito grande no Nordeste, que podemos ser um lugar de cada vez mais protagonismo na inovação e na diversidade do impacto social.  Esse será o momento delas trazerem suas operações, seus núcleos de diversidade, seus projetos de impacto para nossa região e assim promover um melhor balanceamento dos recursos na esfera nacional”, afirma Paulo.

“Hoje os investimentos ainda são muito desproporcionais comparados aos feitos no Sudeste, em relação ao resto do país. Também acho que com a extensão da pandemia e a consolidação do home office as pessoas perceberam que a centralização regional é um erro e que é possível trabalhar de qualquer local. Então acho que há uma tendência de que essa diversidade precisa também incluir essa questão regional”, prevê.

Conexões entre investidores e empreendedores

Para Haroldo Rodrigues Jr, sócio-fundador da Intr3s, fundo de investimento que apoia startups que apresentem soluções inovadoras e escaláveis para os maiores desafios socioambientais do Norte e do Nordeste do país, as tendências para o ecossistema de impacto social em 2022 vão girar em torno das conexões entre investidores e empreendedores.

Haroldo Rodrigues Jr (foto: arquivo pessoal)

“O maior desafio para o Nordeste é o investimento em negócios com intencionalidade no “S”, de social, diante das desigualdades que temos. Para tanto, o momento é de conexões entre investidores e empreendedores.”

Haroldo Rodrigues Jr.

“Toda tendência é uma porta de oportunidade. Não tenho dúvida, o maior desafio para o Nordeste é o investimento em negócios com intencionalidade no “S”, de social, diante das desigualdades que temos. Para tanto, o momento é de conexões entre investidores e empreendedores, de mudanças com resultados consistentes que fortalecem o ecossistema de impacto. Acredito nisso e é o que fazemos na IN3”, conclui Haroldo.

Microcrédito para empoderamento da mulher

Para Monique Moraes, fundadora da Su Causa Mi Causa, consultoria para empreendedorismo de impacto social do Maranhão, um dos efeitos da pandemia foi o aumento do número de mulheres em situação de vulnerabilidade econômica, em maior nível no Nordeste. E nesse mesmo momento de crise, presenciamos o interesse maior das empresas em desenvolver uma agenda ESG.

Monique Moraes (foto: arquivo pessoal)

“O microcrédito pode ajudar a reverter o retrocesso no empoderamento econômico feminino causado pela covid-19, além de melhorar a economia local e consequentemente a sociedade.”

Monique Moraes

De acordo com Monique, dentre as estratégias de impacto social possíveis em uma agenda ESG, que já era utilizada por bancos tradicionais e startups, o microcrédito se apresenta como uma ferramenta no processo de (re)inclusão econômica. “E por que uma ferramenta já “antiga” seria uma tendência para 2022? Porque o microcrédito pode ajudar a reverter o retrocesso no empoderamento econômico feminino causado pela covid-19, além de melhorar a economia local e consequentemente a sociedade.”

Setores estratégicos para os desafios da região

Por sua vez, Marcello Santo, diretor fundador do Impacta Nordeste, plataforma que visa fomentar o ecossistema de impacto social do Nordeste, reforça a importância da colaboração, aponta a inovação aberta como uma forma de aproximar os negócios de impacto à empresas e destaca alguns setores para o ano de 2022.

Marcello Santo (foto: Fernanda Costa)

“Podemos destacar iniciativas de inclusão produtiva, especialmente as que envolvem tecnologia, produção agroecológica de alimentos que valorizem a biodiversidade local e modelos de negócios que utilizem tecnologia como soluções SAAS e Marketplaces.”

Marcello Santo

“Como os negócios de impacto buscam solucionar ou mitigar os inúmeros desafios sociais que possuímos, toda iniciativa é relevante. Em nosso trabalho de mapeamento de negócios, acompanhamento e capacitação de empresas e em diálogos com parceiros, podemos destacar iniciativas de inclusão produtiva, especialmente as que envolvem tecnologia, produção agroecológica de alimentos que valorizem a biodiversidade local e modelos de negócios que utilizem tecnologia como soluções SAAS e Marketplaces. Esse são algumas das tendências que chamam atenção dos investidores e que possuem mais programas de apoio e fomento.”

“Também observamos o crescimento de iniciativas de inovação aberta que aproximam as soluções desenvolvidas por negócios de impacto às demandas de ESG das empresas. Importante reforçar a importância da colaboração entre os diferentes atores para que o setor continue a crescer “, complementa Marcello.

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