Negócio de impacto de Fortaleza (CE) atua para reduzir as desigualdades de gênero, social e econômica de mulheres no mercado de trabalho e no empreendedorismo; por meio de mentorias, cursos, palestras e eventos, a Vem Cá Mulher fortalece empreendedoras e proporciona uma rede de apoio e acolhimento.
As barreiras de gênero e os desafios econômicos são alguns dos obstáculos que precisam ser superados por mulheres que decidem empreender. Apesar dos desafios, atuação feminina no comando dos negócios vem crescendo a cada ano. Segundo estudo Global Entrepreneurship Monitor 2021, o Brasil está entre os 10 países com o maior número de empreendedoras do mundo. A pesquisa mostra ainda que mais da metade das brasileiras empreende no segmento de comércio de bens e serviços.
Em 2022, o número de mulheres empreendedoras chegou a uma marca histórica. A última pesquisa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), feita com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que, no terceiro trimestre do ano passado, haviam 10,3 milhões de mulheres donas de negócios no país, mais de 34% dos empreendedores. No entanto, o relatório Empreendedorismo Feminino, também do Sebrae, mostra que as mulheres dedicam menos horas por semana ao negócio, por conta da jornada múltipla que envolve trabalho, cuidados com a casa e com a família.
No Ceará, o número de empresas registradas por mulheres na Junta Comercial do Estado (Jucec), seja na condição de microempreendedor ou como sócia de um negócio, apresentou aumento este ano, com 8.270 aberturas entre janeiro e fevereiro de 2023, representando crescimento de 1,93%. As empresas constituídas por mulheres representam 43% do total de aberturas registradas este ano. O setor de serviços apontou aumento de 5,71% este ano, com 4.493 novos negócios registrados por mulheres, contra 4.250 aberturas no mesmo período de 2022. As atividades relacionadas ao comércio contabilizaram 2.915 empreendimentos, este ano, e a indústria somou 892 registros.
“Temos mais de 186 mil mulheres titulares de empresas que conseguiram entrar na formalidade e desenvolver seu negócio através do Microempreendedor Individual (MEI), uma ferramenta criada em 2011 que facilita o caminho para a formalização”, explica Carolina Monteiro, presidente da Jucec. “Quando a gente olha o número de 1,93%, a gente comemora, mas não chegamos lá ainda. Esse número é um chamado para todas as mulheres: nós podemos ir juntas nesse caminho do empreendedorismo e na conquista da nossa independência”, conclui.
Embora os números sejam positivos, a mulher empreendedora brasileira ainda possui muitas dificuldades para desenvolver os seus negócios. Apesar do aumento nas contratações, a pesquisa do Sebrae mostra que, no cenário total de negócios comandados por mulheres, nove a cada 10 empreendedoras continuam comandando suas empresas sozinhas.
Solução em educação empreendedora e acolhimento
Ser uma mulher empreendedora vai além de ser uma líder ou empresária, é também atuar como agente de mudança, inovação e coragem, inspirando outras mulheres a seguirem seus próprios caminhos. O Vem Cá Mulher, um negócio de impacto de Fortaleza (CE), contribui para impulsionar mulheres empreendedoras e aquelas que desejam se recolocar no mercado de trabalho. A empresa realiza mentorias, cursos e palestras personalizadas, oferece diversas trilhas de aprendizagem, treinamentos de vendas, marketing digital e empreendedorismo, além de proporcionar uma rede de apoio e acolhimento.
A idealizadora do Vem Cá Mulher, Camila Flor de Liz, encontrou no empreendedorismo a oportunidade de incentivar mais mulheres a buscarem oportunidades de negócios e liderança, rompendo com os obstáculos culturais e sociais. “Eu comecei a empreender em 2014 com projetos voltados para área do esporte, já que sou formada em Gestão Desportiva de Lazer pelo IFCE. Nesse período, estava terminando a faculdade e eu queria trabalhar na minha área, mas não encontrei oportunidades. Aí eu pensei: se a gente não está encontrando lugar, então que a gente abra caminho para que outras pessoas possam chegar e ocupar esses espaços.”
O VCM tem como objetivo mitigar as desigualdades de gênero, social e econômica de mulheres no mercado de trabalho e empreendedorismo. Dentre todas essas ações, o Vem Cá Mulher também busca cuidar da mulher com o Espaço de Escuta e Acolhimento e o Programa Te Cuida Mulher, que busca integrar a saúde física e a mental. Também ajuda as empresas a prepararem suas colaboradoras ou a comunidade do entorno para o protagonismo, seja na liderança organizacional ou comunitária.
“O Vem Cá Mulher nasceu no período pandêmico e está aí com várias mulheres empreendedoras que acreditam no que a gente faz. A causa do VCM é que todas as mulheres tenham independência financeira, autonomia, capacidade de tomar decisões, que a gente tenha na união, a coragem para se apoiar, porque juntas vamos mais longe”, explica Camila.
Uma das atividades que o VCM desenvolve são as feiras de empreendedorismo e uma fala muito recorrente durante esses momentos é a falta de apoio e incentivo na fase inicial do negócio. Participar de uma rede de apoio é fundamental para quem empreende, para organizar as ideias, trazer referências e inspirações e superar os desafios. “Em um primeiro momento, essas mulheres não se conhecem. Depois passam a se conhecer, integram a nossa comunidade e lá elas vão se relacionando, vão ficando amigas e fazendo parte da rede de apoio”, explica Camila. “Eu acho isso incrível, porque se cria uma rede de relacionamento e pertencimento, com incentivo e apoio de quem valoriza e indica seu trabalho”, conclui a empreendedora social.
Com toda essa cadeia de impulsionamento de negócios femininos, o VCM tem conquistado um espaço de destaque na capacitação, fortalecimento e impulsionamento de toda a cadeia de valor. E os números confirmam: foram capacitadas mais de 1500 mulheres, mais de 105 empreendedores capacitados, 640 horas de capacitação e 154 horas de mentoria. Saiba mais sobre o Vem cá mulher acessando o site oficial e o instagram @vemcamulheroficial.
Dicas para mulheres que querem empreender
O empreendedorismo feminino é mais que mulheres abrindo empresas. Trata-se de uma ferramenta de transformação social. Se você também quer fazer parte dessa mudança, veja algumas sugestões de como começar:
1. Estude o mercado
Um novo negócio surge para satisfazer uma demanda de mercado. Por isso, você deve entender quais são as necessidades do público, isto é, quais serviços ou produtos estão faltando em sua região. Tenha sempre um bloquinho de ideias.
2. Foque com que você se identifica
Pesquise, trabalhe o autoconhecimento, escolha uma área de seu interesse e invista.
3. Planeje o seu negócio
Você deve prever os custos para adquirir materiais, instalar maquinário, contratar equipe, divulgar os serviços e fazer o que mais for preciso para entrar em operação. Lembre-se de pesquisar sobre impostos e enquadramento tributário.
4. Faça networking
É importante conhecer outras empresárias, em encontros presenciais ou em grupos pela internet para fortalecer parcerias. Elas poderão se tornar fornecedoras, clientes ou até mesmo sócias.
5. Valide suas ideias e negócios
Existem organizações que ajudam pequenas empreendedoras a tirar um projeto do papel, como o Sebrae, as aceleradoras de negócios, os Hubs de Inovação, os editais de instituições de Ciência, Tecnologia e Inovação, dentre outras.
6. Faça parte da rede VCM
Ao participar da rede Vem Cá Mulher você terá a chance de expor seus produtos/serviços, aumentar a visibilidade do seu negócio e se conectar com outras empreendedoras.
Sara Café, é graduada em Comunicação Social/Jornalismo, especialista em assessoria de comunicação e formação em fotografia. Atua na área de inovação e impacto social através de trabalhos de jornalismo, redação e produção de conteúdo, mídias sociais, assessoria de imprensa e coberturas fotográficas. Bolsista de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação no Laboratório de Inovação do SUS no Ceará (2021) e do Observatório de Educação Permanente em Saúde (2022), projetos da Escola de Saúde Pública do Ceará. Produz entrevistas e matérias jornalísticas especializadas para o hub de negócios TrendsCE. Voluntária e Diretora de Comunicação do Instituto Verdeluz (gestão 2019 a 2022) e membra da Rede Brasileira de Jornalistas e Comunicadores de Ciência (RedeComCiência), da Rede Narrativas e integrante da Rede Linguagem Simples Brasil.
Sara faz parte da Rede Impacta Nordeste.