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Climatechs e Deeptechs: a força da inovação radical para soluções climáticas no Brasil

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Com a COP30 se aproximando, o Brasil tem a oportunidade de mostrar ao mundo seu potencial como berço de inovação climática. Climatechs e deeptechs ganham protagonismo ao desenvolver soluções de ciência e tecnologia capazes de transformar desafios ambientais em oportunidades de impacto e desenvolvimento econômico.

Conteúdo em parceria com o Megafone de Impacto

Às vésperas da COP30, o mundo olha para o Brasil não apenas como potência ambiental, mas também como território fértil para inovação em escala global. No Nordeste, em especial, cresce a expectativa de que o encontro seja um marco para impulsionar tecnologias que conciliem desenvolvimento econômico e justiça climática. Nesse cenário, as climatechs e deeptechs surgem como protagonistas, trazendo soluções baseadas em ciência e inovação radical para os desafios mais urgentes da crise climática.

Por que falar de deeptechs agora?

Deeptechs são startups que mergulham em ciência e tecnologia de ponta — inteligência artificial, biotecnologia, energia limpa, nanotecnologia, manufatura avançada — para propor soluções que vão além das abordagens convencionais. Seu impacto pode redefinir setores inteiros, desde o agro até a indústria pesada.

O Brasil já desponta na região: concentra 70% dos pesquisadores da América Latina, 47% das publicações científicas e 58% das patentes registradas. São cerca de 875 deeptechs mapeadas no país, com forte presença em biotecnologia, saúde, agro e energia limpa. Mas a maior oportunidade — e também o maior desafio — está justamente em conectá-las às agendas climáticas e de impacto.

Estudos recentes estimam que, se nada for feito, os impactos climáticos podem reduzir a economia global em ~19-20% até 2050, com custos anuais da ordem de US$ 38 trilhões por ano apenas nas próximas décadas. Já a pegada ecológica mostra que estamos consumindo recursos a uma taxa próxima de 1,7 vezes a capacidade regenerativa da Terra. Ou seja: a urgência de escalar soluções de deeptech e climatech é real e quantitativa.

Climatechs: quando impacto e tecnologia se encontram

As climatechs — startups dedicadas a soluções para mitigação e adaptação às mudanças climáticas — têm ganhado força no Brasil. Iniciativas como o ClimatechES, realizado pelo Findeslab em São Paulo, mostram como governos, investidores e hubs de inovação já se articulam para criar um ambiente favorável a negócios voltados para a transição climática e para a economia de impacto.

O evento reuniu empreendedores, fundos e aceleradoras para discutir oportunidades e apresentou o FIP Funses 1, fundo de participação que já acelerou mais de 180 startups e agora direciona uma nova edição para climatechs. Essa é uma sinalização clara de que existe apetite para investimento, desde que alinhado a estratégias sólidas de impacto e resultados escaláveis.

O elo entre ecossistemas: ciência, impacto e mercado

Apesar do potencial, 70% do financiamento de deeptechs no Brasil ainda vem de programas públicos e investidores anjo. Sem atrair capital privado, essas soluções enfrentam dificuldades para cruzar a fronteira entre laboratório e mercado. É aqui que entra a importância de integrar dois mundos: o ecossistema de ciência e tecnologia e o ecossistema de impacto.

Enquanto o primeiro oferece universidades, parques tecnológicos e fomento público, o segundo aporta aceleradoras, investidores de risco, capital catalítico e redes globais. Essa integração já se mostra efetiva em casos como:

  • Cromai – tecnologia de visão computacional aplicada ao agro, apoiada pelo Quintessa, que já analisou 75 milhões de imagens e 800 mil amostras de impurezas vegetais.
  • Colibrik (Pernambuco) – auxilia empresas na transição para um capitalismo consciente, estruturando gestão ambiental, gestão estratégica de carbono, soluções para redução de consumo de água, energia e matérias-primas. Atua com parcerias como Brasil Mata Viva (créditos de sustentabilidade), Eureciclo (gestão de embalagens) e Igreen (energias sustentáveis).
  • SDW – Sustainable Development and Water for All – startup ESG Tech que já beneficiou mais de 25 mil pessoas com tecnologias de acesso à água potável e saneamento seguro. Entre as soluções estão o Aqualuz (desinfecção solar da água), o Aquasalina (dessalinizador solar), o Aquafiltro e a Aquatorre (ultrafiltração de até 5 mil litros/dia), além de sistemas de saneamento como o Sanuseco (banheiro seco com compostagem) e a Sanufossa (biodigestora). Seu impacto é medido por um SROI médio de R$ 27 de retorno social para cada R$ 1 investido.

São exemplos de como a ciência aplicada pode acelerar a transição para uma economia de impacto robusta e competitiva, se houver a combinação correta de capital paciente, validação de mercado e articulação entre atores públicos e privados.

Nordeste: terreno fértil para inovação climática

O Nordeste brasileiro, anfitrião da COP30, é especialmente estratégico para esse movimento. A região já concentra ativos naturais únicos — como o potencial de energia renovável (solar e eólica), a biodiversidade da Caatinga e da Zona Costeira e os desafios de convivência com secas e escassez hídrica. Esses fatores a tornam um laboratório vivo para soluções que podem depois ser escaladas globalmente.

Além disso, iniciativas como o Radar BH-TEC e a Plataforma Onda Verde estão ajudando a criar pontes entre startups, investidores e formuladores de políticas. O próximo passo é garantir que as climatechs e deeptechs nordestinas recebam o suporte necessário para transformar ciência em negócios que moldem um futuro possível para as próximas gerações.

O que está em jogo na COP30

Mais do que compromissos diplomáticos, a COP30 será uma vitrine de soluções. O Brasil tem a chance de apresentar ao mundo não apenas seu papel como guardião de biomas críticos, mas também como berço de tecnologias que conciliam impacto socioambiental e competitividade econômica.

Para isso, será essencial:

  • Escalar modelos de financiamento híbrido, que combinem capital de risco, fomento público e investimento de impacto.
  • Valorizar o talento científico local, aproximando universidades, parques tecnológicos e startups do mercado.
  • Atrair investidores internacionais, mostrando o Nordeste como um dos pólos de inovação climática do nosso país.

O futuro é deep, o futuro é climate

Seja mapeando carbono no solo, otimizando a gestão hídrica ou desenvolvendo novas formas de energia limpa, deeptechs e climatechs brasileiras estão no centro da resposta à crise climática.

Às vésperas da COP30, a mensagem é clara: sem ciência, não há transição justa; sem impacto positivo, não há futuro possível. O Brasil, e especialmente o Nordeste, têm tudo para liderar essa convergência. A hora de investir em inovação climática radical é agora — porque esse é o futuro da economia de impacto.

Precisamos de soluções escaláveis para os grandes desafios que enfrentamos e para que a inovação no Brasil seja cada vez mais uma referência global no que tange ao futuro da economia de impacto. O ecossistema do futuro é aqui.

O DEEPCLIMATE

O DeepClimate – Ciência e tecnologia brasileira para o clima é uma iniciativa estruturante para garantir que as soluções das deeptechs climáticas brasileiras ganhem maturidade e sejam adotadas pelo mercado – resultando na contribuição para a mitigação e adaptação das emergências climáticas no país.

A iniciativa, nacional, tem em sua base a formação de um ecossistema de atores estratégicos, combinando assistência técnica e conexões qualificadas entre academia, setor privado, instituições públicas e investidores. Assim, promove a integração entre os ecossistemas de empreendedorismo, impacto e ciência e tecnologia.

O DeepClimate foca em gerar pipeline qualificado das inovações científicas e tecnologias disruptivas necessárias para avançarmos na pauta climática e para posicionarmos o Brasil como provedor de soluções no cenário global.

Conheça a iniciativa: https://www.deepclimate.com.br/