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O S do ESG não pode ficar de lado

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Investir em energia renovável, diminuir a emissão de CO2 e focar em produção sustentável, por exemplo, são metas relevantes, mas não resolverão nossos problemas sozinhos.

Ultimamente tem crescido meu interesse sobre a crise climática, como cidadã e gerente de projetos sociais. É como dizia meu avô, que Deus o tenha: “antes tarde do que mais tarde”.

Numa das muitas leituras, me deparei com a entrevista do ambientalista e professor da Universidade Estadual do Ceará, Alexandre Araújo Costa, à revista Gama, que tem um título pavoroso: “A pandemia é um problema pequeno perto do aquecimento global”. Nossa! Foi uma leitura profundamente elucidativa para mim.

Nessa mesma entrevista, o professor Alexandre dá pistas de como podemos resolver ou mitigar as questões climáticas, com destaque para a redução das desigualdades sociais.

Em outras palavras, ele diz que diminuir a pobreza e promover igualdade social são estratégias estruturantes para o combate às mudanças climáticas. Ele defende que pessoas em condições mais favoráveis e com os recursos adequados terão maiores chances de viver (e sobreviver) a um ambiente ligeiramente mais hostil (com mais eventos climáticos e meteorológicos extremos).

E ele não é o único a pensar assim (ainda bem). Esse pensamento parece ser um consenso da Academia, sociedade civil organizada e mundo empresarial. No ano passado, no jornal Valor Econômico, Eduardo Fischer, CEO da MRV, chamou atenção para o fato de que é preciso equalizar as questões sociais juntamente com as ambientais, dando ênfase que das três letras do ESG, a S é a mais urgente.

Acredito que a essa altura você já saiba o que é ESG, a agenda que reúne um conjunto de critérios ambientais, sociais e de governança de uma empresa, um dos assuntos mais comentados e debatidos no mundo corporativo e dos investimentos atualmente. 

Se você é uma pessoa adepta da rede social LinkedIn, vai concordar comigo que “só falam nisso”. Mas há uma letra, em especial, que tem se destacado mais, a E (concorda?). Só que nem é preciso muita pesquisa para entender que há uma razão para serem três letras – “ESG”, é porque uma precisa da outra para que essa “agenda” seja bem-sucedida (e com isso a gente melhore o mundo!). 

“Na corrida contra o tempo para mudar o mundo, a letra S não pode ser esquecida, em especial pelas empresas.”

Investir em energia renovável, diminuir a emissão de CO2 e focar em produção sustentável, por exemplo, são metas relevantes, mas não resolverão nossos problemas sozinhos. Na corrida contra o tempo para mudar o mundo, a letra S não pode ser esquecida, em especial pelas empresas.

No final de 2021, no BRF ESG Fórum, especialistas advertiram que o S não pode ficar de lado, como eles têm reparado. No mesmo evento, Sonia Favaretto, especialista em sustentabilidade e colunista do Valor Investe, apresentou dados do Fórum Econômico Mundial que mostram que 4 das 10 maiores preocupações do mundo para os próximos anos são sociais. Se olharmos para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), veremos que pelo menos 8 dos 17 objetivos são diretamente sociais. 

Ou seja, o que todas essas pessoas estão nos dizendo é que o “Social” precisa de mais investimento e atenção, ou agimos agora ou será tarde demais.

Daiany França Saldanha é cearense, mulher negra, gerente de projetos sociais e empreendedora. É fundadora do Instituto Esporte Mais, mestranda do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política da USP e atualmente colaboradora da Phomenta, Portal do Impacto e Projeto Construindo o Futuro.