Emanuelly Oliveira se inspirou em sua própria história de vida e os primeiros passos no empreendedorismo social para criar a Social Brasilis, em 2015, em Fortaleza. Nascida em Quixadá, CE, ainda criança chegou a participar na organização de campanhas de doações de alimentos e brinquedos para pessoas carentes.
A ideia de criar seu próprio negócio surgiu em sala de aula. Na ocasião, Emanuelly lecionava para uma turma do EJA (Educação de Jovens e Adultos) em uma escola pública de Fortaleza, Ceará, quando percebeu que grande parte de seus alunos estavam conectados à internet através de seus smartphones. Muitos utilizavam aplicativos de mensagens instantâneas e redes sociais para compartilhar diversos conteúdos em sua rede de contatos, no entanto, não se preocupavam em saber se o processo era, de fato, seguro.
“Uma professora da mesma escola criou um projeto onde os alunos poderiam melhor utilizar aquela tecnologia. Um ano depois, percebi que poderia quadruplicar minha turma de alunos. Foi ali que me veio a ideia de montar o negócio.”, conta Emanuelly.
A Social Brasilis é um negócio de impacto social que busca empoderar pessoas através da educação. Lá, os participantes atuam na criação e no desenvolvimento de tecnologias sociais e programas educacionais e corporativos com base no conceito de empreendedorismo social e que, posteriormente, serão disponibilizados em plataformas virtuais de aprendizagem.
Estas plataformas funcionam como “redes sociais” onde as pessoas vão aprender, através de games e processos gamificados, a construir soluções para o futuro.
Não se nasce empreendedor; torna-se!
Um dos maiores desafios enfrentados por quem pensa em empreender é, justamente, a falta de conhecimento suficiente sobre como funciona o mundo dos negócios. No caso de Emanuelly, que é professora por formação, teve que aprender sobre empreendedorismo por conta própria enquanto construía seu negócio. “Estava totalmente sem conhecimentos e recursos, fui com a cara e a coragem. E não é um processo rápido. Considero que ainda estou ‘desconstruindo’ o que já construí com todo o esforço.”, diz Emanuelly.
A jornada do empreendedor é solitária e requer um grande senso de resiliência, e para quem deseja criar algum negócio de impacto, os desafios que vão surgindo no caminho podem dificultar a concretização do seu maior objetivo: transformar vidas.
Com Emanuelly não foi diferente. Diante das dificuldades, ela chegou a pensar em desistir. “São erros, acertos e os constantes desafios do setor que nos desestimulam. Mas, ao mesmo tempo, quando você vê o impacto gerado na vida das pessoas, isso acaba se tornando um estímulo para que outras mulheres, jovens, pessoas residentes nos interiores e zonas rurais sejam protagonistas de suas próprias histórias, o sentimento é libertador.”
As novas tecnologias como agente transformador da rede pública de ensino no Brasil
Democratizar a educação é um dos objetivos da Social Brasilis, e para isso, o uso da tecnologia é trabalhado como grande aliado na inclusão social. Apesar do acesso à tecnologia ser muito mais fácil hoje em dia do que há alguns anos, a metodologia utilizada em grande parte das escolas brasileiras, sobretudo as da rede pública, encontram dificuldades para acompanhar as constantes mudanças do campo tecnológico.
Diante disso, a velocidade com que o mundo está se transformando pode dificultar o ingresso das próximas gerações no mercado de trabalho no futuro. “A geração que sai da escola agora possivelmente encontrará um mundo transformado no qual ela não foi preparada para viver. Isso pode acabar gerando um grande déficit de trabalho no futuro e a partir disso um novo processo de desigualdade social e exclusão passam a existir, principalmente para os mais pobres.”, explica Emanuelly.
Para o futuro, a Social Brasilis planeja desenvolver uma nova tecnologia em larga escala e impactar o maior número de pessoas em diversos lugares pelo Brasil através do empreendedorismo social. Segundo Emanuelly, “A educação está em tudo e é a resposta de todas as nossas inquietações sociais. O uso da tecnologia, por exemplo, também é um processo educacional, onde aprendemos a como lidar e usá-la de forma sadia, consciente e positiva diariamente.”
Com o crescimento do ecossistema aqui no Nordeste, é esperado o aumento de estratégias e participação de atores locais, além da construção de novos empreendimentos baseados nos desejos e anseios da vida de quem precisa.
E para você que está dando os primeiros passos no empreendedorismo social, Emanuelly tem algumas dicas. “Busque o apoio de pessoas que já estão nesse ecossistema para que elas possam compartilhar com você tudo aquilo que aprenderam e vivenciaram no processo. Na minha experiência, gostaria de ter tido maior conhecimento sobre os processos jurídicos e burocráticos que envolvem o empreendedorismo. Fui descobrindo tudo isso somente durante minha caminhada.”