A educação contextualizada tem um potencial imenso de mudar a forma como os estudantes aprendem e enxergam suas comunidades e territórios. Isso porque é um modo de educar e ensinar a partir da realidade em que os estudantes estão inseridos, considerando os saberes tradicionais inerentes à cultura local, conciliado ao conhecimento técnico que tradicionalmente é trabalhado nas escolas.
É incontestável a importância de falar e pensar em mecanismos e estratégias que viabilizem a introdução de conceitos, conhecimentos e práticas relacionadas à formação sobre protagonismo, empreendedorismo, cooperação, sustentabilidade e convivência com o semiárido enquanto temas transversais ao conteúdo do currículo formal escolar.
Aproveitando-se dos saberes, fazeres e dos conhecimentos empíricos acumulados pelos estudantes e a partir das interações com o meio, cria-se possibilidades de aprender e discutir sobre a realidade local. Os estudantes podem pensar em soluções criativas e, com isso, investigar e analisar o conhecimento sobre as pessoas, sobre a cultura, sobre os costumes, valores e potencialidades que existem onde vivem. Assim, laços de interesse e pertencimento são criados, ampliando a visão e a compreensão sobre a realidade local e sobre o território.
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.”
Rubem Alves
Rubem Alves já dizia: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.” Nós, da Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), temos implementado projetos de educação contextualizada em territórios rurais por entendermos o valor que têm ensinar e aprender com a realidade que se vive. Os professores e professoras, quando abordam em sala de aula a realidade local, estão potencializando as experiências comunitárias e despertando nos estudantes o valor da sua história e do lugar onde vive. A escola que trabalha com a educação contextualizada certamente dá asas aos estudantes para ir além do conhecimento técnico, forma cidadãos e futuros atores sociais capazes de provocar transformações positivas e efetivas em suas localidades.
Por fim, é uma educação transformadora, construtiva e propositiva. Permite a crianças, adolescentes e jovens perceberem a aprendizagem como real contribuição para o seu desenvolvimento como pessoas, capazes de ajudar suas famílias, apoiar suas comunidades e fazer a diferença no mundo sensível em que vivemos.
Aurigele Alves é Diretora de Programas na Adel. Cofundadora, tem experiência na área de gestão de projetos sociais com atuação na área cultural e assessoria técnica a jovens e agricultores familiares. Anteriormente, atuou no Projeto Agricultura Familiar Agroecologia e Mercado da Fundação Konrad Adenauer. A trajetória dela na Adel iniciou-se como jovem beneficiária do Programa Jovem Empreendedor Rural. É técnica em Agropecuária, graduada em Administração, pós-graduanda em Metodologias Ativas de Aprendizagem.