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Cerca de 34% das doações declaradas publicamente no Brasil foram de pessoas físicas em 2022; Saiba como direcionar seu IR para o bem

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O Monitor das Doações contabilizou mais de R$ 1,41 bilhão de doações anunciadas em 2022. CFC incentiva população a destinar parte do imposto para instituições sociais credenciadas.

O Monitor das Doações contabilizou mais de R$ 1,41 bilhão de doações anunciadas em 2022, por 396 doadores diferentes, dos quais 219 foram doadores individuais, 132 empresas, 44 organizações sem fins lucrativos e duas empresas públicas. No total, foram mais de R$ 110 milhões em doações de pessoas físicas no último ano. O Monitor das Doações é uma iniciativa da Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), com o apoio do GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas) e contabiliza doações anunciadas publicamente com valor igual e/ou superior a R$ 3 mil. 

Em 2023, até o dia 24 de fevereiro, o Monitor das Doações contabilizou mais de R$ 19 milhões em doações, por 32 doadores. Na última semana, a plataforma contabilizou mais de R$ 10 milhões em contribuições para ajuda emergencial à população atingida pelos deslizamentos de terra e inundações no litoral norte de São Paulo. A maior doação é da Gerando Falcões, no valor de R$ 5 milhões, e pela Febraban, com R$ 2,4 milhão.

No último ano, as doações de pessoas físicas tiveram um valor médio de R$ 450 mil e foram destinadas majoritariamente para as áreas de educação, assistência social, saúde e fortalecimento da filantropia a instituições como Cruz Vermelha, Gerando Falcões, Associação Transforma Brasil, Irmandade Santa Casa da Misericórdia de Ilha Bela, Hospital Nora Teixeira, Centro Comunitário das Crianças Nossa Senhora do Guadalupe e Centro Comunitário das Crianças Nossa Senhora do Guadalupe. 

Os principais doadores individuais incluem a filantropa Lia Maria Aguiar, com R$ 40 milhões, Bernardo Paz, com R$ 25 milhões, Família Ribeiro, com R$ 10 milhões, o DJ Alok com R$ 3,44 milhões, Família Vontobel, com R$ 2 milhões, Elie e Susy Horn, com R$ 1,4 milhão, Gisele Bundchen, com R$ 1,1 milhão, e Rubens Ometto com R$ 1 milhão. Entre as celebridades, destacam-se também o cantor Wesley Safadão, com R$ 760 mil, a cantora Anitta, com R$ 500 mil, o ator e ex-deputado federal Alexandre Frota, com R$ 200 mil, a cantora GKay, com R$ 100 mil e o apresentador Luciano Huck, com R$ 77.124. A influenciadora Virginia Fonseca também realizou doações no valor de R$ 310 mil. Outros influenciadores que tiveram doações contabilizadas foram Casimiro, com R$ 50 mil, Nobru, com R$ 39 mil e Jojo Todynho com R$ 10 mil.

A generosidade está cada vez maior no Brasil, que passou a ocupar a 18ª posição entre os países mais solidários do mundo em 2022, de acordo com o World Giving Index 2022, da organização britânica Charities Aid Foundation (CAF), representada no Brasil pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social. O número representa um recorde em relação a 2021, quando o país ocupava a 54ª colocação no ranking geral. A pesquisa revelou também que a Indonésia foi considerada a nação mais generosa do mundo pelo quinto ano consecutivo, seguida pelo Quênia, em segundo lugar. 

Para o diretor-executivo da ABCR, Fernando Nogueira, em 2023, “esperamos ver mais doadores e valores maiores. Sabemos que há muitos filantropos que doam e nem sempre dão publicidade ao seu ato de generosidade. Torcemos para que falar sobre doação e envolvimento com causas sociais seja cada vez mais comum no dia a dia das pessoas, contribuindo para uma Cultura de Doação cada vez mais forte no Brasil”, comenta.

Na lista de principais doadores do setor empresarial, destacam-se as empresas públicas, como o BNDES, com R$ 412 milhões, e a Petrobras, com R$ 280 milhões anunciados em doação. Já dentre as empresas aparecem na lista em primeiro lugar a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE, com R$ 70 milhões, a Cargill, com R$ 56 milhões, a Gerdau, com R$ 40 milhões, a Cacau Show, com R$ 20 milhões, e o Grupo Heineken, com R$ 15 milhões. Mais informações sobre o Monitor das Doações, acesse www.monitordasdoacoes.org.br

Como direcionar seu IR para organizações de sua preferência?

Todos os anos, precisamos realizar a Declaração de Imposto de Renda da Pessoa Física (DIRPF) e, às vezes, é necessário pagar alguma diferença de imposto para o Governo Federal. O que algumas pessoas não sabem é que é possível direcionar uma parte desse valor para o Fundo da Criança e do Adolescente e também para o Fundo do Idoso. 

O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) incentiva os contribuintes a destinarem o Imposto de Renda para as instituições cadastradas, porque é uma das maneiras de custear essas atividades sociais. O conselheiro do CFC Adriano Marrocos ainda ressalta que essa ajuda não adiciona custos para o contribuinte e pode ser feita a nível nacional, estadual ou municipal. 

A pessoa física pode destinar até 3% do imposto devido na hora de fazer a declaração. Basta selecionar a opção “Doações Diretamente na Declaração” e escolher a organização não governamental (ONG) que desejar. O próprio programa indica o limite que poderá ser doado. Essa opção só aparece para quem escolher a declaração completa (deduções legais), pois não há essa opção no documento simplificado. 

Outro detalhe que o contribuinte pode estranhar é que serão impressos dois Documentos de Arrecadação da Receita Federal (DARFs). Um deles é a primeira quota ou a quota única do imposto devido, apurado na declaração. Já o segundo é referente à doação. Caso haja perda do prazo de pagamento do DARF do valor destinado à entidade social escolhida, o contribuinte fica obrigado a recolher a diferença, a título do imposto de renda.

Adriano orienta escolher uma ONG que atue próximo de onde o contribuinte mora ou trabalha, tanto no fundo estadual quanto no fundo municipal. “Destinar seu imposto para as instituições que atuam no município em que mora ou trabalha é ajudar quem está próximo da sua realidade”, explica. 

Vale lembrar que quem realizou algum tipo de doação para ONGs e instituições sociais ao longo de 2022 deve preencher a ficha “Doações Efetuadas”, com os códigos 40 (Doações – Estatuto da Criança e do Adolescente) ou 44 (Doações – Estatuto do Idoso). Assim, o contribuinte poderá deduzir até 6% do imposto de renda apurado na declaração, já que essa iniciativa traz um impacto financeiro para quem paga e para quem recebe. Existem ainda as doações de incentivo à cultura, à atividade audiovisual, ao desporto, todas dedutíveis. Embora algumas não sejam dedutíveis, como as doações em dinheiro, bens ou direitos de uma pessoa física para outra pessoa física, todas devem ser declaradas por ambas as partes.