Impacta+Sustentabilidade

Coletivo criado por estudantes de Recife durante a pandemia auxilia comunidades a obterem segurança e autonomia alimentar

3 mins de leitura

A Rede pela Transição Agroecológica une pessoas, instituições, coletivos e pequenos produtores com o propósito de contribuir para a transição agroecológica das pessoas e dos seus territórios, gerando autonomia alimentar, cultural e produtiva.

A pandemia da coronavírus escancarou ainda mais as desigualdades sociais e a insegurança alimentar. Segundo dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (2º VIGISAN), 14 milhões de novos brasileiros estão em situação de fome no país. Além de mais da metade da população (58,7%) conviver com a insegurança alimentar em algum grau – leve, moderado ou grave (fome), de acordo com estudos recentes realizados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (REDE PENSSAN).

Diante desse contexto, um grupo de estudantes do Sistema Agroflorestal Experimental da Universidade Federal de Pernambuco (SAFe-UFPE) se uniram com o intuito de expandir os projetos do SAFe para as cidades do Recife. Para viabilizar as informações acerca desse projeto para mais pessoas, foi criada uma plataforma digital, com o apoio da ONG RAIN e do Coletivo SAFe, denominada: Rede pela Transição Agroecológica.

Ações implementadas através da Rede pela Transição (Fotos: Divulgação/Rede pela
Transição)

Promovendo a agroecologia e a autonomia alimentar

A plataforma e as redes sociais da Rede pela Transição Agroecológica são utilizadas para o compartilhamento e troca de saberes voltada a quem deseja ser multiplicador de práticas sustentáveis nos seus territórios/espaços educativos ou comunidades. As estratégias são reunidas e repassadas por meio de vídeos, materiais complementares, financiamento coletivo e captação de recursos.

Todas as informações necessárias para o multiplicador realizar a implantação do projeto nas comunidades estão disponíveis na plataforma, que oferece jornadas de aprendizagem gratuitas para dar suporte à atuação do multiplicador, a partir de temas como: conhecimento sobre agricultura urbana, relação consigo e com o mundo, saúde integral, água, alimentação saudável e resíduos, conteúdo compartilhado tanto por estudantes, como por instituições e coletivos que desejam se voluntariar pela causa.

Ações implementadas através da Rede pela Transição (Fotos: Divulgação/Rede pela
Transição)

Para a implementação do projeto, são distribuídos kits ecológicos em espaços coletivos da agricultura urbana em comunidades de baixa renda, contendo: mudas alimentícias e medicinais, ferramentas e materiais, sistemas de irrigação e armazenamento de água da chuva, assessoria técnica em agroecologia e exemplares da cartilha “Agroecologia e Saúde nas Cidades”.

Parcerias para ampliar o impacto

Desde 2020 a rede estabeleceu parcerias com outras organizações que permitiram expandir sua metodologia para diversas comunidades. “Atuamos no projeto “Mulheres e Soberania Alimentar em Tempos de Pandemia” do Fundo Casa Socioambiental. Criamos e lançamos a cartilha “Somos Todas Passarinhas: Agroecologia e Saúde nas Cidades”, com seu respectivo Guia de uso escolar no Ensino Médio”, conta Mariana Maciel, co-cridadora da rede.

“Esta cartilha aborda diferentes formas de aplicar a agroecologia em nossas vidas e no nosso dia-a-dia, com informações que nos ajuda a identificar as problemáticas socioambientais pensando de forma global e agindo localmente”, completa Samarina Fernandes, assessora técnica de quatro comunidades do projeto.

Atualmente são apoiadas 9 comunidades periféricas da Região Metropolitana do Recife por meio do projeto “Comunidades Agroecológicas nas Cidades”, viabilizado por meio de campanha de financiamento coletivo onde os recursos foram utilizados para implementar tecnologias sociais, jardins agroecológicos e distribuição das cartilhas.

Ações implementadas através da Rede pela Transição (Fotos: Divulgação/Rede pela
Transição)

A experiência do coletivo também gerou dois projetos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais (PROFCIAMB-UFPE). Os projetos “Agroecologia na cidade: reconectando saberes populares à educação formal”, produzido pela própria Mariana, e “Rede pela Transição: conectando pessoas e saberes para a sustentabilidade ambiental”, de Ravi Santos da Rocha, também participante do Coletivo SAFe.

A Rede pela Transição é um coletivo aberto para quem queira participar com ideias, temas ou atuar como multiplicador, sempre com o intuito de pensar global e agir localmente, como é incentivado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) através dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Para se inscrever como multiplicador ou obter mais informações, acesse o site: rede.coletivosafe.org.

Andrezza Araújo, 28 anos, é Bióloga especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, consultora e auditora interna em sustentabilidade, CEO da Ecoetix, educadora e entusiasta de soluções que geram impacto positivo a natureza e a sociedade.

Andrezza é uma das jovens selecionados no programa Impulsio.ne e faz parte da Rede de Jovens Lideranças de Impacto do Nordeste.