Impacta+

Como o Conselho Britânico está apoiando a economia criativa no Nordeste: Conheça o programa DICE

4 mins de leitura

Por Impacta Nordeste
Fotos: Sebrae RN


Você sabe o que é Economia Criativa? De forma geral, é toda atividade econômica que tem como matéria-prima a união da criatividade e capital intelectual. Além de gerar lucro, este tipo de negócio deve causar impacto cultural, intelectual e criativo na sociedade. Publicidade, Design, Moda, Música, Artes Cênicas e Audiovisual são alguns exemplos de atividades que compõem essa indústria.

A ideia de economia criativa nasceu na Austrália em meados dos anos 90 e rapidamente se espalhou por diversos países ao redor do mundo. Pouco tempo depois, foi considerada pela ONU como uma poderosa ferramenta de transformação social.

Não é novidade para ninguém que o povo brasileiro sabe ser bastante criativo na hora de inventar algum tipo de negócio lucrativo. Essa característica logo chamou a atenção de outros países que investem a fundo no segmento de economia criativa, como por exemplo o Reino Unido, considerado uma das maiores potências deste setor. Muitas ideias boas e lucrativas surgem no Brasil, mas que infelizmente acabam se perdendo pelo caminho devido à falta de investimento e conhecimento necessário para colocá-las em prática.

Pensando nisso, o Conselho Britânico, organização pública do Reino Unido fundada em 1934, que tem como objetivo difundir o conhecimento da língua inglesa e cultura britânica em outros países através de diversas ações educativas e culturais, incluiu o Brasil no seu programa exclusivo de desenvolvimento de economia criativa, o DICE (Developing Inclusive and Creative Economies).

A missão do programa DICE é estimular o crescimento de diversos tipos de negócios que se enquadrem na esfera da economia criativa e impacto social. Atualmente, o DICE está presente em cinco países: Egito, Paquistão, África do Sul, Indonésia e Brasil. No Brasil, o foco do programa é voltado para pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, como mulheres, negros e moradores de periferias.

De acordo com Fernanda Rebelato, Oficial de Projetos do Conselho Britânico, a estrutura do Programa DICE é trabalhar para o desenvolvimento de economias mais inclusivas. “Em cada país, o DICE tem uma ‘cara’ específica. Aqui no Brasil, considerando os segmentos que compõem o Conselho, o DICE está inserido no programa voltado para as artes.”, explica Fernanda.

A larga experiência do Conselho Britânico em causas culturais e socioeconômicas, facilita bastante a execução destas atividades em cada país onde está inserido, apesar das discrepâncias culturais. Para cada lugar, o DICE sofre adaptações de acordo a realidade vivida naquele país.”, explica.

DICE no Brasil

O setor de economia criativa ainda apresenta maior concentração na região Sudeste do Brasil. Quando o DICE chegou no país, São Paulo, Santos, Rio de Janeiro e Belo Horizonte foram as cidades escolhidas para receber o programa de desenvolvimento.

Motivados em descentralizar este ecossistema para que outras localidades também pudessem ter acesso à esta oportunidade, o DICE escolheu Pernambuco como o primeiro estado do Nordeste para receber a iniciativa britânica. “Desde o início que o papel do DICE é alcançar novos públicos, principalmente àqueles que vivem em situação de risco.”, afirma Fernanda. Além de Pernambuco, a Bahia, o Maranhão e o Rio Grande do Norte também foram incluído na agenda do programa.

A expansão do DICE no Nordeste foi possível após a formalização de uma parceria com o SEBRAE. Segundo Fernanda, a instituição sempre demonstrou interesse em firmar uma aliança com os estados do Nordeste a fim de fortalecer a economia criativa feita na região.

Apesar do foco do DICE ser o desenvolvimento da economia criativa, aqui no Brasil o programa também vem atuando no segmento de negócios sociais. “O DICE trabalha bastante com a intersecção destes dois setores, tanto a área de negócios de impacto trabalhando a economia criativa, assim como promover a economia criativa como ferramenta de impacto social.”, explica Fernanda.

DICE Fellowship

A estrutura do DICE é formada por três estratégias de trabalho: sistêmica (engajamento com formadores de opinião e políticas públicas), intermediária (organizações que compõem o ecossistema e moldam os trabalhos de economia criativa e negócios de impacto) e individual. 

A etapa Individual oferece suporte a empreendedores que possuem projetos de economia criativa através de uma metodologia desenvolvida pelo próprio DICE, o DICE Fellowship.

O DICE Fellowship surgiu no DICE Paquistão após a experimentação de uma metodologia dirigida a jovens empreendedores em situação de vulnerabilidade. Foi desenvolvido pelas instituições Nordicity (Reino Unido) e a School of Leadership (Paquistão), ambas parceiras do Conselho Britânico. Ao observar algumas similaridades entre o Brasil e o Paquistão, o Conselho concluiu que a metodologia DICE Fellowship poderia ser replicada por aqui. 

Para Fernanda, “As parcerias entre o Conselho e os países que recebem a iniciativa DICE acabam virando um grande eficiente canal de comunicação, onde cada nação poderá compartilhar as experiências vividas através do programa e acompanhar os resultados obtidos em cada lugar.”

O DICE é um programa piloto com duração de dois anos. De acordo com Fernanda, antes de definir quais serão as próximas estratégias para o DICE em 2020, o momento agora é de avaliar os resultados obtidos ao longo do período de aplicação da metodologia inglesa/paquistanesa no DICE Fellowship Brasil. “Será por meio dessas experimentações que vamos conseguir deixar o programa ainda ‘mais local’ tanto a nível Brasil quanto à nível Nordeste, para, em seguida, começar a planejar a sua continuação.”

Gostou do nosso site? Siga o Impacta Nordeste, assine a nossa newsletter e compartilhe com os amigos!