No negócio, a pessoa está no papel principal, e em segundo, a organização.
O propósito é pessoal, mas os negócios exercem um papel importante na forma como o expressamos. Ou seja, o trabalho tem papel fundamental em dar às pessoas um senso de propósito.
Assim, permitam-me perguntar: Qual o impacto que o propósito tem no seu negócio? Qual o impacto que sua empresa tem em seu próprio senso de propósito?
Quando pensamos sobre o propósito individual, ele quase sempre é traduzido em um sentido abrangente: propósito é o que importa na vida de uma pessoa. Eu gosto de usar o termo “azimute”, pois traduz a ideia de se ter um senso de direção. Mas, acredito que sabemos intuitivamente como é ter propósito ou como ser de propósito. É quando você se sente energizado, inspirado, ligado e vivo.
No contexto pessoal, pensar em propósito é ter clareza do que exatamente o trabalho significa para cada um, ou o que se tem a tirar do trabalho. É apenas um cheque que facilita o resto da minha vida ou é algo mais significativo?
É preciso deixar para trás a arrogância daqueles líderes que pensam que ditam às pessoas qual é o propósito delas. Isso é um absurdo. As pessoas decidem qual é o seu propósito. É função do líder descortinar os valores mais elevados do negócio – esse é o caminho que ajuda as pessoas a levar os valores e missões do negócio a um ponto mais preciso do que importa para elas e descobrir se elas podem ou não criar uma função ou uma experiência dentro da organização que ajude a atingir isso.
A geração do milênio vê o trabalho como sua vocação de vida. O que isso significa é que eles procuram oportunidades no trabalho que fazem diariamente. E, concretamente, constroem e contribuem para o que acreditam ser seu propósito.
Enquanto isso, a geração Z não quer ser associada a pessoas que são desprezíveis ou fazem coisas que prejudicam o mundo. Quer estar associada a pessoas que são uma força do bem.
O comportamento e as escolhas da geração do milênio e da geração Z tornam mais verdadeiras as novas funções que os negócios têm. O trabalho desempenha uma contribuição econômica, em termos de carregar e sustentar as pessoas que você ama. Isso levará cada um ser muito mais específico em termos das atividades para as quais esses indivíduos gostariam de dedicar seu tempo e seu esforço.
Por outro lado, há quem entenda que o propósito organizacional simplesmente não importa muito. Para essas pessoas, é apenas um cheque. E sabe por quê? Porque o propósito pessoal, o propósito individual, é primordial.
Há uma quantia que as pessoas dão para o trabalho ou vocação. Esse é o espaço onde a empresa pode atuar, e os negócios precisam tentar maximizar esse valor.
De acordo com Naina Dhingra e Bill Schaninger, atualmente, quase sete em cada dez funcionários estão refletindo sobre seu propósito por causa do COVID-19. Os funcionários que dizem que vivem seu propósito no trabalho têm seis vezes e meia mais chances de relatar maior resiliência. Eles são quatro vezes mais propensos a relatar melhor saúde, seis vezes mais propensos a querer permanecer na empresa e uma vez e meia mais propensos a ir além para tornar sua empresa bem-sucedida.
Ou seja, quando o negócio ajuda seus funcionários a encontrar e viver seu propósito no trabalho, eles se saem melhor e são mais propensos a querer ficar, bem como a querer ir além.
Mais uma vez, os indivíduos têm propósito. As empresas não dão isso a uma pessoa. A empresa como uma entidade, como um grupo de pessoas coletivamente tentando fazer algo, pode ter um propósito declarado e compartilhado.
O desafio é ir além da atratividade dos indivíduos que veem o propósito declarado da organização para ter uma noção se é real ou não, e se fortalece ou não seu sentimento de pertencimento.
Assim, as organizações funcionam como um canal. Elas podem tornar seu propósito visível. Elas podem mostrar claramente uma ligação entre o que estão pedindo a uma pessoa para fazer e o propósito declarado do negócio. Mas, é o indivíduo sozinho que tem o poder para decidir qual é o seu propósito e se ele se alinha ou não com o da empresa.
*Artigo publicado orginalmente na Forbes Collab replicado com autorização do autor.
Haroldo Rodrigues Jr. É sócio fundador da investidora IN3. Criador do Instituto Internacional de Inovação de Fortaleza – I3FOR e o Centro de Pesquisa em Mobilidade Elétrica – CPqMEL. Ex-Diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza – UNIFOR. Ex- Presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Ceará – FUNCAP. Ex-Presidente da Agência Reguladora do Estado do Ceará – ARCE.