Diversas entidades protegem e realizam um trabalho de conservação no litoral nordestino com projetos que vão do mapeamento dos meios biológico, geomorfológico e social à preservação de espécies marinhas.
Hoje, 8 de junho, é celebrado o Dia Mundial dos Oceanos. A data foi criada em 1992 durante a Cúpula da Terra, Rio-92, realizada no Rio de Janeiro. Em 2008, a Organização das Nações Unidas (ONU) oficializou a comemoração em seu calendário e traz como tema para este ano a Revitalização: Ação Coletiva pelo Oceano.
A data foi criada com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a importância dos oceanos para a vida na Terra e para a sociedade humana. O oceano é um elemento fundamental para a vida no planeta – cobrindo 70% da superfície terrestre e inúmeros são os serviços ecossistêmicos prestados, como a colaboração para o equilíbrio climático, como sumidouro de carbono e produtor de oxigênio, além de fornecedor de alimentos e matérias-primas.
Em 2017, a ONU estabeleceu o período de 2021 a 2030 como a década para o desenvolvimento sustentável da Ciência nos Oceanos, com o intuito de incrementar a cooperação em pesquisas e programas científicos para o melhor gerenciamento dos mares e zonas costeiras, reduzindo os riscos das atividades marítimas.
Ainda de acordo com a organização, o mercado de recursos marinhos, costeiros e a indústria do oceano produz cerca de US$ 3 trilhões por ano. As Nações Unidas estimam que o valor corresponde a cerca de 5% do Produto Interno Bruto global.
“Os oceanos são uma fonte de oportunidades econômicas para uma grande parte da população mundial. São também uma fonte de alimentação: quatro em cada 10 pessoas, em todo o mundo, dependem dos oceanos para as suas necessidades de proteínas especificamente. Os oceanos são também importantes para as pessoas porque representam uma forma de lidar com as alterações climáticas. Por exemplo, eles absorvem uma grande quantidade de emissões de carbono e conseguem ajudar-nos a lidar com o aquecimento. Por isso, têm uma contribuição essencial para muitos aspectos da vida das pessoas”, disse o chefe do Escritório do Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, Pedro Conceição, em recente entrevista.
As comemorações também chamam a atenção para os impactos negativos e ameaças que os oceanos sofrem, como a poluição por resíduos sólidos e químicos, a destruição de áreas ambientais importantes, a sobrepesca e o esgotamento de estoques pesqueiros e da biodiversidade marinha e costeira.
Cerca de 80% do lixo marinho tem origem em terra e são compostos basicamente de plástico, vidro, metal e madeira causando ameaça à saúde das espécies marinhas e humanas. Os plásticos são o principal detrito encontrado no ambiente marinho e podem levar até 500 anos para se decompor. Com isso, afetam diretamente a fauna marinha, pois os animais ingerem esse material confundindo com alimentos, causando sua morte e contaminando cadeias alimentares, com sérios impactos na saúde humana.
Para conscientizar a sociedade, lutar pela preservação dos oceanos, realizar educação ambiental e pesquisas científicas é que existem organizações com o importante papel de realizar ações em prol dos oceanos e da vida marinha.
Conheça abaixo algumas dessas organizações que desempenham esse importante papel de preservação dos oceanos no litoral do Nordeste.
Oceânica
A Oceânica foi fundada em 2002 e tem como missão cuidar da vida no litoral e do oceano, em toda a sua diversidade. A instituição tem como principal área de atuação o litoral do Rio Grande do Norte, no entanto ao longo da trajetória mergulhou em outros territórios como Fernando de Noronha e também em águas internacionais, como o mar do Caribe.
Suas ações de pesquisa envolvem estudos de mapeamento e caracterização dos meios biológico, geomorfológico e social em áreas estratégicas em função do uso e potencialidade do ambiente. Nas ações de educação ambiental, a instituição trabalha tanto com o sistema educacional formal, envolvendo educadores e alunos, quanto na educação informal, na capacitação de pessoas locais e grupos de usuários do litoral. Ao longo dos anos de atuação formaram uma extensa experiência na organização de campanhas educativas voltadas à conservação dos recursos marinhos.
Além da realização de programas e projetos, participaram ativamente das ações em políticas públicas de caráter socioambiental e na promoção de fóruns de discussão sobre o ordenamento, conservação e sustentabilidade no litoral potiguar.
Projeto Tamar
Instituição que atua no litoral brasileiro desde a década de 80, o Projeto Tamar tem como missão promover a recuperação das tartarugas marinhas, desenvolvendo ações de pesquisa, conservação e inclusão social. A entidade é co-executora do PAN – Plano Nacional de Ação para a Conservação das Tartarugas Marinhas no Brasil do ICMBio/MMA, sendo responsável por grande parte das ações previstas.
Está presente em 23 localidades distribuídas em oito estados brasileiros, entre zonas costeiras e ilhas oceânicas: Rio Grande do Norte, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina. O projeto desenvolve ações de pesquisa, manejo e proteção das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, além de atividades de envolvimento comunitário, inclusão social, sensibilização e educação ambiental, valorização da cultura local e geração de oportunidades de trabalho e renda.
Como resultado desse esforço contínuo vem obtendo conquistas importantes: recuperação das populações de tartarugas comprovada; ampliação do conhecimento científico; apoio das comunidades litorâneas que cessaram o uso direto das tartarugas passando a protegê-las; sensibilização e apoio da sociedade em geral e a geração de recursos próprios (sustentabilidade).
Ecoassociados
De Pernambuco, a Ecoassociados atua desde 1998 realizando ações fundamentais para a conservação de tartarugas marinhas. A ONG realiza ações de pesquisa, educação ambiental, monitoramento de tartarugas marinhas e na formação de profissionais, através do programa de voluntariado.
As ações ocorrem, principalmente, no município do Ipojuca, litoral sul de Pernambuco, mas também de forma pontual em outros locais do estado. Os dados referentes ao monitoramento das tartarugas são utilizados para alimentar um sistema de informações que contribuem nas ações de políticas públicas nacionais de conservação desses animais.
A Ecoassociados, atualmente, integra a Rede de Conservação de Tartarugas Marinhas do Nordeste (RETAMANE) e a Rede ASO – Tartarugas que reúne três países: Brasil, Uruguai e Argentina, localizados na área do Atlântico Sul Ocidental (ASO) e tem como objetivo divulgar as ações comuns aos países para a pesquisa e estratégias de conservação de tartarugas marinhas.
AQUASIS – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos
A AQUASIS – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos foi fundada em 1992 por um grupo de estudantes da Universidade Federal do Ceará – UFC e Universidade Estadual do Ceará – UECE, no anseio não apenas de pôr em prática aquilo era aprendido na academia, mas também pela percepção de que a vida marinha, já naquele tempo, precisava de ajuda. A união de jovens dispostos a fazer a diferença era o esforço necessário para fincar as bases do que hoje se materializa como uma das instituições conservacionistas mais respeitadas do país.
Hoje, a instituição conta com três frentes de atuação: o Programa de Mamíferos Marinhos (PMM), o Programa de Aves (PAVES) e o Núcleo de Educação Ambiental (NEA).
A Aquasis é uma instituição comprometida não apenas com a conservação de espécies ameaçadas de extinção, como também tem o objetivo de fomentar ações que promovam o protagonismo das comunidades locais, ampliando seu potencial de desenvolvimento sustentável, trabalhando sempre em parceria com lideranças e membros do poder público dos município onde suas bases se encontram.
Instituto Biota de Conservação
Com a missão de promover a conservação da fauna marinha e seu habitat, com foco em mamíferos e tartarugas, o Instituto Biota de Conservação foi fundado em 2009, em Maceió (AL). A instituição é composta por uma equipe multidisciplinar, que vem contribuindo para a pesquisa científica e conservação da fauna e ecossistemas marinhos, mediante a execução de projetos, ações de sensibilização ambiental e representação em fóruns de políticas públicas.