Organização criada por jovem nascido e criado na favela do Inferninho, em Fortaleza, desenvolve diversos projetos na comunidade que vão desde capacitações a uma frente para solucionar problemas do território.
“Potencializando sonhos com oportunidade e inovação social na Favela”. É assim, com “F” maiúsculo, de ser único e próprio, que o Instituto Pensando Bem olha para a comunidade do Inferninho, localizada no bairro Vila Velha, em Fortaleza.
Quando pensamos em inovação, automaticamente, imaginamos uma “lâmpada acesa” e nos vem à mente algo novo ou uma ideia diferente e muito provavelmente vindo de um local como o Vale do Silício, na Califórnia. Mas dadas as condições certas, a inovação pode acontecer em qualquer lugar. Quando as pessoas se tornam protagonistas de seus territórios, potencialidades podem aflorar e, consequentemente, transformar uma comunidade.
Fundada em 16 de novembro de 2020, o Instituto Pensando Bem surgiu a partir do olhar sensível de um jovem morador, que nascido e criado na Favela do Inferninho, entendeu que oferecer oportunidades para a sua comunidade iria torná-los protagonistas do seu próprio território e potencializaria a inovação dentro dela. Esse é o Rutênio Florêncio, que reconheceu a importância das oportunidades que lhe foram dadas ao longo da sua vida e resolveu devolver para a comunidade em forma de ONG.
Em 2020, Rutênio foi aprovado na Falcons University, da ONG Gerando Falcões, uma aceleradora de talentos com o intuito de capacitar grandes líderes comunitários e potencializar a inovação e tecnologia dentro da favela. Em seguida, a ONG de Rutênio foi acelerada também pela Gerando Falcões e assim nasceu o “Instituto Pensando Bem”. O que era apenas um sonho, tornou-se realidade.
No ano seguinte, nascia o “Beco do Céu”. Um beco geralmente é um espaço pequeno que leva “de uma viela para outra”, servindo de passagem para os moradores. E foi com esse olhar sensível para o beco, que antes era um espaço abandonado, e que foi revitalizado em conjunto com a própria comunidade, que hoje ele serve de porta de entrada para a base educacional do próprio Instituto.
Pensando Bem
O Instituto Pensando Bem, tem diversos programas dentro da Favela do Inferninho para capacitar desde crianças à idosos, levando assim, capacitações e conhecimento para todas as idades na comunidade. Hoje, o Instituto também trabalha com a frente para solucionar um dos grandes problemas da comunidade, que são as enchentes, em decorrência das chuvas.
Assim, o Instituto Pensando Bem é composto por “4P’s”, que são polos e programas. São eles:
PEETS: Polo de educação, esporte, tecnologia e sustentabilidade. Nele tem programas como o “educarte” com oficinas de matemática, alfabetização, inglês, ballet, pré-vestibular, educação ambiental, contação de história e pintura. O programa “Atleta do bem” leva oficinas de muay thai, jiu-jitsu, karatê, boxe e futebol para toda a garotada.Também não pode faltar o programa “Fav Tech” com informática, audiovisual, programação e maker.
PIP: Polo de inclusão produtiva. O PIP tem diversos programas, entre eles estão o “capacita favela – capacitações profissionalizantes” com cursos de gestão empresarial, gestão financeira, marketing, vendas e gestão de pessoas e o programa “empreend +” de maquiagem, manicure, cabeleireiro, barbeiro e design de sobrancelha, para que a comunidade possa empreender com qualidade.
PIDS: Polo de inovação, dados e sustentabilidade. O PIDS tem programas como o “pesquisa e planejamento (PP)” que tem a meta de controle de resultado e entregas e entregar um plano de gestão socioambiental de favela. Também tem o programa “ECOH (Ecologia e Hidrografia)” que é um plano de manejo, hidrológico da favela do inferninho, ainda dentro dele tem o “Favela sem enchente” e por último, o programa “GRU (Gestão de Resíduos Urbanos) que trás a meta de uma favela lixo zero e sustentável. No PIDS observamos a importância de uma pesquisa de qualidade para solucionar problemas ambientais e assim, consequentemente,oferecer uma melhor qualidade de vida para os moradores.
PAIS: polo de assistência e inclusão social. Aqui, vemos a importância de acompanhar de perto as mães, garantindo, através do programa “Vai Muier” uma maior autonomia para essas mulheres. Dentro dele tem o “Bucho Chei” que combate a fome e a insegurança alimentar, mostrando, assim, que o primeiro passo para uma pessoa ter qualidade de vida, é suprir as necessidades fisiológicas e básicas, uma delas é a fome.
As favelas surgiram de um grande êxodo rural do século passado. Hoje, sabemos que esse aglomerado de pessoas é um local cheio de potencialidades para desenvolver uma sociedade mais justa dentro do próprio território. O Instituto Pensando Bem, em quase 3 anos de atuação, já impactou mais de 400 famílias e se destaca por colocar a Favela em pauta e conseguir desenvolver projetos palpáveis e aplicáveis em toda a comunidade.
Cindy Carvalho, 26 anos, é naturalizada em Barbalha/CE, cresceu na capital paulistana e atualmente reside em Fortaleza/CE. É graduanda em Engenharia Ambiental e Sanitária, faz parte do Global Shapers HUB Fortaleza, foi vice-presidente e coordenadora de projetos do time Enactus IFCE Maracanaú e foi membro do Cuca Ambiental, projeto da prefeitura de Fortaleza voltado para a área ambiental da cidade. Diante da pluralidade de vivências nas trajetórias entendeu que as pautas de impacto social, meio ambiente, políticas públicas e juventudes é um somatório de informações que precisam ser divulgadas no cotidiano através da comunicação, tanto “on-line”, quanto “off-line”, nos bastidores, conversando no dia a dia.
Cindy faz parte da Rede Impacta Nordeste de Jovens Lideranças.