Nos anos 1950, foi cunhado o termo Responsabilidade Social Corporativa (RSC) para designar as atividades desempenhadas por empresas no cumprimento de metas sociais e ambientais. Por muitos anos, a RSC teve um caráter assistencialista e filantrópico, por meio de campanhas de doações de alimentos, apoio a eventos culturais e esportivos, e programas de voluntariado.
De lá pra cá, a fórmula para entregar ações de RSC foi mudando e evoluindo de acordo com o olhar do mercado. Passamos de ações pontuais para estratégias de longo prazo; tivemos mudanças na forma de comunicar e engajar o consumidor; o propósito das ações e projetos passou a ter conexão com o core bussiness da empresa; os indicadores passaram a ser questionados e exigidos.
Nos anos 90, um grupo de empresas e fundações brasileiras criou o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), com a missão de “aperfeiçoar e difundir os conceitos e práticas do uso de recursos privados para o desenvolvimento do bem comum” (GIFE, 2007)”. Esse grupo foi responsável por cunhar o termo Investimento Social Privado (ISP), pois sentiram a necessidade de se distanciar da visão assistencialista ainda presente nas ações de RSC. O ISP tem como proposta o repasse de recursos de forma estratégica, com resultados, objetivos e impacto claros; com corpo técnico especializado e com potencial para criar programas economicamente sustentáveis.
Nas últimas duas últimas décadas, entre crises econômicas mundiais, guerras entre nações e pandemia, a mentalidade do mercado mudou e novos termos foram cunhados. Em 2006, sob a influência das lentes do mercado financeiro, surge a sigla ESG (environmental, social and governance), que significa meio ambiente, social e governança – três áreas que passaram a ser consideradas pelos investidores como essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos. Adequar-se aos novos padrões amplia a competitividade no mercado e mostra aos stakeholders que o negócio tem solidez e transparência.
Há quem diga que ESG é uma onda passageira. No entanto, acho um equívoco essa afirmação. Os fenômenos sociais e ambientais que explicam a onda ESG estamparam o noticiário nos últimos anos: eventos naturais causados pela crise climática, migrações de populações devido a grandes secas ou conflitos armados, a pandemia de Covid-19, a mudança da mentalidade dos consumidores para um consumo mais responsável, os desdobramentos de movimentos como o Black Lives Matter, o crescimento populacional do mundo versus a concentração de riqueza, as manifestações populares em defesa dos governos democráticos, etc.
De forma isolada e em conjunto, esses eventos contribuíram para a potencializar a necessidade de pensar estratégias ESG. O setor financeiro, principal impulsionador e defensor dos critérios ESG, busca estabilidade de seus ganhos, e performar em ambientes de instabilidade não é atraente.
Você pode se perguntar: mas então o que minha empresa deve fazer com os projetos e ações de RSC que realizamos e queremos realizar?
Minha primeira sugestão é: passar a encarar o orçamento destinado para projetos como Investimento Social Privado. Com essa nova lente, comece a traçar estratégias sobre os projetos que deseja criar ou apoiar, esteja atento para indicadores e monitoramento, converse com os stakeholders e construa em conjunto de projetos de impacto socioambiental. O ISP é uma das respostas que a empresa pode entregar aos investidores.
Outra estratégia é aprender com quem já atua no segmento. Participar de eventos como o Congresso GIFE 2023, o maior encontro sobre Investimento Social Privado do Brasil, que acontece nestes dias 12 a 14 de abril em São Paulo, é uma oportunidade de conhecer organizações que já atuam na área e conhecer tendências. Nós, da consultoria maranhense Su Causa Mi Causa, estaremos lá. Acompanhe nossos perfis no Linkedin e Instagram (@sucausamicausa) para saber os principais temas discutidos no GIFE 2023.
Monique Moraes é maranhense e administradora, atua no mercado de impacto social desde 2013. Consultora ESG e Diretora da Su Causa Mi Causa. Tem especialização em Impacto Social (Instituto Amani), MBA em Gestão Empresarial (FGV) e especialização ESG e Stakeholders (FIA). Tem experiência em desenvolvimento de metodologias de impacto social e gestão de projetos. É professora convidada do módulo de Inovação Social e Negócios de Impacto da Pós-graduação de Inovação, Design e Experiência, da Universidade CEUMA