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Nordeste na COP27: atores da região apresentaram projetos e propostas para conter as mudanças climáticas

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A COP 27 mobilizou países, autoridades, organizações e ativistas para encontrar soluções para as mudanças climáticas. Confira um resumo da atuação de atores nordestinos na conferência.

*Imagem de capa por Matthew TenBruggencate em Unsplash

De 6 de novembro a 18 de novembro o mundo inteiro se voltou para a COP 27 – 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas – e para as discussões que reuniram 190 países na busca de encontrar soluções para as  mudanças climáticas em todo o planeta. O evento foi realizado na cidade de Sharm El Sheikh, no Egito.

O Brasil foi um dos signatários do Acordo de Clima de Paris e participou em duas frentes. Uma com o convite ao presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva que discursou no evento e afirmou que o combate às mudanças climáticas anda de mãos dadas com o combate à fome e à pobreza. Ele também marcou presença em vários debates e encontros individuais. A outra  com uma delegação do governo federal que lançou a Agenda Brasil + Sustentável com medidas adotadas nos últimos quatro anos que estariam alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. 

O Nordeste também se fez presente no evento com a presença de vários governadores da região, parlamentares, ativistas, pesquisadores, entre outros. Veja um compilado de como foi essa participação do Nordeste na COP 27:

Rio Grande do Norte 

A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, participou de vários painéis na COP 27 e enfatizou que a transição da matriz energética e o enfrentamento às mudanças no clima “devem estar associadas à promoção da cidadania, o que significa trabalho e melhor qualidade de vida para nossa população”.

Fátima Bezerra também participou da entrega da carta compromisso dos governadores pelo clima ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Numa das participações ela destacou que o Rio Grande do Norte se prepara para ampliar a produção, com a instalação de parques eólicos no mar. “Nosso governo está muito atento e fazendo a parte que lhe cabe. Inclusive, em parceria com as universidades, desenvolvemos o projeto para instalação de um porto que irá atender as necessidades para instalação de parques offshore. É a chamada indústria verde, que irá produzir, no mar, energia, hidrogênio e amônia verde”.

Atualmente, 94% de toda a energia produzida no RN é proveniente de fontes renováveis. E a entrada em operação de mais 44 usinas em construção, e de 73 já contratadas, possibilitará que o Estado atinja a marca de 12 GW de potência instalada até o final de 2025. Isso equivale a 70% da potência instalada de Itaipu, que é a maior hidrelétrica do Brasil.

“Nosso desafio é conciliar a sustentabilidade, fazer a transição justa, que olhe para as pessoas e garanta direitos à dignidade e à cidadania. Na condição de governadora do Estado brasileiro líder na produção de energia renovável, me orgulho de termos as melhores condições solar e de vento para sairmos da base do combustível fóssil – que polui e degrada-, para a energia renovável. Jamais esta transição deverá estar dissociada da cidadania que significa trabalho e melhor qualidade de vida para a nossa população”, afirmou Fátima Bezerra.

A governadora também apresentou, acompanhada do diretor-presidente do Idema (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN), Leon Aguiar, projetos e estudos elaborados pelo governo do RN para o setor de energias renováveis, como o projeto do Porto Indústria Verde – que vai oferecer infraestrutura para investimentos em produção de energia onshore e offshore e produção de hidrogênio e amônia verde.

Outro destaque da participação do Rio Grande do Norte foi a assinatura do memorando de entendimento com o governo da Estônia, através do ministro Madis Kallas, e da empresa Timbeter, para uso de solução tecnológica destinada a melhorar o controle de recursos florestais e madeireiros no RN.

*Com informações do portal do Governo do RN.

Paraíba

Um dos representantes da Paraíba no evento foi o deputado federal Ruy Carneiro (PSDB). No evento, ele propôs a realização da próxima edição da COP no Nordeste brasileiro. A proposta ganhou visibilidade na mídia nacional. O parlamentar também voltou a reforçar o foco na atuação em três frentes específicas relacionadas à temática do evento. “Apesar de buscar ampliar nossa atuação de uma forma geral em relação às questões sobre meio ambiente, existem pontos que podem ajudar a melhorar a qualidade de vida da população de forma mais direta. Por isso, nosso foco principal aqui na COP está voltado para iniciativas e debates que apresentem soluções para o saneamento básico, manutenção de rios e mananciais, além das novidades em relação às energias limpas e renováveis”, finalizou.

Outra paraibana participou da conferência, a estudante Mikaelle Farias, de 20 anos, a ativista é engajada nas questões climáticas e está no evento para cobrar a atenção do mundo ao clima no Nordeste brasileiro.

De acordo com ela, que é estudante de Engenharia de Energias Renováveis da Universidade Federal da Paraíba, é necessário cobrar dos líderes mundiais mais financiamento para a região. “Trata-se de uma das regiões mais impactadas e que mais sofrem com as mudanças climáticas e com as questões sociais de nosso Brasil”, atesta a paraibana.

Ela também esteve presente na COP 26. Na Conferência Estocolmo+50, realizada em maio deste ano, ela integrou uma comitiva do Greenpeace, ONG que luta pela proteção do meio ambiente e do clima no mundo. Além disso, ela integra o movimento Nordeste pelo Clima, que é organizado por juventudes nordestinas para discutir a questão na região.

Mikaelle admite o protagonismo que a região amazônica tem no mundo, mas luta para que o Nordeste receba atenção parecida, além de enfatizar a importância de mais nordestinos, mais jovens neste debate: “A gente precisa colocar o Nordeste brasileiro como o centro das discussões nesses espaços internacionais e ter mais representatividade do Nordeste dentro desses espaços internacionais”, afirma.

*Com informações do Jornal da Paraíba e Portal Correio.

Maranhão

O Maranhão se fez presente na COP27 com uma equipe, sob liderança da secretária de Estado do Meio Ambiente (SEMA), Raysa Maciel, e tratou do combate às consequências da crise climática causada pelo ser humano. 

“Isso é importantíssimo, porque é um cenário que atinge, indistintamente, a todos nós e a todos os países. Então, vão se colocar na mesa de debates as prioridades de cada estado e de cada país e conseguir traçar uma agenda climática acessível a todos”, afirmou a secretária.

Em meio à revisão mundial de compromissos e a discussão de como ajudar as nações vulneráveis ao aquecimento global, a equipe maranhense apresentou a agenda pelo desenvolvimento sustentável do estado, além de propostas para a captação de recursos que impulsionem as iniciativas na região da Amazônia Maranhense.

Entre as metas, o Maranhão deverá contribuir para a redução do desmatamento e da degradação ambiental na Região Amazônica, destinação correta dos resíduos, educação ambiental e diminuição dos focos de queimadas criminosas por meio do projeto ‘Maranhão Sem Queimadas’.

“Aqui na COP, colocamos o Maranhão nesta vitrine internacional como um estado que tem credibilidade e segurança jurídica para a atração destes investimentos. Nós temos um grande compromisso com os grandes países desenvolvidos, ricos, em garantir um financiamento desses projetos sustentáveis”, destacou Raysa Maciel.

A secretária da SEMA pontua, ainda, que o apoio de países ricos pode alavancar, substancialmente, o desenvolvimento sustentável em diversas áreas, o que inclui a mudança de matriz energética e a salvaguarda dos povos tradicionais. 

“Esse financiamento pode fazer com que os países em desenvolvimento consigam trabalhar a sua transição da matriz energética, projetos sustentáveis, proteção dos povos e comunidades tradicionais, que protegem as florestas. Então, é um acordo que é feito”, pontuou.

*Com informações do portal do Governo do Maranhão.

Bahia

O baiano e ex-ministro do Meio Ambiente, Edson Duarte, esteve na COP 27 como convidado e representou a empresa Quinto Energy, que se fez presente para tratar de questões ligadas a transição energética, com proposta que promove produção do combustível hidrogênio verde, a partir da geração eólica e solar, projeto que deve garantir transferência de renda para mais de 2 mil famílias do semiárido baiano.

“A Bahia tem potencial para se transformar no maior produtor de hidrogênio verde do mundo, produção em larga escala e em condições de competitividade sem paralelo. A Bahia tem os melhores ventos, intensidade solar, disponibilidade hídrica, estrutura portuária e industrial”, disse o ex-ministro.

Duarte ressaltou que somente a Quinto Energy, em parceria com a gigante alemã Siemens, está desenvolvendo na Bahia um projeto com capacidade equivalente a 21 hidrelétricas de Sobradinho. Ele destacou ainda que a COP 27 reflete a necessidade do mundo que busca por projetos viáveis e que possam acontecer nos próximos anos.

“O mundo tem pressa, o planeta sofre os impactos das mudanças climáticas e o Brasil pode ter o protagonismo na transição energética”, afirmou Duarte.

*Com informações do portal do Bahia Notícias.

Ceará

O Ceará foi representado na COP 27 pela governadora, Izolda Cela, que apresentou o trabalho desenvolvido no estado para a produção de energias renováveis no painel Brazil Climate Action Hub.

Na apresentação, a governadora destacou a importância do Hidrogênio Verde e o papel dos estados na adoção de novas matrizes energéticas, menos poluentes e mais competitivas. “Essa é uma oportunidade única de termos diálogos que se expandem e conectam cidades, estados, regiões países e pessoas dos mais diferentes lugares, com o objetivo comum de salvar o planeta. Ter responsabilidade com a vida, com o meio ambiente, com o presente e com nosso futuro é uma obrigação de todos”, citou a governadora Izolda Cela.

No painel, que teve como tema central as “Estratégias latino-americanas para implementação do acordo de Paris sob a perspectiva das alianças climáticas”, a gestora reforçou a vanguarda do Ceará na produção de Hidrogênio Verde, com 24 acordos assinados com grandes empresas internacionais e brasileiras do setor. “Temos uma geografia e condições de natureza que são muito fortes a favor da gente, e nos comprometemos com essa transição energética tão importante para o planeta”, disse.

A governadora também se reuniu com o CEO da Fortescue Future Industries (FFI), Andrew Forrest, e assinou uma emenda ao Memorando de Entendimento (MoU) com a multinacional australiana. O documento reafirma a intenção da companhia em implementar uma usina de Hidrogênio Verde no Porto do Pecém.

Ela ainda se encontrou com o Banco Mundial e com o embaixador do Brasil no Egito, Antônio Patriota. “O Ceará está totalmente alinhado com as propostas globais para mitigar os efeitos das mudanças climáticas, fortalecendo a matriz energética de baixo carbono no Estado. Recentemente criamos o Plano Estadual de Transição Energética Justa – Ceará Verde, que confirma o nosso estado na vanguarda do Hidrogênio Verde no país. Já temos mais de 20 acordos assinados para a implementação de usinas de combustível limpo no Ceará. Isso nos permitirá avançar na descarbonização e gerar mais desenvolvimento, emprego e renda no estado”, afirmou.

*Com informações do portal do Governo do CE.

Pernambuco

Como um dos estados mais atingidos pelos efeitos das mudanças do clima, Pernambuco enfrenta uma ameaça gradual de desertificação de mais de 90% do território estadual e por outro lado a erosão costeira, causada pelo aumento do nível do mar, o que leva Recife a ser a 16ª cidade mais vulnerável do mundo frente aos impactos climáticos. 

Por todos esses riscos, Pernambuco se fez presente nas duas últimas edições da conferência. A secretária de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco participou do evento e apresentou o projeto de sustentabilidade do estado.

Em um artigo a secretária falou sobre a participação no evento. Veja um trecho:

“Na expectativa de que esta tenha sido, para o Brasil, a última Convenção das Partes da qual participamos sob um governo federal determinado a ignorar a emergência climática e sem apresentar qualquer apoio expressivo à ação de estados e municípios para as medidas de mitigação e de adaptação às mudanças do clima.  Vivenciamos, nesses anos, um cenário extremamente adverso ao que os especialistas entendem ser a chave para o cumprimento do Acordo de Paris: a implementação de uma governança multinível para a ação climática, em que todos os entes federados têm um papel a cumprir (…) Desde o Acordo de Paris,  os compromissos de todos os atores foram  reconhecidos formalmente diante da necessidade urgente de ampliar a resposta global à mudança climática e garantir maior ambição das nações. E isso exige um esforço de cooperação para o qual o governo federal brasileiro mostrou ser absolutamente incapaz de conduzir”. 

Especificamente sobre a participação de Pernambuco no evento e projeto de sustentabilidade do estado, a secretária afirmou: 

“Cumprimos no Egito uma agenda  intensa, com participação em mais de 20 painéis e diversas conversas bilaterais, junto aos principais atores no cenário nacional e internacional, abordando como vem sendo tratados os compromissos climáticos estaduais trazidos pela Carta da Abema pelo Clima, mecanismos para implementação e monitoramento das ações, cooperação subnacional, financiamento climático, mercado de carbono, energias renováveis,  projetos de adaptação e justiça climática. O exercício dessa liderança na CT Clima exigiu que Pernambuco fizesse a tarefa de casa e  apresentasse os instrumentos da ação climática e políticas públicas estruturadoras, a exemplo de programas de reflorestamento, geração de energia renovável para os prédios públicos, gestão de unidades de conservação, educação ambiental e climática e as iniciativas para tornar Pernambuco livre de lixões”.

Ela também cita o Plano Estadual de Descarbonização de PE. “Conseguimos definir ações e iniciativas que pudessem dar conta da nossa trajetória de descarbonização (…) Nosso Plano de Descarbonização foi elaborado a partir de quatro eixos estratégicos: energia, transporte, resíduos e de uso da terra (…) Com ele, pretendemos evitar 40 milhões de toneladas de emissões de CO2, ao ano, na atmosfera até 2050. Além de prevermos um incremento de 6% no PIB e a geração de 100 mil novos empregos no Estado.

E finalizou: “Nossa ação climática é um legado que vai permitir a Pernambuco chegar à neutralidade de carbono até 2050, baseada numa trajetória de descarbonização imprescindível ao desenvolvimento e que deve orientar todas as políticas de governo de agora em diante”.

*Com informações do portal da Fundação Maurício Gabrois

Alagoas

O Estado de Alagoas foi representado na COP 27 pelo secretário de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh), Gino César, e o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA), Gustavo Lopes.

Além de debates e momentos importantes da pauta ambiental, o secretário Gino César participou da entrega da carta compromisso dos governadores pelo clima ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Participei, representando o Governo de Alagoas, da entrega desse importante documento que reitera o papel relevante que o Brasil tem no enfrentamento das mudanças climáticas, pelo seu inegável protagonismo nas negociações internacionais, desde a Rio 92, e por estar reconhecidamente posicionado no G5, em temáticas relevantes de desenvolvimento sustentável, clima e biodiversidade”, ressaltou Gino Cesár.

Já o diretor-presidente do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) falou que o momento foi uma grande oportunidade de tratar de temas relacionados às mudanças climáticas. “O evento reúne representantes do mundo todo para tratar de temas relacionados às mudanças climáticas. É uma grande oportunidade de participarmos dessa discussão fundamental e observarmos o que podemos agregar ao desenvolvimento do nosso Estado, sempre em busca da proteção ao meio ambiente”, explicou Gustavo Lopes.

*Com informações do Correio dos Municípios e do IMA.