Impacta Nordeste

Obmed: como a telemedicina assistida pode levar mais saúde em locais remotos do Nordeste

Nesta série especial do Portal Impacta Nordeste, vamos apresentar as empresas aceleradas na 1ª edição do programa Impulsio.ne Saúde. Conheça a história dos participantes, seus desafios e planos para consolidar os seus negócios e o impacto que desejam realizar em seus territórios.

A Obmed, iniciativa do Piauí, precisava validar uma solução para oferecer telemedicina assistida a preços populares no interior do estado. Ao final do programa, os empreendedores implantaram o projeto-piloto e receberam um investimento semente de R$ 15 mil. 

*Foto de capa: A Obmed + Saúde leva telemedicina assistida para o interior do Piauí por meio de parcerias com laboratórios renomados nas cidades de José de Freitas, Esperantina, Miguel Alves e Lagoa Alegre.

Desde a pandemia de Covid-19, o negócio da telessaúde cresceu no mundo inteiro. De acordo com a Grand Research Reviews, em 2022, o mercado global já era grande: US$ 83 bilhões; e promissor: tinha perspectiva de crescimento anual de 24% de 2023 a 2030. No Brasil, com a aprovação da Lei nº 13.989/2020 ainda no contexto da pandemia, e mais tarde da Lei 14.510/2022, que regulamenta a telessaúde como modalidade de prestação de serviços aos pacientes à distância, o mercado nacional que existia também entrou em expansão.

Observando esse cenário, os empreendedores piauienses Aloisio Araújo e Gibran Melo criaram a Obmed, uma plataforma que oferece diversos serviços de saúde, desde consultas médicas, a exames laboratoriais e de imagem, com preços populares no estado do Piauí. O modelo inicial de negócio atendia o público com auxílios, planos corporativos e planos psicológicos.

Telessaúde pode ser definida como a prestação de serviços de saúde por profissionais da área, em que a distância é um fator crítico, usando Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para o intercâmbio de informações válidas para o diagnóstico, tratamento e prevenção das doenças e lesões, para a pesquisa e avaliação, e para a educação continuada dos profissionais de saúde, com o interesse de promover a saúde dos indivíduos e suas comunidades.

DEFINIÇÃO DA OMS PARA TELESSAÚDE

Apesar de Teresina, capital do Piauí, ser um polo de serviços de saúde para toda a região, no interior do estado essa realidade é diferente. Grande parte desses municípios carece de serviços médicos, fazendo com que muitas pessoas tenham que se deslocar para a capital em busca de atendimento médico. Em muitos casos, para consultas simples, o que acaba gerando altos custos para os pacientes de baixa renda.

Diante desse desafio, em 2023, os empreendedores decidiram lançar um novo produto: a telemedicina assistida. Trata-se de uma modalidade em que o paciente pode se conectar com o profissional de saúde usando uma plataforma telessaúde, mas conta com o auxílio de um profissional para ajudar a acessar o serviço e dar possíveis encaminhamentos após a consulta. O fato de ter o auxílio de um profissional é fundamental para que pessoas de baixa renda, com pouca familiaridade no uso de plataformas tecnológicas, possam acessar o serviço de forma mais prática e humanizada.

A Obmed já pesquisava sobre esse mercado e, com o objetivo de transformar o acesso a consultas e exames para residentes de cidades do interior do Piauí e de outros estados da região Nordeste, lançaram a Obmed+Saúde. Além do acesso, a Obmed queria oferecer atendimento humanizado e um acolhimento realizado por enfermeiros ou técnicos de enfermagem. 

Para validar essa solução, a empresa decidiu se inscrever no edital do Impulsio.ne Saúde, lançado no primeiro semestre de 2023. Depois de defender a ideia durante o demoday, a Obmed foi selecionada como uma das 6 finalistas que participariam da fase de aceleração.

Validando o modelo de negócio

O início da jornada da Obmed no programa Impulsio.ne Saúde consistiu em conhecer melhor o modelo de negócio que os empreendedores já tinham e a nova solução que gostariam de lançar no mercado. Entre os objetivos-chave definidos, estavam criar pesquisas de avaliação e validar o produto com foco na experiência do usuário e buscar parceiros comerciais. Um dos principais desafios foi projetar a implantação da clínica virtual, onde os pacientes seriam atendidos.

“O nosso maior aprendizado durante esse processo de aceleração foi entender a importância de conhecer nosso público, conhecer os detalhes de sua dor através de conversas e pesquisas para compreender o modelo que poderia nos levar a fazer a diferença no mercado e remodelar nosso negócio”.  

Aloísio Araújo, CEO da Obmed
Aloisio Araújo (arquivo pessoal)

Durante o primeiro trimestre, a equipe sentiu a necessidade de fazer pesquisas mais específicas e buscou parcerias com universidades e com uma empresa especializada em diagnosticar oportunidades na área da saúde. A partir dessas avaliações, percebeu que não seria interessante implantar uma clínica virtual, mas buscar parcerias com laboratórios ou governos locais. De acordo com Aloísio, o mercado da saúde no principal polo piauiense estava muito saturado e, por esse motivo, foi importante abranger o interior para alcançar mais pessoas em situação de vulnerabilidade. 

“Passamos a enxergar o público e não apenas o mercado”, afirma o CEO, em sintonia com o impacto social necessário na região, onde 41% dos moradores veem a saúde como um problema (GLOBO; IPEC, 2022). 

Na fase final da aceleração, a Obmed registrou avanços importantes no planejamento dos serviços e na validação do modelo de negócio da telemedicina assistida, alcançando parcerias com laboratórios e a implantação da cabine de atendimento em um deles, o caminho mais viável financeiramente para o negócio. Foram realizadas vendas avulsas de consultas e aplicadas pesquisas de satisfação para entender a percepção dos usuários sobre os serviços que estavam sendo oferecidos. A empresa também conseguiu avançar na estruturação da estratégia de comunicação e marketing, além de prospectar empresas para a área de psicologia e de pequeno porte para planos individuais.

Aprendizados e próximos passos

Ao longo do processo, a maturidade da equipe teve um crescimento evidente, bem como a criação de soluções alinhadas com as demandas do mercado e a constante prospecção de clientes.

Gibran Melo (Arquivo pessoal)

“O resultado mais positivo foi ter criado coragem para ter um novo modelo de negócio. Era uma insegurança nossa investir na telemedicina assistida, que é uma inovação no Nordeste, mas aprendemos a correr riscos calculados e hoje temos um modelo de negócio que consegue impactar o nosso público. Estamos nos sentindo seguros”, reforçou Aloisio.

Com novas parcerias realizadas e um novo serviço modelado durante os seis meses de aceleração, a Obmed enxerga um futuro de expansão e mais impacto na saúde local do interior do Piauí. Desde o início da jornada, 50 pacientes foram atendidos pela telemedicina assistida.

A empresa pretende utilizar o investimento semente do Impulsio.ne Saúde (R$ 15 mil) em estratégias de comunicação e marketing, principalmente para traçar abordagens mais assertivas na captação de clientes e melhorar os canais de venda. Dar assistência humanizada, com baixo custo, para transformar vidas e continuar crescendo é, agora, o principal caminho que a empresa quer seguir.

¹Guia Metodológico para Programas e Serviços em Telessaúde. Ministério da Saúde, Brasília, 2019. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_metodologico_programas_servicos_telessaude.pdf

Quer conhecer mais sobre as iniciativas aceleradas no Impulsio.ne Saúde? O Portal Impacta Nordeste vai apresentar cada uma das empresas em uma série de matérias especiais. As reportagens vão contar as histórias dos participantes, seus desafios e planos para consolidar os seus negócios e o impacto que desejam realizar nas suas comunidades. Semana que vem vamos conhecer mais sobre a JO+ Absorvente Dérmico, solução desenvolvida pela empreendedora Nilza Carla para dar mais qualidade de vida para pacientes gastrostomizados.

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