Opinião

Summit or not summit: eis a questão

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Ambientes de altas conexões e insights, como são os grandes eventos, também deveriam ser espaços de diversidade, colaboração e reconhecimento.

Por Saville Alves

Participar do Web Summit, maior evento de inovação e tecnologia do planeta, que aconteceu neste ano pela primeira vez no Rio de Janeiro, de 01 a 04 de maio, me despertou um mix de sentimentos.

Primeiro, diante do infinito-finito de pessoas do mundo, vem a euforia de se sentir especial por ser uma das poucas pessoas do mundo que teve a oportunidade de estar ali. Que pode ouvir de perto o que pensam figuras relevantes como Luiza Trajano, Txai Suruí e Luciano Hulk. E também de se aproximar ainda mais de marcas e suas novidades de mercado, que potencialmente vão mudar as nossas vidas logo mais.

Mas, ao mesmo tempo, os palcos, os cases, as performances e as 20 mil pessoas reunidas me provocaram uma sensação de que “eu sou mais um na multidão”. São tantas pessoas brilhantes, com jornadas extraordinárias, com tantos acessos, prêmios, títulos. Que fica o sentimento de ser quase impossível chegar lá.

Eu gosto muito da minha trajetória. Me sinto especial pelas minhas conquistas, pelo meu trabalho e pela minha rede de pessoas que dão um significado ao que eu faço. A jornada do empreendedor, sobretudo fora do eixo Rio-São Paulo, tem muitas curvas e requer intencionalidade, dinamismo e intuição. Não uma intuição mística, mas usar a experiência e seus conhecimentos para confiar em alguma previsibilidade de futuro.

Diante da percepção de concorrência que o mercado tende a nos despertar, estar junto a seus iguais pode enfraquecer ao invés de perpetuar. A necessidade de se destacar e ser um sucesso, com mais cliques, clientes, dinheiro e seguidores é uma loucura… Porque aí você percebe que você não é. E será que algum dia serei?

Agora como transformar ambientes de altas conexões e insights em um lugar também de diversidade e colaboração?

Bom, este texto é um manifesto. Uma expressão do meu desejo que alguma dessas palavras façam sentido para mais pessoas e ecoem.

Ideias práticas tenho várias: labs de co-criação; expedições com lideranças de comunidades específicas (Amazonas, Favelas, Rural); sortear cursos e bolsas de estudo.

As histórias felizes devem motivar e nortear, mas jamais iludir. Os Summits precisam contar mais sobre as realidades, os desafios e unir todas as potencias que podem fazer o mundo se transformar.

Saville Alves. Depois de trabalhar na Braskem e Oi, encontrou no empreendedorismo social, que já acompanhava desde a época como liderança do Movimento Empresa Júnior, sua paixão. Hoje é sócia e cofundadora da SOLOS, negócio de impacto que tem transformado a cadeia das embalagens pós-consumo. É membro do Grupo de Pesquisa Gestão para Baixo Carbono da Escola da Administração da UFBA, e integrante da Câmara de Inovação para Sustentabilidade de Salvador. Formada em Comunicação Social, pela UFBA, é uma baiana arretada. LinkedIn | Email