Unindo cosmética natural, saberes ancestrais e regeneração ambiental, o negócio de impacto nascido no Piauí vem transformando o cuidado pessoal.
A biocosmética tem ganhado novos significados no Brasil através de marcas que carregam não apenas inovação, mas também ancestralidade, responsabilidade ambiental e conexão com os territórios. A Ájé Omi é uma dessas iniciativas que chegam ao mercado com uma proposta transformadora. Fundada por Jaqueline Bezerra, a marca combina saberes tradicionais e pesquisa científica, valorizando ingredientes da Amazônia e a riqueza natural do Piauí.
A startup nasce de um processo de reconexão com o próprio corpo, com a natureza e com os saberes ancestrais. Em 2018, diante de um desafio de saúde que impactou profundamente sua sensibilidade sensorial, Jaqueline encontrou nos óleos essenciais uma rota de autocuidado. O que começou como prática pessoal se transformou em pesquisa, experimentação e, posteriormente, no desenvolvimento de fórmulas próprias com base em ingredientes vegetais e técnicas tradicionais. E assim surgiu um negócio que une ciência, espiritualidade e inovação em soluções naturais de bem-estar.
O nome vem do iorubá: Ájé significa “espírito” ou “feiticeira”, e Omi, “água”, evocando a potência feminina que flui, acolhe e transforma. Essa é a essência que a marca imprime em cada produto: um cuidado que conecta interior e exterior, carregando o legado de um Brasil ancestral e regenerativo.
Da Amazônia ao Piauí: uma cadeia sustentável
Mais do que uma linha de cosméticos, a Ájé Omi integra produção baseada na ancestralidade, na ética e na sustentabilidade. Com mais de 40 produtos diversos, incluindo sabonetes naturais, óleos, protetor labial, hidratantes e cremes capilares, cada item é desenvolvido do zero, com processos cuidadosos de extração de ervas e formulação própria.
Todos os produtos são 100% livres de ingredientes de origem animal, aromaterapêuticos, fitoterápicos e inteligentes. A filosofia da marca prioriza o essencial, sem aditivos supérfluos, em uma lógica de consumo consciente.

A marca adota uma cadeia de fornecimento comprometida com a preservação ambiental e com a valorização das comunidades produtoras. Os óleos vegetais e as manteigas vêm da Amazônia, onde cooperativas realizam pesquisas para garantir a qualidade das matérias-primas. Ingredientes como buriti, bacuri e cupuaçu são trabalhados por famílias que atuam de forma sustentável, respeitando os ciclos naturais. No Piauí, Jaqueline incorpora o óleo de coco babaçu extravirgem, elemento fundamental da identidade e da biodiversidade local.
Reconhecimento e aceleração
A trajetória da Ájé Omi é marcada por uma sequência consistente de reconhecimentos dentro do ecossistema de impacto. Em 2023, a marca foi um dos 10 negócios selecionados na Expo Favela Innovation Piauí, representando o estado na etapa nacional da feira em São Paulo, onde se destacou entre as 40 melhores startups do Brasil e América Latina. Antes da participação nacional, recebeu reconhecimento oficial do governador do Estado do Piauí, Rafael Fonteles.
Em 2024, a startup participou de várias iniciativas importantes. Foi selecionada para o programa Impulsione Ecossistemas de Impacto, do Impacta Nordeste em parceria com o Instituto Sabin, que oferece mentoria e apoio estratégico a negócios de impacto no Nordeste. Também marcou presença na primeira Campus Party Weekend Piauí, como startup selecionada pela Invest Piauí com metodologia de aceleração inspirada no MIT.
Mais recentemente, integrou a iniciativa Biomas a um Clique, do Mercado Livre, sendo uma das 26 empresas selecionadas em todo o país. O programa conecta empreendimentos baseados na biodiversidade brasileira ao mercado digital da América Latina, oferecendo capacitação especializada em vendas online, marketing e logística, além de abrir novas portas para comercialização e visibilidade em escala regional.
O que vem pela frente
Com os pés firmes no território e olhos atentos aos desafios do presente, a Ájé Omi segue trilhando um caminho próprio, que une propósito, cuidado e transformação. Em um cenário onde os negócios de impacto ganham cada vez mais relevância, iniciativas como essa apontam para futuros possíveis, mais justos, regenerativos e conectados com a força criativa que emerge dos territórios.
Nessa sinergia entre passado e futuro, Jaqueline Bezerra segue cultivando suas criações como sementes de mudança, se não para o mundo todo, para aqueles que desejam um novo olhar sobre o cuidado com o corpo, a mente e a própria existência.
Hidelgann Araújo é um estrategista de comunicação e mobilizador do terceiro setor, premiado pelo Anthem Awards e com o selo de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo. Sua paixão pela criatividade e articulação de comunidades e histórias se traduz em uma trajetória que reflete a comunicação como uma ferramenta para gerar impacto social. Já colaborou com Canal Futura, Co.liga, Greenpeace, Politize!, SOMA+ e UNICEF, fortalecendo a sinergia do coletivo e valorizando a pluralidade como base para a inovação.
Hidelgann faz parte da Rede Impacta Nordeste.