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Além do tratamento: a importância do apoio às famílias em situação de vulnerabilidade na batalha contra o câncer infantojuvenil

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Organizações de apoio à criança com câncer vão além do tratamento e desenvolvem projetos para apoiar as famílias dos atendidos. Ações vão de doações de cestas básica até a construção de moradias.

Dia 15 de fevereiro foi comemorado o Dia Internacional da Luta contra o Câncer Infantil. A data foi criada pela Confederação Internacional de Pais de Crianças com Câncer (ICCCPO) com o objetivo de alertar os responsáveis sobre a importância de estarem atentos aos sinais e sintomas das crianças e adolescentes e para que através do diagnóstico precoce se melhore as taxas de cura. 

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa para novos casos de câncer infantojuvenil esperados para o Brasil para o período de 2020 a 2022 serão de 8.460, sendo 4.310 para o sexo masculino e 4.150 para o sexo feminino. O câncer infantojuvenil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo. Diferentemente do câncer do adulto, o câncer infantojuvenil geralmente afeta as células do sistema sanguíneo e os tecidos de sustentação.

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Ainda de acordo com o Inca, os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias (que afetam os glóbulos brancos), os que atingem o sistema nervoso central e os linfomas (sistema linfático). No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte (8% do total) por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. Hoje, em torno de 80% das crianças e adolescentes acometidos da doença podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A maioria deles terá boa qualidade de vida após o tratamento adequado.

Mas além do tratamento clínico, vencer a luta contra o câncer infantil passa por outros aspectos importantes que nem sempre são visíveis para o público em geral. Um dos mais relevantes são as condições de vida das famílias dessas crianças. A doença pode atingir qualquer pessoa em qualquer classe social, no entanto, para famílias em situação de vulnerabilidade, essa batalha pode ser ainda mais difícil. Cientes dessa realidade, organizações de apoio a crianças com câncer desenvolvem ações que vão desde a doação de cestas básicas, até projetos de geração de renda e construção de casas visando dar melhores condições às famílias para enfrentar essa batalha.

Projeto Vida

Em Natal (RN), a Casa Durval Paiva de Apoio à Criança com Câncer, além do trabalho realizado em torno do combate ao câncer infantojuvenil e do atendimento aos casos oncológicos e hematológicos, realiza um trabalho de resgate da cidadania, dignidade e qualidade de vida de seus pacientes e acompanhantes. 

Criado pela entidade em 1998, o Projeto Vida tem como objetivo resgatar a cidadania e garantir acesso a uma habitação segura e saudável, contribuindo para a qualidade de vida de crianças e adolescentes e suas famílias em tratamento contra o câncer.

Os pacientes com câncer ou doenças hematológicas crônicas recebem visita do setor de serviço social da instituição para identificação da situação socioeconômica e habitacional. A partir da realidade encontrada, se desenvolve ações específicas de intervenção, entre elas, a reforma ou construção de residências.

Equipe da Casa Durval Paiva realiza visitas às famílias para identificação da situação socioeconômica e habitacional (Foto: divulgação)

O projeto é financiado pelo Instituto Ronald McDonald e Marchadores pela Vida e já alcançou 133 municípios do Rio Grande do Norte, nove da Paraíba e dois do Ceará. Também foram realizadas 7.237 visitas domiciliares, a distribuição de 7.574 cestas básicas, 5.533 redes de tecido, 874 filtros de água, 1.133 colchões, 6.584 kits de utensílios domésticos e 7.632 kits de roupa. 

Além disso, o projeto já construiu 104 casas e financiou 137 reformas em moradias de crianças e adolescentes acompanhadas pela instituição. Uma das contempladas foi a pequena Sofia Beatriz, de 9 anos. Ela é atendida pela instituição desde 2016, em tratamento de leucemia. Em dezembro de 2021 ela ganhou sua casa própria, no município de Jardim de Angicos (RN). 

Hudson Yure, o pai da Sofia, conta que a casa chegou na hora certa. “Morávamos de aluguel, era uma situação complicada, pois mudávamos sempre, as casas geralmente não eram forradas, tinham muita poeira e isso não era bom para a Sofia. Quando recebemos a ligação falando sobre esse projeto, fiquei sem acreditar e já fiz de tudo para agilizar o processo para que a casa fosse construída, e enfim entrarmos na nossa casa”, disse.

Dessa forma, iniciativas como o Projeto Vida trazem dignidade e qualidade de vida para pacientes e familiares com menos recursos que estão na luta contra o câncer infantojuvenil. O apoio para quem está enfrentando um longo e árduo tratamento é fundamental e traz maiores perspectivas de vida e melhores chances de recuperação. Você também pode ajudar essa e outras ONGs de combate ao câncer infantojuvenil. Conheça essa e outras organizações em nosso mapeamento de ONGs do Nordeste.

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