O Brasil ocupa a quarta posição mundial em produção de lixo e apenas 4% desses resíduos são reciclados. A situação exige uma solução urgente, e os biodigestores emergem como uma alternativa sustentável para tratar os resíduos orgânicos e enfrentar os crescentes desafios ambientais e de saúde pública.
Com mais de 200 milhões de habitantes, o Brasil é um dos países que mais gera lixo no mundo, ocupando a 4ª posição mundial (WWF), e um dos que menos recicla, apenas 4% dos resíduos sólidos gerados atualmente (Abrelpe). Os resíduos sólidos (popularmente chamados de lixo) devem receber destinação final adequada, com o tratamento economicamente viável para cada tipo de material gerado, como disposto na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – Lei nº 12.305/10). Porém, grande parte desses resíduos são despejados a céu aberto, lançados na rede pública de esgoto ou queimados.
A disposição irregular tem causado inúmeros problemas ambientais e de saúde pública, como a contaminação do solo, da água, da fauna, flora e doenças como dengue, leishmaniose, leptospirose e esquistossomose, entre outras, cujos vetores encontram nos lixões um ambiente propício para sua disseminação. Dentre os resíduos sólidos gerados no Brasil, o mais produzido é o orgânico (52%), composto por restos de alimentos, e podem ter origem doméstica, urbana, agrícola, industrial ou de saneamento básico.
No Brasil existem tecnologias suficientes para o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), porém ainda falta investimento e uma gestão estratégica para propor soluções para esse desafio. As formas mais comuns de reciclagem de resíduos orgânicos é a compostagem (degradação dos resíduos com presença de oxigênio) e a biodigestão (degradação dos resíduos sem presença de oxigênio). Sendo a biodigestão o processo mais rápido e eficaz existente atualmente.
Como funciona um Biodigestor?
O biodigestor é um equipamento fechado em que se introduz matéria orgânica para ser decomposta por bactérias anaeróbias. Por meio de um processo de fermentação chamado de “biodigestão” são gerados biogás e biofertilizante. O biogás é uma fonte de energia renovável que pode ser usada para a geração de energia elétrica e de energia térmica. Pode substituir gás de cozinha, levando a diminuição de custos a longo prazo. O biofertilizante é um excelente fertilizante natural que melhora a qualidade e produtividade do solo.
Os resíduos orgânicos utilizados no biodigestor podem ser: restos orgânicos de cozinhas e refeitórios, restos de cascas, frutas e verduras, resíduos de leite, esterco e fezes caninas, fezes humanas (caso utilize o biotoillet no sistema). O biodigestor se apresenta como umas das melhores práticas para destinação de resíduos orgânicos, importante para o crescimento de energias renováveis.
Os principais benefícios são:
- Reciclagem e redução da poluição
- Reciclagem dos excrementos de animais
- Obtenção de gás limpo
- Produção de fertilizantes de menor impacto ambiental e redução de custos da produção agrícola
- Melhoria da saúde pública
- Impacto socioambiental positivo
- Pode auxiliar pessoas físicas e jurídicas
Programa Ecoe Biodigestão
A Ecoe Sustentabilidade é a empresa representante em Pernambuco da Biomovement – Distribuidora exclusiva da HomeBiogas no Brasil – e foi a pioneira a trazer a tecnologia para o estado, em 2019. A empresa pernambucana é um negócio de impacto socioambiental que busca conectar pessoas e negócios a soluções sustentáveis para que gerem lucro e impacto positivo. Desde que trouxeram a tecnologia do biodigestor para Recife, já conseguiram evitar que mais de 15 toneladas de resíduos orgânicos fossem parar nos lixões. Atualmente, a empresa conta com 4 biodigestores em operação.
O biodigestor da Homebiogas, possui uma tecnologia israelense com sistema offgrid e autônomo, não necessita de nenhuma forma de energia para seu funcionamento, nem de obra civil para sua montagem e instalação, apenas de um espaço de no mínimo 6m2, dependendo do modelo.
A implementação do sistema de biodigestão Homebiogas cumpre 14 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. Com o uso desta, é possível mitigar a emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) e retirar da atmosfera o equivalente a 6 toneladas de CO2eq a cada sistema instalado por ano.
O HomeBiogas é um sistema mais seguro que o GLP (gás de cozinha) e o gás propano, por armazenar o gás sob baixa pressão, o que evita riscos de explosões.
Os melhores restos de alimentos para o sistema são: arroz, queijo, carne, cascas de vegetais, frutas e qualquer outro tipo de resto de comida, diferente das composteiras que não podem receber todos os tipos de resíduos. Além disso, o HomeBiogas produz biogás de cozinha e fertilizante líquido todos os dias, já as composteiras levam vários meses para produzir composto.
Após a instalação, o biodigestor leva aproximadamente 2 a 4 semanas para começar a produzir gás. Depois disso, a produção de gás é ininterrupta desde que o sistema seja alimentado com lixo orgânico, possuindo em média 15 anos de vida útil. Em 4 anos é possível obter o retorno de todo investimento realizado durante a instalação do equipamento.
O HomeBiogas possui mais de 10 anos de história, e está presente em diversos continentes, também conta com o envolvimento de vários pesquisadores no aprimoramento de sua tecnologia. Pode ser instalado em residências, condomínios, instituições de ensino, empreendimentos, canis, abrigos de animais, fazendas, sítios, indústrias e agricultura, além de servir para ações voltadas à Agenda ESG, impacto positivo, para conscientização do uso eficiente dos recursos e gestão de resíduos.
“Conheci o Homebiogas em meados de 2015, e nessa época, não estavam no Brasil”, conta Susanne Galeno, Diretora Executiva e Responsável Técnica da Ecoe Sustentabilidade. “Encantei-me com o impacto que ele era capaz de proporcionar. Deixar acessível para pequenos geradores a possibilidade de tratar resíduos orgânicos in loco e transformá-los em energia limpa e renovável é incrível”. A tecnologia, que já foi implementada escolas, casas de recepção e instituições sem fins lucrativos de Pernambuco, permite gerar lucro e impacto socioambiental positivo.
“Ver cada pessoa, de criança a adulto, maravilhada e curiosa sobre o funcionamento do equipamento, buscando aprender mais sobre o processo e já começar a mudar as suas práticas, fortalece a certeza que estamos colaborando com o desenvolvimento local sustentável”, celebra Susanne.
Andrezza Araújo, 28 anos, é Bióloga especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, consultora e auditora interna em sustentabilidade, CEO da Ecoetix, educadora e entusiasta de soluções que geram impacto positivo a natureza e a sociedade.
Andrezza faz parte da Rede Impacta Nordeste de Jovens Lideranças.