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Censo GIFE 2020 revela aumento do investimento social privado no Brasil

Pesquisa bianual realizada pelo GIFE aponta crescimento do investimento social privado puxado por iniciativas de cunho emergencial relacionadas ao combate à covid e suas consequências.

Foi divulgada no último dia 6 de dezembro a 10ª edição do Censo GIFE 2020. Produzida a cada dois anos desde 2001, a publicação é considerada uma das principais pesquisas sobre o setor de investimento privado (ISP) no país. A partir dos dados coletados, o Censo tem a finalidade de auxiliar com o planejamento, estruturação e qualificação da atuação dos investidores sociais.

A pesquisa é realizada pelo GIFE, com seus associados, e é uma análise quantitativa, autodeclaratória e voluntária, que fornece um panorama sobre recursos, estrutura, formas de atuação e estratégias das empresas e dos institutos e fundações empresariais, familiares e independentes que destinam recursos privados para projetos de impacto social.

Nesta 10ª edição do Censo GIFE, 131 organizações responderam à pesquisa, o que representa 81% da base de associados (na época de coleta dos dados). Essa porcentagem mantém o patamar das edições anteriores. 

A pesquisa revelou que em 2020 o montante total investido pelas organizações foi de R$5,3 bilhões – aumento de 53% em relação à pesquisa de 2018. O aumento no volume de recursos está relacionado à atuação das organizações no enfrentamento dos efeitos da Covid-19. As organizações realizam aportes individuais variados: enquanto 39% investiram até R$ 6 milhões, 20% investiram mais de R$ 20 milhões.

Comparativo do total investido nos últimos anos (Foto: GIFE)

Do volume total de investimentos, 48% foram realizados por institutos, fundações e fundos filantrópicos empresariais – que é, historicamente, o tipo de investidor social que mobiliza o maior montante de recursos no campo, sendo também o tipo de investidor mais presente entre os respondentes. Empresas representam 37% no volume total de recursos mobilizados pelo investimento social, em função da atuação de algumas delas no enfrentamento dos efeitos da Covid-19.

Na área dos negócios de impacto, a pesquisa revelou que 56% das organizações tiveram algum tipo de envolvimento com esse campo, com destaque para institutos, fundações e fundos filantrópicos independentes, dentre os quais 74% se envolveram com essa área.

O volume de recursos direcionado pelos investidores sociais para o desenvolvimento, promoção ou apoio ao campo de negócios de impacto em 2020 foi de R$55,2 milhões, sendo 73% proveniente de institutos, fundações e fundos filantrópicos empresariais e 19%, de independentes.

O Censo revelou que as principais formas que os respondentes atuaram com esse ecossistema foram por repasse de recursos a negócios de impacto ou organizações intermediárias (33%), apoio com formação, informação e/ou rede de relacionamento a organizações intermediárias (31%) ou a negócios de impacto diretamente (27%).

No caso de iniciativas de enfrentamento à crise da Covid-19, a atuação com negócios de impacto foi bem menor, destacando-se novamente o repasse de recursos (realizado por 10% dos respondentes) e o fomento ao movimento dos chamados negócios de impacto periféricos (7%).

Diminuiu o percentual de organizações que utilizam incentivos fiscais em seus investimentos. Em valores absolutos, o montante investido pelas organizações por meio da utilização de incentivos fiscais em 2020 foi muito similar ao de 2018 (crescimento de apenas 0,6%). Entretanto, diante do aumento do volume total de investimentos realizados em 2020, a participação de incentivos fiscais caiu. Os dados revelam que 32% das organizações fizeram uso de incentivos fiscais em 2020, uma queda de 3 pontos percentuais em relação ao verificado em 2018.

Em relação às leis utilizadas, 12% das organizações (mais de um terço dentre as que fazem uso de incentivos fiscais) utilizam apenas uma lei de incentivo fiscal, enquanto 18% dos respondentes (o que equivale a 45% dos que usam incentivos) usam entre 2 e 5 leis.

A lei mais utilizada pelas organizações (23%) é a Lei Rouanet (Lei de Incentivo à Cultura), ela também é responsável por 29% dos recursos de incentivo fiscal. Em segundo lugar, a Lei de Incentivo ao Esporte, sendo utilizada por 15% das organizações. 

Educação (76%) é a principal área temática de investidores sociais, mas sua presença diminuiu em comparação a 2018 e o tema passou a dividir espaço com outras áreas no contexto de enfrentamento do Covid-19, como a área de proteção social e saúde, que teve aumento de 34 pontos percentuais em comparação com 2018 e chegou ao patamar da área de educação em termos de respondentes que atuam na temática (75%). Entretanto, 18% dos respondentes que atuaram em proteção social consideram que isso ocorreu em um contexto emergencial, e que as ações devem ser suspensas após a pandemia.  

Quando se fala em localidade geográfica, 25% de todas as iniciativas desenvolvidas pelos investidores sociais não têm localidade geográfica definida, já que incluem ações que podem atingir todo o país (como publicações, campanhas ou iniciativas de advocacy). E 7% das iniciativas são desenvolvidas em todas as unidades da federação. 

A região Nordeste teve aumento de, em média, 2 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Destaque para a Bahia como o estado com mais iniciativas na região e, no país, só figura atrás dos estados do Sudeste. O Ceará foi o estado com maior aumento em relação a 2018 (4 pontos percentuais).

A concentração de iniciativas no Sudeste se repete em todas as edições do Censo GIFE. Em todos os outros estados, houve manutenção ou crescimento do número de iniciativas, com a única exceção de Goiás.

Para visualizar o conteúdo completo do censo, acesse a página oficial do Censo GIFE 2020.

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