A startup DIVI•hub visa democratizar o acesso a investimentos nas mais variadas empresas e projetos por meio da chamada tokenização. A Amitis, negócio de impacto social de Alagoas que faz parte da comunidade Impacta Nordeste, firmou parceria com a plataforma para captar investimentos para a expansão de sua operação.
Quando as tecnologias Blockchain e o Bitcoin foram criadas, em 2008, poucos imaginaram a revolução que essas duas invenções causariam na tecnologia e no mercado financeiro. Atualmente, a Blockchain, grande banco de dados compartilhado que registra transações por meio de criptografia e de forma descentralizada, imutável e transparente; deixou de ser apenas uma ferramenta ligada ao mercado de criptomoedas e tem sido usada para criar diversas outras soluções.
Uma dessas soluções está relacionada à tokenização, palavra ainda pouco conhecida da maioria das pessoas e que gera inúmeras dúvidas, mas que pretende viabilizar enormes possibilidades no mercado financeiro e, sobretudo, promover a democratização dos investimentos, resultando em custos menores tanto para empresas quanto investidores.
A chamada tokenização vem ganhando força, principalmente no Brasil, com um cenário favorável no qual o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dão aval para o funcionamento de projetos que envolvem tokens. Alguns especialistas já arriscam dizer que a tokenização está mudando para sempre a forma como as pessoas investem em diversos tipos de ativos nos mais variados setores da economia.
Uma das empresas que está trabalhando com esse novo tipo de investimento é a DIVI•hub, uma startup brasileira que nasceu no Vale do Silício, berço da tecnologia nos Estados Unidos, e veio para o Brasil, no ano passado, para atuar na área de aplicações financeiras e promover a democratização das oportunidades de investimentos. “Nosso objetivo é que todo mundo possa ser dono de um pedacinho de um projeto de seu interesse e receber de volta rendimentos por isso”, afirma o CEO da DIVI•hub, Ricardo Wendel.
O surgimento da DIVI•hub, de acordo com Ricardo, aconteceu atrelado a ideia de democratizar o acesso ao capital. “A ideia era fazer com que todo mundo pudesse investir com apenas R$10. Para isso, seria preciso vencer a barreira do conceito tradicional de investimento, focado no medo ou na ganância. Então, resolvemos trazer ativos que as pessoas se identificassem, consumissem e realmente curtissem, inaugurando um novo vetor: o investimento nas paixões. Na DIVI•hub é possível investir em um show de música, em um ativo de games ou em uma startup de impacto socioambiental”, explica.
A ideia da DIVI•hub se concretiza por meio do aplicativo de investimentos que, de forma inédita, permite que pessoas, empresas e marcas possam se tornar sócias de vários projetos e recebam uma participação nas receitas ou lucro. E tudo isso com poucos recursos, a partir de R$10. A empresa trabalha com investimentos em negócios criativos e de impacto em diversas áreas, como cultura, esportes e sustentabilidade.
A DIVI•hub está na fase final de aprovação para atuar também nos Estados Unidos, com aval da Securities and Exchange Commission, órgão norte-americano responsável por regular o mercado financeiro local, que seria a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana. De acordo com o CEO, ainda não há data para iniciar as atividades no país, mas lá serão aplicadas as mesmas características do que no Brasil, com os mesmos propósitos.
Atraindo investidores e iniciativas de impacto
Para atrair investidores, a DIVI•hub reforça a nova oportunidade de investimento financeiro, e de como os propósitos de cada projeto podem se alinhar com as preferências de cada investidor. “Um exemplo é a Amitis, uma startup de impacto socioambiental que tem gerado renda para microagricultores e levado alimentos mais saudáveis às comunidades locais”.
Surgida em 2016 com o objetivo de atenuar a má distribuição de alimentos no estado de Alagoas, a Amitis visa melhorar a distribuição de alimentos nutritivos no meio urbano por meio de hortas hidropônicas, é uma das empresas que está captando recursos por meio da plataforma da DIVI•hub.
“A Amitis realiza a venda de hortas hidropônicas de baixo custo nos segmentos B2C e B2B, criando uma rede de micro agricultores que cultivam os alimentos. Nós montamos e escoamos os boxes Amitis através de assinaturas ou do nosso delivery virtual. Iniciamos a parceria com a DIVI•hub para captar recursos que serão aplicados nas nossas operações. Com eles, vamos conseguir estruturar melhor nosso operacional dentro de Alagoas e começar uma expansão em dois novos estados do Brasil”, afirma Lilian Vicente dos Santos, diretora de marketing da Amitis.
De acordo com a CMO da Amitis, as hortas hidropônicas da empresa possuem 8 módulos, 784 células produtivas e um sistema semiautomático que possibilita o cultivo de forma mais rápida e com a necessidade de menos cuidados manuais. “Nas hortas hidropônicas a produção cresce 50% mais rápido do que nas produzidas em hortas tradicionais e ainda trabalhamos com a reutilização de água, gerando mais economia com sistemas totalmente cíclicos. Cada horta consegue economizar cerca de 88% de água em comparação às hortas comuns”.
Além disso, as hortas hidropônicas também reduzem os desperdícios de alimentos em até 90%, através da diminuição das etapas da cadeia produtiva nas operações. “Tudo o que é produzido por nossos micro agricultores é enviado ao nosso centro de distribuição para a montagem de boxes de alimentos que são vendidos para o B2C através de vendas pontuais ou assinaturas”, explica Lilian.
O sistema da Amitis também contribui para a diminuição do descarte incorreto de resíduos sólidos, já que são utilizadas cerca de 800 garrafas pet por horta para comportar o substrato que sustenta os cultivos. “Por fim, com todos esse reaproveitamento, conseguimos impedir a emissão de 1 tonelada de CO2 mensalmente, a cada horta, na atmosfera”, afirma a CMO.
A startup também gera um impacto social relevante, pois possui uma rede de micro agricultores formada por pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade socioeconômica. “Através da venda dos boxes, essas pessoas conseguem aumentar a renda mensal em até R$ 1.149,60. Além disso, os alimentos cultivados nas hortas Amitis são totalmente saudáveis e livres de agrodefensivos, tornando-se mais nutritivos e saudáveis que os do mercado”, afirma Lilian Vicente.
A empresa surgiu como um projeto dentro de programas desenvolvidos pela Enactus. Já passou por diferentes programas de incubação e aceleração, entre eles a Motirô, plataforma para capacitar empreendedores de impacto desenvolvida pelo Impacta Nordeste, e hoje faz parte da nossa comunidade.
Como investir?
Fazer o investimento na DIVI•hub é um processo bastante simples: basta baixar o aplicativo da startup – que está disponível para Android e iOS – e realizar o cadastro. Com a conta registrada é só navegar pela plataforma até a aba “Projetos”. Na qual é possível analisar e ver as informações das iniciativas que estão buscando captação. “Após escolher o projeto do qual quer se tornar sócio, basta o investidor fazer uma ordem de compra, preencher as informações de pagamento e escolher quantos DIVIs quer adquirir – cada DIVI custa R$10. Dependendo do projeto, temos a disponibilização dos DIVIs apenas em formatos de pacotes, com eles agrupados, por exemplo, mínimo de 1.000 DIVIs”, explica Ricardo Wendel.
O DIVI é um token que carrega a informação autêntica do contrato e garante a segurança e a transparência de cada operação: quais receitas do projeto são compartilhadas, quanto vale, quem comprou, quando comprou, quem vendeu e quando vendeu.
Os pagamentos podem ser realizados por cartão de crédito, pix ou usando saldo de carteira digital no aplicativo adicionando crédito via boleto. Qualquer pessoa pode comprar DIVIs de projetos diferentes ao mesmo tempo, independentemente da quantidade.
Crowdfunding ou Crowdinvesting?
Como ainda é uma forma de aplicação muito recente surgem várias dúvidas a respeito do funcionamento e dos riscos desse investimento. É um investimento arriscado? É um crowdfunding?
Ricardo Wendel tira algumas dessas dúvidas em relação aos riscos e à tokenização. “Somos pioneiros na emissão de tokens lastreados em valores mobiliários, trazendo o primeiro conceito de valor mobiliário fragmentado. Em relação aos riscos, como todos os investimentos de valores mobiliários, há o risco de o projeto não ir bem. Mas as pessoas que investem em DIVIs têm uma vantagem importante sobre outros tipos de aplicações, como ações: o poder de ajudar a engajar o negócio e de fato fazer diferença, além de receber benefícios não financeiros, de acordo com cada projeto”, esclarece.
A DIVI•hub é uma plataforma de crowdinvesting, regulamentada pela CVM, na qual as pessoas adquirem ações de determinada empresa, ao invés de doarem para uma causa ou projeto como no crowdfunding. “Esse é nosso grande diferencial. Sermos totalmente regulamentados. Temos a permissão da CVM, órgão regulador dos mercados brasileiros, com base na instrução 88, que trata da emissão de valores mobiliários via plataforma eletrônica de investimento participativo.
Com base nessa regulação, foi desenvolvido um mecanismo inédito de negociação que ajuda a blindar o investidor de riscos societários, como questões trabalhistas, de ter que assumir formalmente o quadro de sócios da empresa ou ainda de subscrever qualquer participação representativa do capital social da empresa. É uma maneira legalmente construída para proteger o investidor, com instrumento mais seguro que qualquer título conversível em participação, já que não existe a possibilidade de responsabilização do sócio participante por atos do sócio ostensivo”, esclarece o CEO.
Os projetos que desejam captar recursos por meio da DIVI•hub passam por uma seleção e uma inspeção para que todos os protocolos exigidos pela startup sejam atendidos. O envio dos projetos para captação na plataforma é feito pelo e-mail: business@divihub.com.