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Jovens Transformadores Ashoka: Ampliando o Empreendedorismo Social no Nordeste

5 mins de leitura

As inscrições para a edição 2025 dos Jovens Transformadores Ashoka estão abertas; conheça histórias inspiradoras de jovens do Nordeste reconhecidos pelo programa e entenda como o empreendedorismo social e a educação podem transformar comunidades e inspirar novas lideranças na região.

Cá entre nós, a educação está presente em tudo. Sem ela, não seria possível compreender os cenários, promover diálogos e, o mais importante, transformar contextos e realidades.

Falo por experiência própria. Este tem sido o meu trabalho como jovem liderança nordestina e periférica. O aprendizado contínuo é essencial para a construção de novos conhecimentos e para o desenvolvimento de soluções inovadoras, principalmente para as juventudes.

Apesar disso, as juventudes não devem ser vistas como únicas responsáveis pela garantia de um futuro melhor. Como parte dessa mudança positiva, sei como é importante que a gente receba suporte, apoio e oportunidades neste trabalho, principalmente na nossa região.

Dito isso, enquanto parte das redes da Ashoka e do Impacta Nordeste, quero compartilhar uma dessas oportunidades: A Ashoka Brasil está com a inscrição para a edição de 2025 dos Jovens Transformadores.

Jovens Transformadores Ashoka

A Ashoka, organização pioneira no campo do empreendedorismo social, reconhece em 2025 novos Jovens Transformadores, convidando pessoas entre 13 e 19 anos a integrar um movimento global onde empatia e protagonismo se traduzem em ações concretas de impacto.

Como maior rede global de empreendedorismo social, a Ashoka reúne pessoas e organizações que promovem mudanças sistêmicas em 90 países. Para a edição de 2025, as inscrições estão abertas até 16 de fevereiro e buscam formar mais uma geração de jovens que transformam suas comunidades a partir de iniciativas inovadoras. As inscrições vão até 16 de fevereiro de 2025. Para se inscrever, clique aqui.

Chamada oficial da Ashoka (Divulgação)

Jovens de diversos segmentos já foram reconhecidos nos quatro cantos do Brasil, desde arte até a tecnologia. Pensando no histórico de Jovens Transformadores reconhecidos na região Nordeste, destaco a trajetória de dois deles, cujos projetos têm ampliado cada vez mais o impacto.

Mariana Nunes Santos Gomes – Rede Autoestima-se

De Conceição do Almeida, no recôncavo baiano, Mariana iniciou sua jornada no empreendedorismo social aos 13 anos, ainda na escola, liderando ações de protagonismo juvenil.  Dentre os destaques dessa trajetória está o Parlamento Jovem Brasileiro, onde Mariana uniu a educação e a saúde mental a partir da construção de projetos de lei.

Mariana esteve presente em diversos eventos internacionais. Na imagem, ela está na Cermiônia do Nobel da Paz em 2024, no México. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2020, a jovem fundou a Rede Autoestima-se, uma organização social que materializa o seu desejo enquanto ativista pela saúde mental. Com ações que começaram online, a partir do atendimento voluntário de psicólogos, o projeto se fortaleceu e expandiu o seu impacto para todo o Brasil com ações dentro e fora das redes.

Com maioria de mulheres de contextos vulneráveis como beneficiárias, principalmente negras e indígenas, Mariana, que atualmente cursa Administração na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), luta para que o bem estar mental seja visto como uma pauta essencial para a saúde pública.

Visita à Aldeia dos Tatuyos no Amazonas a partir do Projeto de Atendimento Psicológico para Jovens Ativistas Brasileiro da Rede Autoestima-se. (Foto: Arquivo Pessoal)

Além do reconhecimento pela Ashoka, seu trabalho também foi valorizado por organizações como as Nações Unidas, a Open Society e a Vital Voices. Inclusive, eu também sou reconhecida pela Vital Voices e compartilho mais sobre essa experiência nesse artigo aqui.

Luiz César da Silva – Visibilidade da Juventude Rural

Impactado pelas vulnerabilidades sociais e ambientais do sertão alagoano, em Mata Grande, o jovem quilombola Luiz César decidiu transformar a realidade do seu território aos 12 anos. Munido de educação e junto a outros 14 jovens, incluindo primos e amigos, ele fundou o projeto “Visibilidade da Juventude Rural”, que realiza ações de cidadania na região.

Inicialmente, o projeto promoveu arrecadações de doações, ações artísticas e plantio de mudas, contando com o apoio do Movimento Jovem de Políticas Públicas – MJPOP. Logo, a iniciativa de Luiz passou a influenciar políticas públicas voltadas a crianças e adolescentes, tornando-se referência na região.

As ações da Visibilidade da Juventude Rural tem se ampliado para alcançar cada vez mais jovens na região. (Foto: Arquivo Pessoal)

Movido pelo desejo de ampliar o impacto por meio da educação, Luiz ingressou na Universidade Federal de Alagoas aos 18 anos, onde cursou Geografia.  Hoje, formado e liderando o projeto, ele incentiva a participação social de jovens rurais por meio da capacitação, incidência política, promoção da equidade e da valorização do campo, com o objetivo de fortalecer e prosperar as comunidades locais.

Outras oportunidades na rede da Ashoka

Para além dos Jovens Transformadores, a Ashoka desenvolve outras iniciativas que auxiliam no desenvolvimento de jovens a partir do empreendedorismo social e da educação:

Debates Públicos: É uma iniciativa criada em parceria com o coletivo Encrespad@s, que fortalece a cultura democrática dentro das escolas a partir da capacitação de jovens para liderarem discussões sobre temas relevantes nas escolas públicas.

Conversas Sobre Crescer: São espaços de diálogo com responsáveis, educadoras(es), lideranças comunitárias, funcionários ou qualquer pessoa que queira criar condições para que crianças e jovens se tornem pessoas transformadoras. Jovens e adultos com interesse em mediar esses espaços podem participar da  formação oferecida pela Ashoka.

Imersão em Transformação para Juventudes: Uma imersão que permite a jovens vivenciarem habilidades transformadoras e aplicá-las em seus territórios. As sessões são lideradas pela equipe Ashoka em parceria com organizações por todo o país.

Territórios Transformadores: São epicentros de transformação social, com alto índice de pessoas e iniciativas que enfrentem as desigualdades sociais. Une educadores, escolas, universidades, organizações da sociedade, dentre outras que fortalecam uma educação transformadora. No Brasil existem atualmente 9 territórios presentes nas 5 regiões do país.

Como coliderança da iniciativa Territórios Transformadores no Ceará, pude conhecer a história de diversos jovens que vêm inovando e trabalhar em cooperação com as ferramentas e metodologias da Ashoka para impulsionar este trabalho. 

O Território Transformador do Ceará teve a sua ativação em setembro de 2023 e, desde então, houveram diversas atividades nas periferias da capital e nas cidades do interior. (Fotos: Arquivo Pessoal)

Essas experiências me mostraram que o primeiro passo é fundamental para transformar ideias em ações concretas.

Sabrina Cabral, é ativista e criadora do blog @sanydapeste, onde aborda temas como meio ambiente, direitos humanos e educação para a juventude periférica do Nordeste. Graduanda em Engenharia Civil na UFC e bolsista do programa Bolsa Jovem da Prefeitura de Fortaleza e BID, é engajada em temas como sustentabilidade, economia criativa e design. É fundadora da iniciativa Ruma, com o objetivo de apoiar o desenvolvimento sustentável a partir das juventudes do Nordeste, conquistando bolsas de desenvolvimento de projetos no MIT e se tornado Representante Juvenil em iniciativas da ONU na América Latina e Caribe, como o acampamento Juventudes Ya! do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

Sabrina faz parte da Rede Impacta Nordeste de Jovens Lideranças.