Vivemos em uma sociedade em que os acessos aos espaços de poder e de destaque são limitados a um grupo de pessoas que possui cor e sexo definidos, sendo sua maioria composta por homens e brancos. No campo do conhecimento não se difere. Constantemente nos deparamos com notícias acerca de jovens superdotados ou criativos, que desenvolvem ideias e se tornam grandes líderes, mas qual o problema de tudo isso? Quantos desses jovens são negros e mulheres?
Muitos devem imaginar, ainda hoje, que pessoas negras não estão nesses espaços, porque não são criativas ou não possuem inteligência, mas a realidade é bem diferente. Jovens negros desde o seu nascimento são privados de acesso á educação e oportunidades, e consequentemente, limitados ao desenvolver suas habilidades. Alguns, com muita dificuldade, conseguem furar essa “bolha”, porém se deparam com o exemplo da meritocracia que basta tentar, sendo que sua trajetória é de muitos “nãos”, até mesmo estando em destaque.
Pensando nisso, acredito que todos os dias perdemos grandes gênios e líderes por falta de oportunidade e acesso, que vai além do conhecimento teórico de gestão e finanças. Muitos se encontram no limbo da vontade e do bloqueio da sua criatividade, por não acreditarem em si próprios e por falta de educação neurocerebral que ajudem a desenvolver seu cérebro para novas possibilidades e a pensar de forma mais criativa.
Uma forma de mudar este cenário é trabalhar estes jovens a partir da sua criatividade, utilizando do conhecimento do design thinking, entre outras ferramentas tecnológicas, mostrando que suas ideias podem refletir em grandes mudanças e que para isso será necessário prática e treinamentos específicos. Que suas ideias “mirabolantes” nada mais são que ideias fantásticas que precisam ser apenas lapidadas. Com isso, impulsionar líderes e grandes gênios periféricos, a partir de atividades neurolinguísticas com profissionais multidisciplinares e que utilizem de ferramentas reais do nosso cotidiano periférico é necessário e urgente.
Temos muitas Oprahs nas favelas, temos muitos Marks e Obamas na periferia.
*Foto: Loretta Rosa em Unsplash
Joice Santos
Bacharel em Turismo e Hotelaria pela UNEB com experiência em diversas áreas do turismo, sendo nos últimos 8 anos atuando no setor hoteleiro. Pesquisadora independente de turismo e relações raciais e gênero, atualmente faz parte do time da Afroimpacto e sempre buscando novos desafios e aprendizados, como boa sagitariana deve ser.