Impacta Nordeste

O I Encontro de Economia de Impacto da Paraíba e o SIMPACTO no Nordeste

I Encontro de Economia de Impacto da Paraíba reuniu especialistas e representantes de diferentes estados para fortalecer a colaboração e traçar estratégias que impulsionem a jornada dos estados junto ao Sistema Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (SIMPACTO).

O I Encontro de Economia de Impacto da Paraíba e Reunião de trabalho SIMPACTO, realizado no último dia 31 de outubro, em João Pessoa (PB), reuniu diferentes segmentos do ecossistema de impacto da Paraíba e do Nordeste. Com o objetivo de criar um ambiente institucional favorável aos investimentos e negócios de impacto, o encontro proporcionou a conexão e fortaleceu a colaboração entre os diversos atores envolvidos na estruturação do comitê estadual da Paraíba. Ao final, foram definidas as próximas etapas para adesão do estado ao SIMPACTO.

Para Roberto Beltrão, Secretário Executivo de Segurança Alimentar e Economia Solidária da Paraíba, presente no evento, “é uma grande conquista receber o primeiro encontro da Enimpacto na Paraíba, com comitivas de vários estados. Esperamos que possamos alcançar uma convergência entre as secretarias para aderir a essa política tão importante e fundamental para nós”. 

No período da manhã, após a abertura institucional, houve a apresentação da estratégia nacional da economia de impacto (Enimpacto), conduzida por Hérrisson Dutra e Cecília de Melo Dias, ambos do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Em depoimento para o Portal Impacta Nordeste, Hérrisson, que atua na região Nordeste, destacou que a Paraíba tem despontado com relação a um modelo de desenvolvimento e sustentabilidade.

“Discutir a Enimpacto aqui, para formar um coletivo atuante e crítico para a implementação e monitoramento de ações de impacto, é fundamental para nós. O evento tem mostrado que o estado da Paraíba tem condições de ter, além de uma legislação de impacto social efetiva, também um governo engajado para que haja, daqui a pouco tempo, adesão do estado ao SIMPACTO”, afirmou Herrisson.

O painel seguinte foi sobre o cenário da economia de impacto na região Nordeste, com falas de Nadjaluce Barros, representante do Rio Grande do Norte; Suzanne Correia, professora da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), atuante na área de impacto social no estado; e Hérrisson Dutra, do MDIC. Os participantes elencaram as principais possibilidades e desafios do crescimento do setor na região.

O último painel da manhã apresentou cases de impacto na Paraíba e contou com a presença de Francilene Garcia, Coordenadora do Parque Tecnológico Horizontes da Inovação; Danielle Bezerra, da empresa TrêsBê Delas; e Nevinha, empresária da Doces Tambaba/Shopping Rural. Por meio de suas experiências, elas compartilharam os desafios de empreender negócios de impacto no estado.

Painel sobre negócios de impacto na Paraíba. 

No período da tarde, Aron Belinky e Kess Jones, da Consultoria PNUD/Enimpacto, reuniram os coletivos estaduais de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte para avaliar seus níveis de engajamento com o SIMPACTO. A Paraíba, embora ainda não tenha um coletivo formalizado, também participou da atividade através dos representantes presentes.

Ao final, os participantes e coletivos compartilharam seus os avanços e desafios. O Rio Grande do Norte aparece como uma referência em seu processo de adesão à SIMPACTO, tanto em termos de políticas públicas quanto de articulação, servindo de inspiração para os estados que passaram a aderir posteriormente. Segundo depoimentos de representantes locais, Alagoas está no ponto de maturação institucional de sua jornada, mapeando responsabilidades, engajando lideranças e reconhecendo fragilidades que podem ser fortalecidas. Pernambuco, que conta com um grupo representativamente diverso, está na etapa de formalizar o coletivo, dependendo apenas do poder executivo para finalizar o processo de adesão ao SIMPACTO.

Lideranças locais realizando uma auto-avaliação com o objetivo de avaliar o estágio de desenvolvimento dos “coletivos pró-simpacto”.

A Paraíba conta com a Lei nº 11.869/2021, que estabelece diretrizes gerais para a criação da política estadual de investimentos e negócios de impacto social, além de outras providências. Mayara Costa, especialista em Empreendedorismo Social do Parque Tecnológico Horizontes da Inovação da Paraíba e figura central na organização do encontro, afirmou ao final do evento o compromisso da atual gestão em revisar a lei e o decreto, visando a institucionalização do comitê e a estruturação de toda a documentação necessária para avançar nos próximos passos da jornada de impacto no estado.

Participantes do evento.

Percebeu-se, ao final, os frutos dessa iniciativa ao reunir atores-chave do ecossistema de impacto regional, apresentando ferramentas e indicadores de monitoramento e promovendo a troca de experiências entre os coletivos. Esse encontro não apenas fortaleceu o compromisso com o impacto social na região, mas também traçou um caminho sólido para futuras colaborações e avanços, reafirmando a importância de uma rede integrada e bem estruturada para enfrentar os desafios sociais e ambientais no Nordeste.

A evolução do Simpacto no Nordeste

A Economia de Impacto é uma modalidade econômica que busca equilibrar resultados financeiros com a promoção de soluções para problemas sociais e ambientais. Nesse modelo, os empreendimentos vão além da geração de lucros, promovendo transformação social e desenvolvimento sustentável. No Brasil, o ecossistema de Economia de Impacto tem ganhado atenção do poder público, especialmente desde 2017. A criação da Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (Enimpacto) pelo governo federal foi um marco importante e, desde então, o volume de investimentos e o número de negócios na área vêm crescendo significativamente.

Ao longo do tempo, os debates e estudos conduzidos pela Enimpacto evidenciaram a necessidade de criar mecanismos de articulação mais coesos e voltados para o contexto local. Como um dos resultados, foi delineado o Sistema Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto (SIMPACTO).

Assim, o SIMPACTO foi formalizado pelo MDIC em 19 de junho de 2024, por meio da assinatura dos Acordos de Cooperação Técnica com os dois primeiros estados: Rio Grande do Norte e Alagoas. Foi estabelecido com o objetivo de articular ações nos diferentes níveis federativos para fortalecer a economia de impacto e conectar os comitês temáticos. Atualmente, Espírito Santo e Pernambuco também fazem parte do sistema. 

Vale destacar que 10 unidades da federação (UFs) possuem, atualmente, legislação local de economia de impacto vigente: Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Goiás, Espírito Santo, Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. De acordo com o Plano Decenal da Enimpacto, a meta é que as 27 UFs estejam integradas ao Sistema até 2032.

Para integrar ao sistema, estados e municípios precisam atender a três requisitos: possuir legislação aprovada e vigente sobre o tema; possuir comitê de economia de impacto constituído; e, ter grupos de articulação e coletivos atuantes em nível local.

O MDIC tem direcionado esforços para fomentar o SIMPACTO nos estados, buscando não apenas fortalecer o contato institucional, mas também se aproximar diretamente de líderes locais que atuam na área. Ao apresentar a Enimpacto e o SIMPACTO e destacar a importância de reunir e construir um ecossistema organizado e coeso, torna-se possível estimular uma articulação entre a sociedade civil, empresas e governos locais para avançar nos próximos passos.

Amanda Queiroga, 27 anos, é Engenheira Ambiental, professora, empreendedora sustentável e consultora Lixo Zero pelo Instituto Lixo Zero Brasil (ILZB). Também atua como consultora em sustentabilidade para PMEs e da palestras sobre esse tema. Acredita que escolhas conscientes podem mudar o mundo, por isso tem como propósito levar a educação ambiental para as pessoas e transformar as empresas de dentro pra fora.

Amanda faz parte da Rede Impacta Nordeste de Jovens Lideranças

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