Nos últimos anos, tem-se falado sobre a importância da avaliação de impacto em programas e projetos de cunho social ou ambiental. No entanto, no Brasil e, consequentemente, no Nordeste brasileiro, tal prática caminha a passos lentos e com pouco investimento. Além disso, ao buscar por qualificação e aperfeiçoamento sobre o tema, especialistas da área encontram valores absurdos para a realidade brasileira, ainda mais, para os negócios sociais ou para organizações do terceiro setor. Isso me faz refletir sobre a urgência da implementação de práticas avaliativas e como essa pauta – por muitas vezes – torna-se algo distante quando pensamos no aporte financeiro.
Por essa razão, este artigo foi dividido em duas partes e nesse primeiro trecho, abordo a essencialidade desse processo no gerenciamento de toda iniciativa, que tem como objetivo gerar impactos sejam eles sociais ou ambientais através de decisões estratégicas de governança.
Assim, antes de tudo, considero que o avaliar integra uma das etapas mais importantes do gerenciamento de um projeto/programa. A avaliação tem como base a produção do julgamento de mérito (efeitos) e de relevância do objeto a ser avaliado através de critérios consistentes e válidos para os envolvidos. Além disso, é na avaliação que o trabalho do planejamento estratégico pautado nos indicadores salta aos olhos (sejam os seus ou de organizações ou pessoas que investem em determinada iniciativa).
Ao levantar a importância da avaliação, te dou quatro motivos para investir nesse processo o quanto antes:
- Ética e Transparência: avaliar os resultados e impactos através de processos metodológicos claros e rigorosos reitera o compromisso da sua instituição com a ética e a transparência. Com isso, você ganhará ainda mais credibilidade e confiança em seu setor.
- Gestão Adaptativa: implementar práticas de avaliação garante que a sua gestão se adapte às necessidades que surgirão durante a vida do projeto/programa/negócio. Ou seja, além de atender uma demanda atual, você poderá mitigar riscos antes que algum problema se instale e se torne até algo crônico.
- Aprendizagem: Antes de qualquer outra coisa, Avaliar significa aprender. Aprender com os erros e acertos, inclusive de maneira preditiva, a partir de evidências e dados. Ou seja, não há hipótese para “achismos”.
- Construção De Capital Político: Avaliar significa rentabilizar. É a partir da avaliação que você conseguirá mensura o quanto o teu projeto/programa/negócio entrega pro cliente e/ou pra sociedade. Com isso, você terá capital político de negociar e captar, inclusive com futuros investidores. Pois, lembre-se: ninguém vai investir no seu negócio se você não puder demonstrar o quanto ele traz de valor.
Além disso, também, cito resultados que podem ser evidenciados a partir de uma avaliação de impacto:
- Redução de custos de transação: empreendimentos/iniciativas de impacto podem oferecer produtos e serviços que diminuam ou eliminem barreiras de acesso a bens de serviço à comunidades vulneráveis e/ou minorias;
- Redução de condições de vulnerabilidade;
- Ampliação de possibilidade de aumento de renda ;
- Promoção de oportunidade de desenvolvimento (humano e social);
- Fortalecimento da cidadania e dos direitos individuais.
Vale frisar que é somente através da implementação de práticas avaliativas que o impacto do seu negócio poderá ser mensurado. Ou seja, é a avaliação que evidenciará o conjunto de consequências, positivas e negativas, intencionais e não intencionais, que uma intervenção produz em uma dada realidade.
Por isso, quer um conselho? Corre atrás de mensurar seu impacto o quanto antes! Essa é a oportunidade que você e seu projeto/programa/negócio têm para alavancar e otimizar suas ações, processos, rentabilidade e impacto.
Juliana Serafim é Mestra em Linguística (UFPE), Gerente de Projetos de Impacto e Inovação Social (PMD Pro/PM4NGOs), Especialista (e apaixonada) em Matriz de Indicadores, Planejamento Estratégico, Monitoramento e Avaliação de Impacto de Projetos e Negócios Socioambientais e Professora da Educação Básica. Já atuou como Consultora de organizações como a ONG The Nature Conservancy , da start-up Mete a Colher, do Núcleo de Gestão do Porto Digital e da ONG Somos Professores.