Por Impacta Nordeste
Com informações de Projeto Colabora, Correio Braziliense, Jornal Correio e Estadão
Foto: Leo Malafaia/AFP
Há cerca de dois meses a Região Nordeste tem virado manchete nos telejornais por um motivo preocupante. Diversas praias dos estados de Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Alagoas foram atingidas por um grande vazamento de óleo. Investigações apontam que o óleo que polui o mar e as praias na região partiu de um navio da Grécia.
A situação já é tratada como crime ambiental e considerada um dos piores desastres naturais do Brasil. Apesar da grande repercussão midiática sobre o problema, o governo federal e demais órgãos públicos responsáveis ainda não apresentaram políticas eficientes para solucionar o caso.
“Esse petróleo, sem dúvidas, é a maior tragédia em nosso litoral. Devido à vasta área atingida, com recifes de coral, estuários, bancos de gramas marinhas e manguezais, ecossistemas de extrema importância para centenas de espécies de valor econômico e ecológico.”, explica Cláudio Sampaio, biólogo e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas em entrevista para o Projeto #Colabora.
Foi então que milhares de brasileiros moradores dos estados afetados pelo óleo e organizações de proteção ao meio ambiente começaram uma verdadeira força tarefa para realizar a retirada da substância. Muitos voluntários, sem qualquer conhecimento específico ou preocupação com os riscos à saúde que a substância poderia causar, se uniram em prol de um mesmo objetivo: salvar a natureza.
Não demorou muito para que as redes sociais fossem tomadas por vídeos e fotos de dezenas de pessoas trabalhando em conjunto para conter o avanço do óleo nas praias, muitas consideradas cartões-postais da região Nordeste. Afinal, um desastre de tamanha magnitude prejudica, além da natureza, uma das principais atividades econômicas do Nordeste: o turismo.
Segundo Cláudio Sampaio, “a beleza cênica dessas praias, sua gastronomia e cultura são atrações turísticas que geram emprego e renda para grande parte dos municípios atingidos, causando mais um impacto, o social, em uma região já tão carente de oportunidades”.
O “improviso” como aliado para salvar o litoral nordestino
As pessoas que se tornaram voluntárias na limpeza das praias estão utilizando os mais diversos materiais para auxiliar na retirada dos resíduos de óleo no mar, areia, pedras e até nos animais atingidos, como tartarugas marinhas.
Em reportagem publicada pelo Estadão no último dia 23 sobre a chegada do óleo na Praia de Itapuama, em Cabo de Santo Agostinho, localizado a 40 minutos do Recife, entre as “ferramentas” encontradas estavam redes de pesca, peneiras de cozinha, espátulas de obra e instrumentos para atividades de jardinagem.
Além da população local, militares do Exército, universidades e líderes de ONGs de proteção ao meio ambiente se juntaram aos voluntários, orientando e oferecendo capacitação devida. Nos locais também são aceitas doações de itens de segurança para os voluntários, como luvas, máscaras de proteção e galochas.
De óleo para carvão: Instituto de Química da UFBA cria técnica de reaproveitamento do óleo recolhido nas praias de Salvador
Um projeto desenvolvido no Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (UFBA) encontrou um jeito eficiente de reutilizar o óleo recolhido nas praias de Salvador. Através de um processo chamado compostagem acelerada, todo o resíduo é transformado em carvão.
A professora e coordenadora do projeto Compostagem Francisco, Dr.a Zenis Novais da Rocha, explica como isso acontece. “Biotivadores criados no instituto aceleram a degradação da matéria orgânica, e em 60 minutos, o petróleo é degradado e transformado em carvão. Esse processo de compostagem acelerada é limpo, não inflamável com aditivos que não agridem o meio ambiente, e ainda não libera os gases que seriam liberados em caso de incinerar o óleo, por exemplo.” Cerca de 50 kg de óleo por dia são transformados em carvão. O Instituto está recebendo o óleo através dos voluntários atuantes na limpeza nas praias da capital baiana.