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A ‘melhor idade’ conectada: conheça a AprendaTec, plataforma que ensina tecnologia para o publico sênior

4 mins de leitura

Por Impacta Nordeste


Em 2016, uma pesquisa do IBGE revelou que o número de pessoas com mais de 50 anos conectada à internet cresceu 14,9% nos últimos 10 anos.

Esse crescimento do acesso à internet tornou-se mais fácil graças à popularização dos smartphones, mas a curiosidade e vontade de estar por dentro das novidades também motiva esse público a estar presente na internet.

Mas a grande maioria dos idosos sente dificuldade em entender como funciona tanta tecnologia, o que é bastante comum. Felizmente, já existem soluções para ajudar o público da melhor idade conquistar sua autonomia na internet.

E foi pensando em oferecer educação inclusiva para idosos que os amigos Cecília Borba e Henrique Granja criaram uma empresa dedicada ao desenvolvimento de softwares voltados à educação digital, a T3 Tecnologias Educacionais.

A ideia de criar o negócio surgiu durante a faculdade. No mesmo prédio onde faziam o curso de Tecnologia da Informação na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), havia um projeto de inclusão digital para idosos para ensiná-los a utilizar a tecnologia. Os amigos descobriram que os alunos tinham vontade de assistir os materiais complementares das aulas para estudar em casa, mas o projeto não dispunha de um espaço onde pudesse disponibilizar esses conteúdos – estava ali uma ótima oportunidade de negócio para os amigos investirem. Ali nascia a plataforma de estudos online AprendaTec.

O projeto deu tão certo que Cecília decidiu tomar um passo importante: transformar a AprendaTec em um negócio de impacto social. E o SEBRAE RN foi essencial no processo. “Até conhecer o pessoal do SEBRAE, eu e Henrique não sabíamos o que era um negócio de impacto social, e hoje, nós trabalhamos em nosso negócio alguns pontos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), como saúde e bem estar. Através da aprendizagem contínua, os alunos idosos conseguem manter o cérebro mais ativo.”, analisa.

Apesar de haver demanda, Cecília diz que sentiu dificuldades de definir o público-alvo da AprendaTec para criar campanhas de marketing e conteúdo sobre a empresa para divulgação. Mas a grande surpresa foi descobrir que na verdade o público interessado não estava no Rio Grande do Norte. “Precisamos investir muito tempo e dinheiro até conseguirmos definir um público que se interessa em pagar por esse conteúdo.”.

Economia Prateada

A preocupação em oferecer educação tecnológica para idosos acompanha uma tendência econômica chamada “economia prateada”. O termo surgiu devido ao crescimento do poder de compra de pessoas com mais de 60 anos e que só tende a aumentar nos próximos anos.

Segundo dados da ONU, até 2050, serão 2 bilhões de pessoas com 60 anos ou mais habitando nosso planeta. O número de pessoas se aposentando nos países desenvolvidos está crescendo três vezes mais rápido do que o número de pessoas jovens; no Brasil, estamos vivendo mais e tendo menos filhos.

A economia prateada movimenta em todo o mundo US$ 7,1 trilhões anualmente; no Brasil, R$ 1,6 trilhão por ano. Cecília observa de perto esse crescimento. “É um mercado muito promissor, cada dia mais vemos novos produtos para este público sendo lançados. Nós entendemos que assim como em todas as faixas etárias do Brasil, a educação infelizmente ainda não é prioridade de ‘compra’ por parte da população, então com a AprendaTec tentamos trazer uma nova roupagem para o aprender, de forma mais rápida e divertida.”

Inclusão digital e social 

Uma educação de qualidade sem dúvidas pode ajudar na redução da desigualdade social, principalmente a digital. “O mercado de trabalho atual exige cada vez mais conhecimento em tecnologia. Através do nosso trabalho podemos ajudar estas pessoas a encontrar um trabalho decente e, assim, aumentar o poder de compra do aluno.”, explica Cecília.

Plataforma AprendaTec ensina, de maneira prática e simples, idosos a utilizarem a tecnologia. Foto: Divulgação

Com a tecnologia atualizando cada vez mais rápido, é preciso estar atento para se adaptar a estas mudanças. No campo da educação, Cecília diz que um dos desafios é, justamente, adaptar o que há de novidade para aplicar na AprendaTec. “Nossa principal preocupação é manter o conteúdo da plataforma o mais atualizado possível. Já aconteceu de eu ter que atualizar um curso inteiro antes mesmo dele ir ao ar.”, lembra ela.

A própria plataforma da AprendaTec foi criada de forma a ser um meio complementar de estudos para os alunos/usuários. “No início, nosso objetivo era trazer uma plataforma totalmente adaptada à necessidade do aluno para que ele não tivesse nenhuma dificuldade durante o uso. Porém, se ficasse ‘fácil demais’ de utilizar, quando ele saísse do ambiente de aprendizagem para o ambiente real, provavelmente ele não iria saber saber navegar em algum outro site.”

Empreendedorismo social no Nordeste

Para Cecília, a valorização da cultura, mão de obra e a tecnologia local ajudam a estreitar as relações entre os empreendedores sociais na região Nordeste. “Quando criamos características que vários empreendedores se identificam, criamos uma nova cultura. Essa sensação de pertencimento faz com que a gente se sinta mais motivado e orgulhoso de fazer parte disso.”

E se você deseja começar no empreendedorismo social, Cecília tem uma dica. “Acima de tudo, conheça seu público. Converse, sinta suas dores e seja sincero com você mesmo e com o produto que você oferece. E não tenha medo de mudar a estratégia caso perceba que ela não está funcionando.”

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