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Empoderando a natureza: a jornada dos Selos Sustentáveis rumo à regeneração

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Os selos de sustentabilidade atestam as práticas e processos utilizados para criar produtos e infraestruturas sustentáveis em uma empresa, mas nem tudo é o que parece ser.

Em minha primeira contribuição para o Portal Impacta Nordeste, falei sobre o conceito ESG e sua importância para o mundo dos negócios.

Agora, neste novo artigo, voltamos nossos olhos para os Selos Sustentáveis, esses misteriosos artefatos da era moderna. Eles nos encantam com promessas brilhantes, nos convidando a acreditar na mágica da mudança. Mas, nem tudo é o que parece ser.

A importância histórica dos selos sustentáveis

Desde tempos imemoriais, os selos têm desempenhado um papel crucial na comunicação e na validação de informações. Seja nas cartas de correio ou nos documentos oficiais, os selos carregam consigo a marca de autoridade e autenticidade. No mundo moderno dos negócios, essa tradição se estendeu para além do papel e da tinta, assumindo uma nova forma nos selos sustentáveis.

A história dos selos sustentáveis remonta a décadas atrás, quando visionários empresariais começaram a reconhecer a importância de alinhar os valores de suas empresas com as preocupações ambientais e sociais da sociedade. Esse movimento não foi apenas uma resposta às demandas dos consumidores, mas também uma evolução natural dos princípios éticos nos negócios.

Os selos sustentáveis

Os selos de sustentabilidade atestam as práticas e processos utilizados para criar produtos e infraestruturas sustentáveis em uma empresa certificada, cada um com seu próprio propósito, método de avaliação, tipo de validação e público-alvo.

Eles visam tanto aumentar a conscientização sobre os aspectos ambientais de um produto ou serviço, quanto influenciar a escolha do consumidor e promover mudanças de comportamento entre os fabricantes.

As empresas e instituições competem para tornar seus selos mais deslumbrantes e atraentes. Quanto mais “brilhante”, mais atraente e valioso o selo se torna. É uma competição para ver quem pode criar o selo mais encantador e sustentável de todos!

Nesse ponto, podemos lembrar as palavras do filósofo Immanuel Kant, que nos ensinou sobre o dever moral. Os selos sustentáveis refletem o cumprimento do dever moral das empresas para com a sociedade e o meio ambiente.

A nova geração de selos sustentáveis

Segundo o IDEC, existem cerca de 400 selos com apelo sustentável no mundo. Eles se dedicam a práticas sustentáveis, como reciclagem, mitigação das emissões de carbono, plantio regenerativo, logística reversa, entre outras soluções ligadas à sustentabilidade. Cada selo carrega a responsabilidade de chancelar empresas, garantindo que elas cumpram suas promessas.

Nesse momento, podemos lembrar as palavras do economista Milton Friedman, que nos ensinou sobre a responsabilidade social das empresas. Os selos sustentáveis podem ser vistos como uma resposta às expectativas crescentes da sociedade em relação às empresas.

Equilibrando lucro e propósito

Invocando as palavras do filósofo John Stuart Mill e suas ideias sobre utilitarismo, os selos sustentáveis podem contribuir para o bem-estar geral da sociedade.

Porém, há cuidados a serem tomados. Antes de escolher um selo, é essencial pensar cuidadosamente sobre as causas escolhidas e quem receberá os benefícios prometidos que são apoiados pelos selos. Cada selo representa uma promessa e, como diz o ditado, “nem tudo que reluz é ouro.”

Neste ponto, vale lembrar a advertência de Jeffrey Sachs, especialista em sustentabilidade e economia, sobre a importância de analisar profundamente o impacto das iniciativas sustentáveis.

Transformando negócios e impactando a sociedade

À medida que os selos sustentáveis ganham destaque, eles não apenas influenciam as práticas comerciais individuais, mas também moldam todo o paradigma dos negócios. Empresas que buscam obter essas chancelas são incentivadas a repensar suas cadeias de suprimentos, reduzir seu impacto ambiental e investir no desenvolvimento social.

Além disso, os selos sustentáveis têm o poder de influenciar o comportamento do consumidor, orientando as escolhas para produtos e serviços que priorizam a sustentabilidade. Isso cria um ciclo virtuoso em que empresas responsáveis são recompensadas com maior demanda, incentivando outras a seguir o exemplo.

Conclusão ambivalente

E assim, como um Ser Humano apaixonado pela sustentabilidade e pela VERDADE, que acredita que a transparência é o pilar de evolução para um mundo mais justo e sustentável, permita-me acrescentar um toque lúdico que fala do meu compromisso pessoal com a causa.

Pessoalmente, sou um defensor dos “Selos Sustentáveis”. Inclusive, tive a honra de criar selos em duas empresas que estive envolvido, certificando que os produtos eram provenientes de economia circular, contribuindo para a construção de eventos sustentáveis.

No ano passado e neste ano, também lancei um selo focado em ESG (Environmental, Social, and Governance), e um novo chamado CARBONO B com o compromisso de trazer a VERDADE sobre um dos assuntos mais importantes da atualidade.

Não comunicar entrelinhas, ruídos, ou sombras, mas mostrar a relevância de ser transparente em como comunicamos e como entregamos o que prometemos. É como ter um assistente que revela todos os truques, deixando o público sem dúvidas ou ilusões. Afinal, em um mundo onde tantas empresas se apropriam do jargão “NEUTRO”, “ZERO”, “FREE Carbono”, é essencial sermos transparentes e autênticos.

Precisamos estar comprometidos em mostrar a verdade, em vez de simplesmente ecoar termos vazios. Como Ursula Pachl, vice-diretora da organização europeia de consumidores BEUC, tão sabiamente observou, tais alegações de “carbono zero ou free” muitas vezes equivalem a “greenwashing” e são cientificamente incorretas.

Em suma, os selos sustentáveis não são apenas símbolos vazios de virtude, mas sim faróis de esperança em um mundo que enfrenta desafios ambientais e sociais sem precedentes. Eles representam a convergência entre lucro e propósito, onde o sucesso comercial é medido não apenas em termos de lucratividade, mas também em termos de impacto positivo no planeta e na sociedade. Ao adotar os selos sustentáveis, as empresas abraçam não apenas a responsabilidade, mas também a oportunidade de serem agentes de mudança em um mundo que tanto precisa.

Portanto, ao entrar no mundo dos “Selos Sustentáveis”, faça-o com os olhos bem abertos. Reconheça que, assim como em qualquer truque de mágica, há partes que permanecerão entrelinhas, e nem sempre a mágica é tão encantadora quanto parece. Porém, mesmo com os desafios e incertezas, os selos sustentáveis oferecem a promessa de um futuro melhor, onde a sustentabilidade e a responsabilidade são fundamentais para o sucesso e a prosperidade duradoura.

Rafael Vaisman é um empreendedor com mais de uma década de experiência no ramo de eventos. Desde 2013, liderou iniciativas inovadoras, incluindo a Ecohus, uma empresa especializada em projetos ecológicos. Atualmente, Rafael é o CEO da CarbonoB & We Stand, uma nova geração de biocréditos, e uma plataforma líder em soluções ESG para eventos. Com sua formação acadêmica, incluindo dois mestrados na Suécia e experiência internacional em organizações como o Banco Mundial, ISS, Fundo de Desenvolvimento do Canadá e Nova Zelândia, se tornou um especialista global em sustentabilidade e inovação. Rafael também é palestrante internacional, compartilhando seu conhecimento e experiência em todo o mundo.