Objetivo é discutir e propor recomendações de políticas públicas que apoiem o desenvolvimento do ecossistema de impacto e a estruturação do Sistema Nacional de Economia de Impacto, lançado no último dia 20 de junho pelo governo federal.
Por Mônica Linhares – Coordenadora de Comunicação do GAS (Grupo de Articulação Pró-Simpacto)
Nos próximos dias 10 e 11 de julho, Belém do Pará sedia o I Fórum Norte de Investimentos e Negócios de Impacto – Etapa Pará, integrando a programação da 76ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). O evento abre o debate entre governos e sociedade civil para a proposição de políticas de impacto socioambiental positivo que contribuam para impulsionar uma economia mais inclusiva e regenerativa na Região, especialmente no Estado do Pará, angariando propostas para a estruturação do Simpacto – Sistema Nacional de Economia de Impacto, lançado pelo governo federal no último dia 20 de junho.
O Fórum é um espaço de construção coletiva social e política que busca articular inovação e impacto para fomentar a construção participativa de políticas públicas que fortaleçam o ecossistema de impacto no Pará e que apoiem a solução de problemas sociais e ambientais por meio do empreendedorismo de impacto. O encontro reúne dezenas de integrantes do ecossistema – empreendedores, governos, aceleradoras, incubadoras, empresas e apoiadores em geral – com o objetivo de promover recomendações de políticas públicas para o desenvolvimento dos negócios de impacto e a criação de um ambiente normativo favorável à multiplicação destes empreendimentos. O propósito é cocriar uma visão compartilhada de futuro e fomentar redes e inteligência territorial entre os diversos atores que compõem o ecossistema de impacto do Norte brasileiro.
O Fórum Norte de Investimentos e Negócios de Impacto é coordenado pela Coalizão pelo Impacto e pelo Grupo de Articulação Pró-Simpacto (GAS), com a parceria da ANDE e o apoio da Estratégia Nacional de Economia de Impacto – liderada pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Trata-se do segundo de uma série de Fóruns regionais previstos para acontecer até o final de 2024, fomentados pelo Grupo de Articulação Pró-Simpacto (GAS), movimento da sociedade civil que trabalha pelo fortalecimento do ecossistema de impacto no Brasil e pela estruturação do Sistema Nacional de Economia de Impacto (Simpacto), em colaboração com o Governo Federal, por meio da Estratégia de Economia de Impacto e do MDIC (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).Os Fóruns Regionais são encontros preparatórios para o Fórum Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, que ocorrerá em 2025, prevendo a proposição de recomendações para a estruturação do Simpacto – Sistema Nacional de Economia de Impacto.
O ecossistema de Impacto no Pará
A certeza de que é possível gerar transformações por meio de soluções que aliam impacto socioambiental a um modelo de negócios rentável vem mobilizando empreendedores, aceleradoras e incubadoras comprometidas em apoiar e qualificar esses negócios e investidores que estão redefinindo lucro e propósito em busca de maneiras mais efetivas de gerar impacto positivo na sociedade.
“Considero o Fórum uma oportunidade única para discutir diretrizes essenciais ao desenvolvimento sustentável da Região Norte e à estruturação do Simpacto , proporcionando um espaço valioso para a construção de encaminhamentos a serem levados ao Fórum Nacional”, afirma Antônio Abelém, coordenador da Coalizão pelo Impacto, organização que co-realiza o evento.
Segundo ele, o ecossistema de impacto no Pará, apesar de incipiente, começou a ganhar corpo. Desde 2023 a Coalizão pelo Impacto no Pará trabalha o desafio de levantar a agenda na região, a partir de oito dimensões: recursos humanos, organizações estruturantes, recursos financeiros, setor público, setor privado, organizações dinamizadoras, conselho local e cultura empreendedora. Atualmente, de acordo com Abelém, a rede ampliada da Coalizão envolve uma média de 500 pessoas e organizações,
“O nosso sonho é que o ecossistema de Belém reverbere para toda a Amazônia e se torne uma referência nacional e internacional em negócios e investimentos de impacto”, destaca o coordenador da Coalizão pelo Impacto no Pará.
“O resultado tem sido relevante. O ecossistema vem rapidamente se articulando. As universidades estão criando ações de impacto, as organizações dinamizadoras ganhando maturidade e alguns responsáveis pelas dinamizadoras tornando-se lideranças locais. O Sebrae tem dado mais atenção a esta pauta, assim como o poder público. É um movimento muito positivo de um ecossistema que caminha para o amadurecimento”, avalia.
Para o atual presidente da comunidade de inovação Açai Valley, Vitor Pinheiro Alves,a quantidade de novas empresas vem de fato aumentando significativamente. Fundada em 2013 como uma comunidade de tecnologia, a Açai Valley tornou-se em 2018 uma associação formal com a missão de fomentar o ecossistema de inovação no Pará.
De acordo com Vitor, a iniciativa congrega em média mil pessoas no Pará, e outras 200 fora do Estado. Ele contabiliza cerca de 400 startups associadas, sendo 80 com características de negócios de impacto. “Muito do nosso trabalho é educar aqueles que ainda não conhecem de inovação, aproximar os que têm mais maturidade dos que têm menos maturidade, gerar eventos, trazer investidores para pequenas empresas, em suma, conectar o ecossistema para permitir apoios mútuos e pessoas que possam agregar”, explica.
Negócios de Impacto: um novo modelo de empreendedorismo
A empreendedora de impacto Joanna Martins considera que não faz sentido desenvolver negócios na região Norte se estes não forem de impacto. CEO e fundadora da Manioca, que atua no segmento da alimentação, ela também participará do Fórum Norte de Investimentos e Negócios de Impacto. “Nós temos uma região muito preservada, apesar de toda a pressão para destruí-la. Se a gente não desenvolver negócios de impacto, vamos destruir todo o ecossistema preservado que temos e não apenas nós iremos sofrer as consequências, mas o mundo todo, por conta do desequilíbrio climático”, opina Joana.
“A Manioca nasceu em 2014 como um negócio de impacto sem eu nem saber que esse modelo de negócios existia”, destaca Joana Martins, paraense, fundadora e sócia-diretora da Manioca.
A empreendedora avalia que o conceito de negócio de impacto ainda não está bem estabelecido na região, mas que há avanços significativos em políticas públicas na área de bioeconomia.“Dentro do plano de bioeconomia do Estado já temos uma grande frente de fomento e se fizermos pequenos ajustes nos empreendimentos da bioeconomia, estes já poderiam se tornar negócios de impacto”. Para Joana, o negócio de impacto deve ser o modelo padrão de empreendedorismo na Amazônia.
“É preciso entender o quão complexo e desafiador é estar e atuar na Amazônia, não só nos termos do custo Amazônia. Não somos uma Amazônia, somos muitas Amazônias. Tem a Amazônia urbana, a da Floresta, as várias Amazônias que se distribuem em uma grande extensão territorial com múltiplas particularidades e vocações. O desafio atual é mostrar ao mundo estas potencialidades a partir das nossas próprias narrativas, sendo sujeitos de nossas histórias e reforçando a importância de pensarmos na construção de uma economia sustentável, equitativa e justa.”
A Casa Sete é uma organização dinamizadora fundada em 2017 que cria, cocria e implementa projetos de inovação social conectados com a realidade amazônica, pessoas e territórios. Nos últimos cinco anos trabalhou com duas mil mulheres, fomentando o empreendedorismo feminino e periférico e desenvolvendo soluções para micro e pequenas empresas distribuídas na Amazônia Legal. O objetivo de Jana é fortalecer o ecossistema local a partir da conexão e da democratização do acesso ao conhecimento empreendedor.
Ela também considera fundamental fortalecer o ambiente regulatório para assegurar a prosperidade do ecossistema. “Nós não temos nenhum tipo de incentivo fiscal, em nível tributário. Aqui no Pará é preciso trabalhar um olhar diferenciado para o empreendedor de impacto, porque esse olhar ainda não existe, não temos tantas oportunidade de acesso a recursos, crescimento e desenvolvimento para potencializar nossa atuação local. É preciso nos fortalecermos como ecossistema, com políticas públicas voltadas para os empreendedores de modo mais amplo, trabalhar juntamente com os negócios de impacto valorizando a sua contribuição para a superação de desafios socioambientais na Amazônia”, destaca.
O Sistema Nacional de Economia de Impacto
O projeto do Simpacto vem sendo gestado desde 2021 no âmbito da Enimpacto e do Grupo de Articulação Pró-Simpacto (GAS). Tem a sua implementação relacionada ao quinto eixo de atuação da Estratégia, que prevê a articulação Interfederativa com estados e municípios no fomento à economia de impacto. Um dos objetivos do Simpacto é conectar os atores do ecossistema de impacto à Agenda 2030 da ONU, ao mesmo tempo em que se articula o setor público em nível federal, estadual e municipal, com o intuito de fomentar mecanismos de incentivo favoráveis ao desenvolvimento sustentável e inclusivo do país.
“Trata-se de um movimento para fomentar o ecossistema de impacto e conectar todos os Estados do Brasil a uma mesma agenda de transformação socioambiental positiva, promovendo um ambiente institucional favorável e harmônico, em todos os níveis e unidades da Federação”, destaca Aron Belinky, consultor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para a Enimpacto.
No Brasil, já são dez os Estados brasileiros com legislação própria para alavancar o ecossistema de impacto. Além disso, há várias novas iniciativas sendo promovidas em âmbito estadual e municipal para o desenvolvimento de marcos regulatórios. Os objetivos previstos nessas normas se relacionam aos principais desafios enfrentados pelos empreendedores sociais: conseguir financiamento, encontrar espaços em que possam estabelecer conexões com outros empreendedores para trocar conhecimento e experiência e com outros atores como instituições públicas, empresas privadas e instituições do terceiro setor, o desenvolvimento e divulgação de indicadores de avaliação que indiquem a viabilidade social e econômica de seus modelos de negócio e superar as barreiras regulatórias do ambiente de negócios.
Leia também: MDIC instaura Sistema Nacional de Economia de Impacto
A instauração do marco regulatório vem sendo acompanhada da estruturação de coletivos no âmbito do GAS e comitês estaduais de investimentos e negócios de impacto, que devem ir paulatinamente se vinculando à estrutura do Sistema Nacional de Economia de Impacto. No último dia 20 de junho, o Simpacto foi lançado pelo governo federal com a instituição do Acordo de Cooperação Técnica entre os Estados do Rio Grande do Norte e Alagoas.
Programação do Fórum
O debate e proposição de recomendações para o fortalecimento do ecossistema de impacto no Pará será norteado pelos cinco eixos de atuação da Estratégia Nacional de Economia de Impacto – aplicados à realidade da Região Norte – e de perguntas orientadoras sobre a estruturação do Sistema Nacional de Economia de Impacto. Os dois dias do Fórum Norte de Investimentos e Negócios de Impacto integram a programação da 76ª Reunião da SBPC, que acontece na Universidade Federal do Pará.
A participação é restrita ao público envolvido em temáticas de políticas públicas, impacto socioambiental positivo e inovação, integrantes de universidades, startups, governos e de pessoas e organizações com atuação no ecossistema de impacto do Pará e Estados da Amazônia Legal.
Se você faz parte do ecossistema de impacto na Região Norte e quer apoiar o desenvolvimento do ecossistema de impacto da região, inscreva-se no GAS NORTE (Grupo de Articulação Pró-Simpacto da Região Norte) no seguinte formulário de acesso: https://curt.link/GAS-INSCRIÇÕES-ABERTAS
Serviço
Dia 10 e 11 de Julho – Universidade Federal do Pará
Programação Provisória: https://drive.google.com/file/d/1_PTcARG6x8NzxdMgbfqAXs2ilU32pCHT/view
Contato: Mônica Linhares -Coordenação de Comunicação Grupo de Articulação Pró-Simpacto (GAS)
E-mail: simpactocomunica@gmail.com – Fone (21) 99281289