A Plataforma Braille, voltada para otimizar a transcrição e adaptação de livros para o formato braille, entra na sua primeira fase de implementação, que vai permitir agilidade e eficiência nos processos
*Foto de capa: Site/Fundação Dorina Nowill
A Fundação Dorina Nowill para Cegos, referência em inclusão social de pessoas cegas e com baixa visão, tem desempenhado um papel fundamental na promoção da inclusão e acessibilidade para pessoas com deficiência visual. A Fundação, que possui uma das maiores gráficas braille em capacidade produtiva da América Latina, teve a implementação, em novembro de 2023, de uma plataforma que tem como principal objetivo potencializar a editoração dos materiais em braille.
A Plataforma Braille foi implementada para resolver, de maneira eficaz, o desafio de integrar as habilidades de transcrição em braille com as de diagramação, utilizando ferramentas intuitivas, similares a softwares populares de processamento de texto. O projeto tem como meta principal aumentar a eficiência da equipe editorial, resultando na ampliação do potencial de acessibilidade por meio da produção mais ágil e do acesso a uma variedade crescente de títulos.
O Ecossistema Braille já contribuiu com a transcrição de mais de 120 títulos didáticos, na etapa de linearização, fase inicial do processo de produção. Com o uso da plataforma, a expectativa é elevar a capacidade de produção editorial de 20 mil para 60 mil páginas por mês, em média.
“O interesse na alfabetização em braille, que cresce a cada dia, destaca a importância desse sistema para a autonomia e inclusão social das pessoas cegas, além de impulsionar a inclusão educacional e cultural. O projeto da Fundação desempenha um papel significativo nesse avanço, facilitando o acesso a materiais capazes de promover o desenvolvimento da leitura tátil”, comenta Bárbara Carvalho, Coordenadora de Produção Acessível da Fundação Dorina.
Comprometida com a educação inclusiva, a Fundação Dorina Nowill para Cegos concentra seus esforços na produção e disponibilização de livros didáticos em braille, visando atender às necessidades específicas desse público. A Fundação tem como meta que, até 2025, todos os estudantes cegos e com baixa visão tenham acesso imediato aos seus livros no primeiro dia de aula.
Inteligência artificial a serviço da inclusão
Segundo informações de Luiz Alexandre Souza Ventura no Portal Terra, a plataforma foi desenvolvida exclusivamente para a Fundação Dorina pela CodeBit, empresa de tecnologia em nuvem que atua principalmente no terceiro setor.
Ítalo Martins, gerente de projetos de TI e sócio da CodeBit, explica que ao realizar o upload de um arquivo PDF, o sistema de inteligência artificial efetua a leitura completa do conteúdo, resultando na entrega de um novo arquivo. O processo é desencadeado pela ativação de vários motores, cada um encarregado de executar diversas funções, sendo a linearização a etapa inicial do processo de conversão para braille. A ferramenta entrega inclusive a descrição das imagens.
Na sequência, o arquivo é editado por um especialista da Fundação Dorina e novamente submetido à Plataforma Braille. Em síntese, a integração na Plataforma Braille unificou um processo que anteriormente era conduzido de maneira separada, eliminando a necessidade de realizar a cópia e colagem do conteúdo do PDF no Braille Fácil. Esse avanço também aboliu a etapa de limpeza do material, bem como a exigência de descrever individualmente cada foto, gráfico, ícone e outras imagens.
A projeção de produção na gráfica para 2024, considerando vendas comerciais, PNLD e Projetos internos, está em cerca de 11 milhões de páginas impressas. Contudo, com os avanços da plataforma, a Fundação já considera atingir cerca de 14 milhões.