Opinião

O papel das redes na mudança social

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É uma alegria inaugurar minha participação no Impacta Nordeste falando sobre redes. Na verdade, eu diria que estou duplamente feliz, porque também me deixa muito animada contribuir com um portal que amplifica a voz dos empreendedores sociais nordestinos e das iniciativas que beneficiam e transformam a região.

Aliás, indo direto ao ponto, o Impacta Nordeste, por si só, já é uma aula de atuação em rede. Mas vem cá, vamos entender melhor o que isso quer dizer?

Para iniciar, no meu entendimento e experiência, a conceituação simples e direta de rede:

união e articulação entre diversas organizações, movimentos e coletivos em prol de uma causa ou objetivo comum.

Esse tipo de atuação cresceu bastante na última década, sobretudo porque as ONGs precisaram (precisam) encontrar novas formas de cumprir suas missões e, em especial, garantir sustentabilidade.

Dos meus 12 anos de vivência com projetos sociais, pelo menos os últimos 7 têm sido dedicados à participação, criação e/ou articulação de redes nacionais e internacionais, a exemplo da Rede Esporte pela Mudança Social (REMS), que reúne mais de 120 organizações que acreditam no esporte como fator de desenvolvimento humano. Uma das contribuições da REMS é trabalhar pela manutenção do Conselho Nacional do Esporte, o aprimoramento da Lei de Incentivo ao Esporte, o aperfeiçoamento do Sistema Nacional do Esporte e a aprovação do Plano Nacional do Desporto, como podemos conferir no documento elaborado e entregue à Presidência do Brasil.

Outra rede que posso destacar, também com atuação no esporte só que dessa vez a nível mundial, é o Sport for Development (“Esporte para o Desenvolvimento”, em português), iniciativa do governo alemão por meio do seu Ministério Federal da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento (BMZ), cuja finalidade é contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) por meio do esporte. Nessa perspectiva, entre 2012 e 2018, no Brasil, a cooperação alemã investiu milhões de euros no desenvolvimento de metodologias, projetos e grupos de trabalho com ONGs, educadores e governos locais, com destaque para a “Comunidade de Aprendizagem de Futebol para o Desenvolvimento” e o “Treino Social” (ambas experiências podem ser acessadas aqui).

E, para não ficar somente no tema do esporte, apresento a RMIG – Rede Meninas e Igualdade de Gênero, que mantém sua atuação com foco na promoção da igualdade de gênero no nosso país e que promove, especialmente, os direitos das meninas e a sua participação ativa nos processos de mudança para a construção de uma sociedade livre de violências, discriminações e desigualdades.

Como podemos ver, as redes exercem diferentes papeis no que diz respeito à mudança social: defesa dos direitos humanos e promoção da inclusão social, cooperação técnica e fortalecimento institucional, advocacy e políticas públicas, desenvolvimento de metodologias e estratégias pedagógicas, para citar alguns.

Concluindo, posso dizer que é muito rico e estimulante o trabalho em rede. Se você ou a sua organização ainda não estão envolvidos nesse tipo de atuação, os encorajo a pensar sobre. São diversas as redes espalhadas pelo Brasil, atuantes em diferentes formatos e propósitos (e que podem ser conhecidas também por outros nomes, como aliança, coalização, programa, plataforma ou comunidade). Por outro lado, se você já é integrante de alguma rede, o convite é para que seja um membro atuante, propositivo e cooperativo; porque não bastar estar, é preciso participar ativamente, criando as condições necessárias para a mudança social.

Daiany França é cearense, mulher negra, gestora de projetos sociais e empreendedora. É fundadora do Instituto Esporte Mais, gerente do projeto e rede Construindo o Futuro e mestranda do Programa de Pós-graduação em Mudança Social e Participação Política da USP.

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