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Plataforma permite identificar vulnerabilidades das regiões brasileiras à mudanças climáticas

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Plataforma ClimaAdapt é 100% automatizada e visa apoiar a identificação de vulnerabilidades relacionadas a eventos climáticos extremos

*Foto de capa: Dênio Simões/MIDR

O Brasil deu mais um importante passo na mitigação e adaptação às mudanças do clima com o lançamento realizado no último dia 3 de abril, na ENAP, em Brasília, da Plataforma ClimaAdapt, desenvolvida em parceria pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e a Microsoft do Brasil. 

A iniciativa foi realizada com o apoio da Elo Group, responsável pelo desenvolvimento e implementação da solução. A plataforma é 100% automatizada e utiliza dados públicos e disponíveis nos órgãos que trabalham diretamente ou indiretamente com a agenda de mudanças do clima. Com base nessas informações, a plataforma apresenta um mapa, com precisão de 100 metros, que permite identificar vulnerabilidades específicas das regiões brasileiras aos eventos climáticos extremos. 

Trata-se de um sistema extremamente inovador, simples, intuitivo e visual, que permite a análise da vulnerabilidade de todo o território brasileiro e seus habitantes aos eventos climáticos extremos ocasionados em decorrência das mudanças do clima. São classificadas como vulnerabilidades as características específicas ambientais, sociais e climáticas de um terreno que fazem com que ele seja mais suscetível ou não aos impactos adversos do clima. 

“Entender a vulnerabilidade às mudanças do clima é importante para compreendermos melhor os riscos que a população está exposta quando há ocorrência de chuvas extremas, depressões tropicais, ciclones extratropicais, secas severas e outros eventos climáticos extremos e assim desenvolvermos uma resiliência climática”, destaca o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “A compreensão do risco e da vulnerabilidade ajuda a nos adaptarmos às mudanças no clima, que já estão acontecendo e sendo recorrentes, ajudando assim a direcionar melhor os recursos públicos e as ações e programas no sentido de prevenir e mitigar os impactos extremos das mudanças do clima”, completa. 

Plataforma apresenta um mapa, com precisão de 100 metros, que permite identificar vulnerabilidades específicas das regiões brasileiras aos eventos climáticos extremos (Fonte: Plataforma ClimaAdapt)

A Plataforma ClimaAdapt incorpora, até o momento, 15 camadas de informações que podem ser analisadas individualmente ou em conjunto. O modelo final contempla a sobreposição de camadas de vulnerabilidades específicas, como tipos de solos, declividade do terreno, PIB per capita e IDH, entre outras informações. 

A ferramenta permite a futura inclusão de novas camadas, além da atualização das já existentes. “Também é possível incorporar camadas com pontuação negativa à escala, indicando as intervenções humanas no sentido de reduzir as vulnerabilidades e promover a adaptação às mudanças do clima e o aumento da resiliência. Isso pode permitir com que a ClimaAdapt funcione também como uma importante ferramenta de avaliação de impacto de políticas públicas e de forma bastante visual”, destaca o diretor de Parcerias com o Setor Privado do MIDR, Paulo Alexandre de Toledo Alves. “A Plataforma permite, ainda, a inclusão de outras políticas setoriais além daquelas do MIDR, uma vez que a agenda de adaptação às mudanças do clima é extremamente transversal e carece de ações em todos os setores” complementa. 

A plataforma traz também dois modelos específicos, sendo um para o aumento do nível do mar em decorrência das mudanças do clima e outro para identificar trechos críticos de rodovias federais e estaduais para alagamentos e deslizamentos de encostas com alta declividade. Além do mapa interativo, no qual é possível aplicar efeitos de transparência às camadas selecionadas e identificar os pontos de maior vulnerabilidade específica, é possível analisar os dados técnicos por meio da ferramenta de PowerBI, em que podem ser gerados relatórios sobre as vulnerabilidades. 

“É uma ferramenta essencial para que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios brasileiros possam justificar e solicitar investimentos de fundos internacionais para a adaptação às mudanças do clima e redução de vulnerabilidades, como, por exemplo, o Fundo de Adaptação (em inglês, Adaptation Fund) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (em inglês UNFCC) ou o futuro fundo de Perdas e Danos (em inglês, Loss and Damage) do Acordo de Paris sob o mesmo guarda-chuvas da UNFCCC”, destaca Paulo Toledo. 

Nas últimas Conferências das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, foi observado um crescimento significativo da preocupação com a agenda de adaptação. Porém, pouco se evoluiu tecnicamente em relação a modelos mais abrangentes, metas de adaptação ou até mesmo nas definições sobre eventos climáticos extremos relacionados às mudanças do clima. Isso torna a Plataforma ClimaAdapt ainda mais essencial, uma vez que abre o caminho para a discussão da necessidade de fomento e análise das vulnerabilidades, visando o atendimento daqueles que mais precisam. 

“Na Microsoft, acreditamos que temos um papel relevante a desempenhar na defesa da sustentabilidade ambiental. O lançamento da ClimaAdapt, uma plataforma totalmente automatizada e que identifica vulnerabilidades relacionadas a eventos climáticos extremos em diferentes regiões do País, representa uma importante oportunidade de usarmos a nossa tecnologia para apoiar o desenvolvimento de soluções que impactem positivamente o planeta e a sociedade”, destaca a presidente da Microsoft Brasil, Tânia Cosentino. 

A Plataforma ClimaAdapt está hospedada inicialmente no site do MIDR. Porém, se trata de uma iniciativa técnica de Governo, visando atendimento à Política Nacional sobre a Mudança do Clima e apoio na implementação da UNFCCC e do acordo de Paris, o que ensejará uma estrutura de governança em estudo junto ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e à Casa Civil da Presidência da República. 

A estrutura de governança poderá aportar subsídios técnicos à plataforma e somará esforços para melhoria e amadurecimento da metodologia, incluindo, futuramente, as eventuais medidas adaptativas necessárias para a redução das vulnerabilidades identificadas. As medidas adaptativas visam contribuir para a redução das vulnerabilidades dos sistemas naturais, humanos, produtivos e de infraestruturas, às variações climáticas extremas correlacionadas ou não às mudanças do clima, e para o desenvolvimento regional sustentável a médio e longo prazo, de forma a aproveitar as oportunidades emergentes e evitar perdas e danos.