A Conferência Internacional sobre Adaptação Comunitária às Mudanças Climáticas será realizada pela primeira vez em um país latino-americano. Recife foi a cidade escolhida.
*Imagem de capa: Centro do Recife (Foto: Priscilla Melo @olhospretoss)
Em sua 19ª edição, a Conferência Internacional sobre Adaptação Comunitária às Mudanças Climáticas – CBA, ocorrerá presencialmente de 12 a 16 de maio, no Centro Cultural Cais do Sertão, no centro do Recife. O evento é coorganizado pelo Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED), o Governo do Estado de Pernambuco e o Instituto Clima e Sociedade (ICS).
A CBA19 reunirá profissionais, pesquisadores, doadores, representantes comunitários e de órgãos públicos, para debater soluções para a adaptação climática com foco nas comunidades mais vulnerabilizadas.
Este é o principal evento sobre questões ambientais realizado nos meses que antecedem a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP), que neste ano terá sua 30ª edição sediada em Belém (PA). A proposta é amplificar as vozes de representantes locais para que sejam ouvidas durante a COP30.
A CBA é um espaço para que representantes de comunidades locais compartilhem seus aprendizados e principais desafios no processo de adaptação à emergência climática, destacando tanto os obstáculos que ainda precisam ser superados quanto os avanços obtidos por meio de ações inovadoras desenvolvidas em suas próprias comunidades.
A conferência deste ano está organizada em torno de três temas complementares, definidos com base nas prioridades apontadas por líderes comunitários e que servirão como contribuição para a COP30. O tema central da CBA19 será: como podemos alcançar uma adaptação justa e equitativa? A partir dessa reflexão, as sessões do evento serão distribuídas ao longo dos três primeiros dias, cada um dedicado a um dos seguintes temas:
- Ressaltar as melhores ações de adaptação lideradas localmente, e as inovações e desafios emergentes nas comunidades representadas;
- Alcançar uma adaptação equitativa e justa para todos os moradores urbanos, incluindo aspectos da infraestrutura, informalidade e saúde;
- Destacar a importância das práticas e conhecimentos locais, e saberes indígenas de uso da terra, salientando a ligação do cuidado da natureza com o clima, para uma adaptação justa e equitativa.
As sessões temáticas foram concebidas para incentivar o diálogo e o intercâmbio de experiências entre grupos diversos. Um dos diferenciais da conferência é a inserção transversal de abordagens como justiça de gênero, antirracismo e decolonialidade em todas as pautas discutidas.
Além das sessões temáticas, haverá um ‘dia alternativo’, dedicado a visitas de campo a projetos e comunidades da região. No encerramento da conferência, será realizado um fórum de síntese, onde serão destacadas as principais mensagens discutidas em cada tema, com o objetivo de consolidar ações e direcionamentos a serem encaminhados à COP30 e a outros eventos futuros relacionados à pauta climática.
Para reduzir as barreiras linguísticas, a conferência será realizada em três idiomas: português, inglês e espanhol, e as sessões terão tradução simultânea, além de outros métodos para viabilizar a participação global.
Realizar o evento em Recife posiciona o Nordeste no centro do debate ambiental, especialmente por ser uma das regiões mais vulneráveis à crise climática, que se intensifica a cada ano. “Escolhemos sediar a reunião em Recife, e realizá-la antes da COP30, para tratá-la como um trampolim fundamental — tanto no Brasil quanto na América do Sul e internacionalmente — para levar as vozes, soluções e engajamento local de grupos e representantes comunitários, para serem ouvidas na COP”, afirmou Tom Mitchell, diretor-executivo do IIED.
Festival Clima de Mudança
Integrando a programação da Conferência, o Festival Clima de Mudança acontece no dia 14 de maio, a partir das 16h, no vão livre do Cais do Sertão. O evento convida o público a imaginar soluções concretas para a crise climática a partir da perspectiva dos impactos do clima na luta por moradia digna. Organizado pela Habitat para a Humanidade Brasil e pelo Centro Sabiá, o festival reúne feira da sociobiodiversidade com comercialização de produtos locais, apresentações culturais, rodas de conversa e uma exposição.
O evento contará com uma feira da sociobiodiversidade, para comercialização de produtos locais, apresentações culturais, rodas de conversa e uma exposição. A proposta do festival é ocupar o espaço público com soluções que já estão sendo construídas por comunidades e coletivos em seus territórios, através da cultura, da economia criativa e dos saberes tradicionais.
Confira Programação do Festival Clima de Mudança
16h Abertura
16h20 Cambinda Brasileira
17h30 Fala povo “Ideias para adiar o fim do mundo”
18h Forró Trio Regente
18h40 Fala povo 2ª rodada “Mais ideias para adiar o fim do mundo”
19h Coco Raízes do Coque
20h Encerramento
Para mais informações: https://www.iied.org/cba19-local-solutions-inspiring-global-action. Em caso de dúvidas sobre o evento, entre em contato pelo e-mail cbaconference@iied.org
Andrezza Araújo é Bióloga especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, consultora e auditora interna em sustentabilidade, CEO da Ecoetix, educadora e entusiasta de soluções que geram impacto positivo a natureza e a sociedade.
Andrezza faz parte da Rede Impacta Nordeste de Jovens Lideranças.