Opinião

Velhos hábitos + nova realidade = velho normal

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Hoje compartilharei um fato no mínimo curioso que vivenciei recentemente. Dizer que me chamou a atenção é pouco, por isso decidi compartilhá-lo como uma forma de inquietar e gerar ao menos uma reflexão sobre conservadorismo, adaptação e o “novo normal”.

Não é novidade para ninguém que a COVID19 chegou para sacudir todo o mundo. Estamos vivenciando uma pandemia global que afetou e continuará a afetar nossas vidas por um bom tempo. Recentemente, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhamon fez a seguinte declaração: 

“Todos nós queremos que isso acabe. Todos queremos continuar com nossas vidas. Mas a dura realidade é que isso não está nem perto de terminar. Embora muitos países tenham feito algum progresso globalmente, a pandemia está realmente acelerando” 

Tenho visto um inúmeras lives, textos e vídeos proclamando, alguns até profetizando, o que seria “o novo normal”. E sempre que ouço ou vejo algo assim, fico sempre pragmático e refletindo sobre esse “novo normal”. 

Que o mundo está mudando numa velocidade incrível, não é novidade. Nunca experimentamos, enquanto sociedade, um ritmo tão acelerado e frenético. Isso, por si só, não dá muito oportunidade de tentar planejar ou prever as mudanças. Neste contexto de incertezas, principalmente por conta da pandemia e seus impactos, muitos segmentos estão se reinventando e se adaptando a essa nova realidade. Eu diria que estão sendo forçadas a rever velhos paradigmas e inovar. 

E é aqui que entra o curioso caso que presenciei. Minha sobrinha, está no ensino fundamental, numa escola particular. Com a chegada da Pandemia, quarentena e distanciamento social o segmento de educação foi o que mais sofreu. Imagine, você dono(a) de uma escola particular em que numa sala eram alocados 30 alunos e agora nesse mesmo espaço, por conta do distanciamento social, só poderia alocar 15 alunos. Sem dúvida é um desafio enorme, não é? 

Pois bem, na escola da minha sobrinha, eles investiram pesado em educação à distância, o famoso EAD. Nenhuma grande novidade, afinal muitas escolas e universidades estão investindo em educação à distância para manter seus alunos e continuar educando. Mas, o que me chamou a atenção foi a exigência, REPITO EXIGÊNCIA, da escola para que todos os alunos estivessem fardados ao assistirem às aulas remotamente. 

É isso mesmo, fardados a moda antiga (calça azul, sapato branco e a farda com o logotipo da escola) para assistirem às aulas e caso não estivessem usando o fardamento, mesmo online e assistindo a aula, levaria falta na lista de presença. Juro que fiquei boquiaberto quando ela me falou isso. Imaginem, uma adolescente de 15 anos, tendo que sentar na frente do computador para assistir as aulas remotas toda uniformizada (a moda antiga) dos pés a cabeça. Uma adolescente que nasceu na era da tecnologia, da internet, do smartphone … etc. Ter que estar, obrigatoriamente, uniformizada para “aprender”.

A primeira coisa que me passou pela cabeça foi: “Ela só vai aprender se estiver de uniforme? Caramba, vou conseguir uma roupa de astronauta porque quero aprender sobre astrofísica”.  

Fico pensando em como as pessoas usam a palavra inovação para descrever muitas coisas e atitudes. Aposto que a escola da minha sobrinha deve ter chamado a migração para educação à distância de uma grande inovação, afinal deve ter sido um grande mudança de pensar para a escola. 

Não adianta se dizer inovador e manter a mente em velhos paradigmas. Inovar não é por uma roupa bonita… Inovar é repensar paradigmas e se abrir para novas experiências.

César Ricardo A. Barreto é Gestor de projetos sociais, Escritor, Mentor LifeProject, Co-Founder ONG. MBA CAPM® PRINCE2 Agile® PMDPro® PgMDPro®. www.gpsocial.com.br