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Autonomia financeira ajuda 48% das vítimas de violência doméstica a sair de relacionamento abusivo, aponta pesquisa

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Estudo anual realizado pelo IRME em parceria com o Instituto Locomotiva aponta que 34% das mulheres ouvidas sofreram algum tipo de agressão em relações conjugais. Ao empreender, 48% delas conseguiram sair desses relacionamentos abusivos

No dia 25 de novembro é celebrado mundialmente o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, com o objetivo de denunciar as múltiplas formas de violências contra as mulheres, exigir a criação e implementação de políticas públicas, além de mobilizar a pauta entre governo e sociedade, para a erradicação destes números em todo o mundo.

A violência contra a mulher, infelizmente, ainda é uma realidade cruel no nosso país, como comprova os dados de uma pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e divulgada em junho de 2021, que apontou que uma em cada quatro mulheres acima de 16 anos haviam sofrido algum tipo de violência no último ano no Brasil, durante a pandemia de Covid.

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Isso significa que cerca de 17 milhões de mulheres (24,4%) sofreram violência física, psicológica ou sexual no último ano. A porcentagem representa estabilidade em relação à última pesquisa, de 2019, quando 27,4% afirmaram ter sofrido alguma agressão. Desse total, 25% apontaram a perda de renda e emprego como os fatores que mais influenciaram na violência que vivenciaram em meio à pandemia de Covid-19.

Ainda segundo o FBSP, em meio ao isolamento social, o Brasil contabilizou 1.350 casos de feminicídio em 2020 – um a cada seis horas e meia. O número é 0,7% maior comparado ao total de 2019. Ao mesmo tempo, o registro em delegacias de outros crimes contra as mulheres caiu no período, embora haja sinais de que a violência doméstica, na verdade, pode ter aumentado.

Independência financeira X Relacionamentos abusivos

O Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) realizou a 6ª edição de uma pesquisa anual, estudo exclusivo e de referência no Brasil, que aborda temas do universo empreendedor feminino e traz ainda perspectivas sobre o perfil dessas mulheres e a relação com seus negócios.

A pesquisa revelou que 34% das mulheres ouvidas sofreram algum tipo de agressão em relações conjugais e apontou que, ao empreender, 48% delas conseguiram sair desses relacionamentos abusivos e até violentos. 

De acordo com Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede e do Instituto Rede Mulher Empreendedora, o estudo confirma o sentimento evidente das mulheres que empreendem. “De forma geral, as mulheres se sentem mais independentes, confiantes e seguras quando têm uma geração de renda própria, permitindo que ela mude sua condição dentro de relacionamentos abusivos”, afirma.

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Os números comprovam que a independência financeira auxilia muitas mulheres a se libertar de relações tóxicas e que o empreendedorismo feminino vai muito além da geração de renda. A pesquisa também revelou que 81% das mulheres consultadas concordam que empreendedoras têm mais autonomia na vida, e por isso são mais independentes em suas relações conjugais e 72% avaliam que são totalmente ou parcialmente independentes financeiramente.

As principais dificuldades citadas pelas empreendedoras são: a venda dos produtos e serviços; e o acesso a recursos financeiros e crédito. “Mesmo com autonomia e independência financeira, as mulheres ainda têm dificuldade em conseguir acesso a crédito. 47% das empreendedoras que participaram da pesquisa e que solicitaram crédito tiveram seus pedidos negados. Essa conta não fecha, não é mesmo?”, explica Ana.

Ciente dessa realidade, o Instituto Rede Mulher Empreendedora lançou o programa “Ela Segura”. A iniciativa vai ajudar 50 mil mulheres em todo Brasil que estejam passando por situações de fragilidade social como a violência doméstica.

O programa oferece capacitações pessoais e técnicas para auxiliar as mulheres a desenvolver atuais ou novos negócios por meio de conhecimentos como: administração financeira, comunicação pessoal e nos negócios, fundamentos de empreendedorismo, empregabilidade, marketing, desenvolvimento comportamental, autoconfiança, comunicação pessoal, entre outros temas. Se no meio do processo você entender que empreender não é o melhor caminho para você, os conteúdos também vão lhe ajudar a se reposicionar no mercado de trabalho ou conquistar outras formas de atividade remunerada.

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O programa também oferecerá para mais de 2.500 mulheres selecionadas um auxílio alimentação no valor mensal de R$ 110 durante seis meses. Além disso, 160 negócios receberão um aporte financeiro de R$ 3 mil e acompanhamento técnico para o desenvolvimento desses negócios.

Todo o conteúdo será ministrado em formato digital, inclusive por whatsapp, para quem tiver dificuldade em acessar um computador. Se você é ou conhece uma mulher que quer empreender ou está buscando se inserir no mercado de trabalho, não fique de fora! As inscrições podem ser feitas no site https://elasegura.com.br/.